tag:blogger.com,1999:blog-387225582024-03-08T09:19:41.901+00:00Viúva ProfissionalRelato desfile das minhas MulheresUnknownnoreply@blogger.comBlogger20125tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-87343546227999451602013-05-23T23:59:00.000+01:002013-05-23T23:59:05.249+01:00Aspiro<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<object width="320" height="266" class="BLOGGER-youtube-video" classid="clsid:D27CDB6E-AE6D-11cf-96B8-444553540000" codebase="http://download.macromedia.com/pub/shockwave/cabs/flash/swflash.cab#version=6,0,40,0" data-thumbnail-src="http://img.youtube.com/vi/MV_3Dpw-BRY/0.jpg"><param name="movie" value="http://youtube.googleapis.com/v/MV_3Dpw-BRY&source=uds" /><param name="bgcolor" value="#FFFFFF" /><param name="allowFullScreen" value="true" /><embed width="320" height="266" src="http://youtube.googleapis.com/v/MV_3Dpw-BRY&source=uds" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true"></embed></object></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como soluço chorado no peito da noite espreito a janela do
teu quarto onde desejava estar a fazer amor, a macerar o meu corpo em espasmos
que me esgotassem de dentro para fora, e poder em paz poder falar de amor sem o
esperma a pressionar-me as têmporas.</div>
<div class="MsoNormal">
Limito-me a beber a chuva que recolho no meu rosto através
das arestas que culminam nos meus olhos apontados para teu quarto. Deixei-te
num pilarete um livro com meses de confissões para nós enrolado em plástico
para proteger da chuva que teima em querer desfazer qualquer papel testemunha
da minha obsessão por ti.</div>
<div class="MsoNormal">
Horas acompanhado pelos cigarros que não fumo a partir a
cabeça a tentar perceber um mundo que me interpela e me espanta pela
complexidade que não se adivinha e me esmurra na cara sempre que parece que o estrangulo
com uma chave ao pescoço. Horas a confessar-me para ti em assuntos que te
passam ao lado como cometa profetizado no dia da morte de César e queimas tudo como um bando de folhas
murchas que varreste no jardim.</div>
<div class="MsoNormal">
Que lição me deu a vida nesse dia, a do eterno abismo entre
o meu mundo interior e o que morre fora de mim. Não entro mais em casa que não me convida, e
guardo quando consigo os labirintos da minha cave, apesar de o som que vem do
mundo chilreante me usar como caixa de ressonância para ampliar o próprio ruído
a que chama música.</div>
<div class="MsoNormal">
Passeio horas a lembrar as curvas do teu rosto os teus
cabelos louros e pretos, castanhos e como a minha mão caminha tacteando todas
as curvas do teu crânio e a ponta dos meus dedos sentindo a tua pele oleosa,
seca, quente ou com cadáveres de laca, massajando-te afagando-te, em carinhos
que achas infantis. </div>
<div class="MsoNormal">
Como rotundo fracasso, forço a minha entrada em
rectangulares sucessos adiados, que derivam entre abraços masculinos com
validade genética.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Caminho sozinho de mão dada na tua, pela noite junto ao rio,
com vento estival sussurrando na nuca, e um arrepio que pressagia o Outono, e
sinto que tal como as estações do ano, o tempo passa em ciclos de morte e
renascimento, e que nunca mais vou despedaçar meus lábios contra um jovem rosto
de coração destravado, morre dentro de mim como ampulheta sem gás as ilusões
que faziam bombear o entusiasmo que dava vida à vida, parecendo que vou
estagnar num ocaso lento sedento pelo último raio de sol.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Tanto procurei por
entender que a magia esboroa-se como fatia de pão quinzenal deserta de
entusiasmo por caminhos não trilhados e tempo para os trilhar.</div>
<div class="MsoNormal">
Onde encontrar outra viatura que acelere a fundo o pedal
para chocar comigo de frente num abraço de cuspo e suspiros já não podendo
adiar a distância que oprime, cessando a individuação, onde encontrar a refém
