20080722

A Terra Prometida

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Pela correria que nestes Andes de sombra amainado pelas polainas do Sotavento, vou indagando aqui onde o meu coração entra no ocaso e na Aurora, pelo nome da Floresta que não chega a vir.

Sorriso que de têmpora embala, no orgulho automático do esquecimento vou vogando na saudade de Outrora, a delicadeza de um concentrado fingimento.

Pela rua de trenó desguarnecida
Pela paz que copula com o silêncio
Dou por ti tão só e vencida
pela vida
tão só de tão prudente.

Bates no peito como investida,
arrogante como só ele pudera, sou eu que de acordo
como estás vestida
te cheiro a vulva com sabor a Primavera.

A noite suavemente cai, como gotas nebulosas de nevoeiro
eu nas borbulhas do teu rosto me perdendo vou, adormecendo na pele lascada
que torneia as unhas dos teus dedos.
A Luz entra ginasta pelas janelas como presságio do dia que agora finda...
no toucador oráculo ao asseio cosmético,
cama tua local de copulação dormida
e do meu patético.

Teu rosto bonito, mas quanto queria não vê-lo
Após o equinócio passa a razão de eu ali estar, como sopro de cotovia
Vou nestes dias de deserto transitando
entre a angústia e o desespero
sem querer pensar no que faço, só para esquecer quem tanto quero
e tanto perdi um dia.

21 Julho de 2008

20080708

Feios Porcos e Naus



Quero mesmo esquecer-me de mim e de tudo o que existe, seja através de vinhos seja através de outros corpos.
Tudo o que me afaste da ideia a verdade que te foste embora.
Quando partir, o que mais quero é encontrar-te.
Sinto a tua falta, e só agora sei que me sentia completo ao pé de ti.
Fiquei desorientado, no deserto mais árido que aquele em que pensava estar.
Sem rumo, sem nau, nada me carrega a não ser o amor às letras que de novo redescubro, além do apego às sílabas do teu nome.

Viajo pelos corpos e espíritos de outras mulheres, sem critérios que não sejam a imersão no esquecimento.
Ela foi-me proibida e nada mais pensei senão em quebrar a proibição.
Quebrei e dormito no seu leito. Sazonalmente...
Muito bem se mexe ela.
Há ginásticas que nada têm a ver com a alma, e a minha lentamente vai apodrecendo.

V de Vi



Havia avisado de que assim que a visse não lhe falaria, encostaria meus lábios nos dela.
Que grande par de mamas.
Tomaram muitas miúdas de vinte anos terem o corpo como o dela. Agradou-me ter quarenta anos, ser de Cabo Verde e desejar alguém dentro dela, ou quem sabe nas suas órbitas.
Faltam-me três países para correr os PALOP todos.
Havia recambiado a filha não sei para onde.
Casa de desempregada sazonal, saudou-me com velas, uma cama branca coberta de pétalas escarlate de rosas.
Muito calma muito meiga a falar. Calma em tudo.
Calma demais digo eu.

Brisa Frígida



Veste-se com denodo pela moda que regendo vai.
Nas ambas vezes se sabe vestir e arranjar. Assenta-lhe bem qualquer roupa que coloque.
Por outro lado, espreita por entre os anacrónicos olhos, o olhar magoado de cachorrinha assustada. É angolana com uma pele um pouco mais escura que a minha.
As primeiras leis do jogo foram :'1-Penso noutra pessoa e 2-Sou bissexual.'
Beijámo-nos, na esplanada do restaurante com as melhores francesinhas de Lisboa, gerido por uma família de chineses.
Estou-me a cagar para isso, quero lá saber das tuas preferências. Já me bastam os meus desejos e fantasias. Quero é comer-te impregnar-me de ti, cheirar-te, engolir-te e perder-me em ti, tu não contas para nada, és só o meio onde me quero perder para depois me encontrar.
Quero é saber a que sabe o sabor da tua língua.Quero é afogar-me na tua carne como um porco com cio que se rola na estriqueira.
De noite na Expo deixei-me inibir com os cabróes dos pescadores mirones que insistem em passar mais tempo a olhar para dentro dos carros que ordeiramente pastam no pontão de cimento o salubre encosto dos corpos, que a aflição dos peixes presos pela vida na ponta de um anzol.
Noto-lhe pequenos triunviratos de pelos nas auréolas dos mamilos, e logo a minha incontinência judicativa nota o contraste entre a atenção que demonstra na roupa e descura no corpo. Deve doer arrancar pelos dos mamilos.
Detenho-me a notar com agrado a diferença de cor da minha carne branca e do auréolo de chocolate que me acolhe ignoto e molhado.
Olha para mim como se eu a estivesse a foder. Vinte e quatro ou vinte e seis anos, quem gosta de mulheres não se deixa impressionar com homens em cima. Dei por mim no regresso a casa a cheirar o cheiro de sua vulva nos meus dedos espalhado, como sempre, algo estremece no fundo de mim, espreitando-me algo daquilo que apenas aparenta ser.
Dei por mim no seu quarto. No quarto da mulher que eu esperava ser uma bomba, mas deparei-me com o Nemo na cama e golfinhos pululando pelas paredes. Senti-me no jardim da Celeste, quando entrei nela cruzou os braços em protecção, e fico sem saber qual de nós dois está mais próximo do poço da patologia.