que me arranque da humanidade consciente que é sentir o seu desejo puro
cristalino directo e sem desculpas ou paragem nas boxes, alguém que sirva de
escolho para meu casco naufragar violentamente que sorva avidamente o que a
vida lhe dá sem a pretensão de controlar cada diástole e que seja como eu
humana, presa de si mesma e do pulsar que nos une a todos na carne e nos afasta
no espírito?</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Viras-me o traseiro que se aninha sob o abraço que te dou, e
logo a natureza me chama para o transe a energia teima em não morrer moribunda
fingida sob a indagação se sou eu uma ficção, ou se o mundo que me rodeia está
pejado de autómatos. </div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-61735763511603256752013-02-15T18:07:00.001+00:002013-02-15T18:07:32.997+00:00As SS - parte II<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/6PDmZnG8KsM?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
V</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Eu.</div>
<div class="MsoNormal">
Ambos os sexos estão sujeitos ao princípio de economia de
esforço.</div>
<div class="MsoNormal">
Ambos querem comer o melhor do bolo.</div>
<div class="MsoNormal">
O homem foi domesticado por uma sociedade em que a força e a
integridade morreram com a economia de serviços e foram transvestidas com o
espectáculo dos desportos e das telenovelas. Viu-se o masculino despojado do
seu poder negocial para com a vulva, o papel de protector, restando vender-se a
si mesmo de acordo com as regras de uma encapotada sociedade matriarcal. Arde
no altar da ninfa inflacionada, perdeu a parceira e ganhou a Senhora, vive
agora nos escombros da sua catedral de religião extinta e sente que há algo
mais fora da stationwagon e dos mocassins domingueiros, mas não sabe o que é no
meio de tanta ordem e drama que são o ruído que sua dona emana e ao qual foge
por abrigo em longos passeios de btt ao fim de semana, ou surf, ou vómitos em
traineiras de pesca ou jogos de bola ou serões no café afogado em álcool para
suportar o inferno da vida doméstica.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
O papel desonesto da ambivalência feminina é este,
esforça-se e desunha-se para controlar, subjugar o masculino através da vagina,
e ressente-se de o conseguir.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Durante a adolescência perdia-me em incompreensão pelo sexo
oposto, nas suas reacções, suas charadas, cheguei a acreditar que era eu o
inadequado. Surpreendia-me por não se jogarem as mesmas leis e fui enganado
como quase todos ao pensar que a vulva requeria técnica de toque em acordes
certos. Tornámo-nos calculistas pois não percebemos que estas regras
contraditórias e esta publicidade à existência da melodia do flautista de
Hamelin eram afinal a trapaça que nos levava ao afogamento no rio Weser.</div>
<div class="MsoNormal">
Foi a machadada final na nossa integridade, a troco de umas
pregas de carne.</div>
<div class="MsoNormal">
Alguns foram mais longe, como eu, no caminho para o fundo do
poço. Não desisti nem me contentei, enquanto não percebesse. Analisei os
métodos, tive de privar de perto com elas, trocar a análise delas para mim e de
mim para elas, e dei por mim a jogar com o mesmo jogo e mesmas armas, e não
gostei do que vi quando olhei para dentro. Vi alguém que se degradou por causa
do seu impulso para o erótico, e que acabou a jogar o eficaz mas sujo jogo da
sedução.</div>
<div class="MsoNormal">
É básico, implica perceber um pouco da mulher como uma entre
iguais, e não é que resulta?</div>
<div class="MsoNormal">
Tirá-la do pedestal, e perceber que a pila vale mais que a
vulva, afinal nascem mais mulheres que homens, morrem mais homens que mulheres
e o Y faz toda a diferença.</div>
<div class="MsoNormal">
Mas eu estava viciado, queria ir mais longe e conseguir
esfregar na cara das manipuladoras a plena compreensão das suas tácticas
básicas, ingenuamente querendo ser responsável pelo momento de catarse em que
se dariam conta da falácia do seu comportamento, e de que afinal as básicas são
elas.</div>
<div class="MsoNormal">
A mulher é ser fingidor que sente que é dor a dor que
deveras sente, já dizia o poeta.</div>
<div class="MsoNormal">
Como esfregar na cara qualquer coisa de que ela não se apercebe
nem concebe que o pacóvio homem lhe esfrega na cara? Como mostrar a um ser
hipnotizado pelo brilho, que por detrás da carne vem o esqueleto, se não temos
qualquer brilho para ela?</div>
<div class="MsoNormal">
Tenho tido uma sorte imensa nas relações que tenho tido,
quer nas boas quer nas menos boas, e percebi que quanto maior é a rodagem da
mulher por vários homens mais esquemas e estratagemas ela elabora. O objectivo
deste blogue é exactamente deixar aqui testemunho literário para que possa ser
útil a alguém pensar os temas das relações e da sociedade burguesa.</div>
<div class="MsoNormal">
Uso a minha personagem ‘Susana Pascoal’ como
epíteto desse universo complexo que é a teia que as mulheres tecem presas na
sua biologia.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
VI</div>
<div class="MsoNormal">
Su não nasceu assim. Nem ela nem So. Fizeram-se assim, ao
longo do processo de crescimento, no qual a figura do pai desempenha sempre uma
forte influência.</div>
<div class="MsoNormal">
Su quando a conheci esgrimava a sua auto estima com mancebos
do Quartel militar mais próximo, e com surfistas, com uns media a performance
física, e com os últimos a psíquica pois toda a gente sabe que os surfistas são
uns paz de almas. Vencer uns através de sessões de sexo extenuante e vencer
outros através de os conseguir levar ao ponto de ruptura emocional eram os
troféus que lhe permitiam mostrar a si e às amigas que era uma mulher,
desejada, emancipada porque fode como fodiam os ‘homens’.</div>
<div class="MsoNormal">
Diria Freud que era a ‘inveja do pénis’ mas não, era mesmo
um ressabiamento interiorizado por anterior desconsideração do pai. À sua
maneira a humilhação do homem compensava o abandono do seu pai que tanta
impressão lhe havia feito em criança.</div>
<div class="MsoNormal">
Quem fode industrialmente e é incapaz de sentimentos que não
superficiais corre o risco de se defrontar com o princípio de individuação de
alguém, ou por outras palavras alguém vai ficar chateado por ser usado nesta
vendetta contra o mundo.</div>
<div class="MsoNormal">
Era esse o prémio de compensação na fantasia dela. Largar o
cachopo sem lógica possível para o abandono, de forma a fazer que ele parta a
cabeça a perceber o porquê.</div>
<div class="MsoNormal">
Esta é uma das clássicas, a mulher sabe que o seu
comportamento ilógico é extremamente perturbador para o homem, que se deixa com
ela envolver emocionalmente, ele vai tentar perceber o mecanismo, e partir a
cabeça nisso. Motivado pela promessa de vulva e da dor da rejeição encontramos
aqui os dois estímulos eficientíssimos para a insanidade de quem se perde a
pensar no que elas pensam.</div>
<div class="MsoNormal">
Su tinha portanto uma lista imensa de traumatizados que
sentiam perder uma boa cona que comia homens e que portanto ao rejeita-los, os estava a colocar numa mesma
longa lista de fracassos, o que não pode ser pior para o sentido de
individuação de cada um.</div>
<div class="MsoNormal">
Duvido que Su elabore conceptualmente este mecanismo de
humilhação, mas usa-lo sabiamente, funciona e isso basta-lhe.</div>
<div class="MsoNormal">
So, a mulher dos cocainómanos lisboetas, funciona como modus
operandi semelhante, e mesmo registo.</div>
<div class="MsoNormal">
É um pouco mais ingénua apesar de ser igualmente hábil a
traçar plano de jogo. Percebemos o plano de jogo quando algo não faz muito
sentido e pensamos que pode haver de lucro e para quem em determinada situação.</div>
<div class="MsoNormal">
Todas as mulheres dão o litro nas primeiras relações
sexuais, é o anzol que fisga o cachopo para encontros futuros além de que a sua
auto imagem depende daquilo que acham que eles acham delas. Já o tinha notado
em Lu por exemplo, com a desenvoltura que me sabia a falso. É de certo modo
enternecedor. A desenvoltura de Su era diferente,
era descolhoadora, e se eu fosse um pouco menos experiente na altura teria
ficado impressionado. Su fodia o parceiro, no ponto de lâmina em que o tenta
submeter sexualmente. Grande parte dos homens só gostam de fazer sexo por
prazer genuíno, e as primeiras vezes nem corre bem por causa das perspectivas
de envolvimento emocional e ansiedade de performance.</div>
<div class="MsoNormal">
Su, estava condenada a sofrer as consequências da sua luta
contra o mundo.</div>
<div class="MsoNormal">
Como é que alguém chega a determinado tipo de comportamento
e depois o justifica? Através de tentativa erro experiência, dor e chico esperteza.</div>
<div class="MsoNormal">
O mais importante para a mulher é a sua auto imagem. Aquilo
que pensa de si não está radicado em profundas cogitações acerca da vida da
personalidade ou da metafísica dos vícios e da virtude. A mulher acha que é um
ser mágico contraponto ao homem que é dado a essas especulações meditativas, e
portanto o sol da fantasia é sempre mais paradisíaco que o frio deserto da contrição
reflexiva e portanto a mulher deixa a inteligência à superfície, ou seja, a
chico esperteza.</div>
<div class="MsoNormal">
Esperteza que se manifesta através da análise daquilo que vê
nos outros que a vêem a ela. Ou seja, é através do impacto que julga ver causar
nos outros que aufere se o que está a fazer está a resultar ou não. Se
determinado soutien cumpre o efeito de fazer o homem olhar, a ‘opinião’ dele
não é suficiente pois o pobre tolo olharia para qualquer soutien amparando
mamas. A opinião de outras mulheres iguais é sim valorizada pois elas
participam na mesma fraternidade que toca as mesmas notas no embasbacamento dos
homens, assim a mulher tende a dar mais atenção à opinião das outras e a
ostentar as suas conquistas para as outras ao mesmo tempo que para os homens,
mas no final, é a opinião delas que conta. O homem para Su funcionava então e
deste ponto de vista, como a sua parte de teatro representado para trocar
medalhas com So e com a outra que compunha este trio maravilha, e que haviam
partilhado não só um quarto em residência universitária, como mundividências e
tácticas de engate, numa amizade osmótica roçando pinos de competição, embora
as mulheres achem que a amizade feminina é bem mais pura que a masculina.</div>
<div class="MsoNormal">
O caminho para So estava asfaltado pela impressão em Su. A
heterodoxia da minha comunicação é o anzol que uso, que aliado à projecção de
que nem todos os homens são broncos adoráveis faz com que as manipuladoras se
atraiam como moscas por açúcar.</div>
<div class="MsoNormal">
O problema está em que não gostam nada de quem joga o mesmo
jogo sujo. Faz lembrar-lhes que jogam sujo, e que ainda não somos os redentores
do género masculino que elas estão à espera. Quando o encontrarem, se o
quiserem ver, vão passar por cima dele como fazem e fizeram com todos os
outros.</div>
<div class="MsoNormal">
Mas desengane-se aquele que pensa na alma feminina como
errante à procura da virtude perdida.</div>
<div class="MsoNormal">
No intimo desconfiam e admiram o homem íntegro, mas como
medem a inteligência dos outros pela capacidade para a astúcia e de enganar os
semelhantes, o homem franco que tenha o azar de ficar em suspenso por uma
destas mulheres é como disse, trucidado.</div>
<div class="MsoNormal">
Perdem-lhe o respeito assim que o corrompem (justificando a
sua confortável mundividência de que o mundo é corrupto e os sãos são doentes
porque limitados ao jogo interior de adesão à virtude) ou que o sentem
vulnerável.</div>
<div class="MsoNormal">
Um homem íntegro não dá luta a não ser se for para o
corromper. Por isso se mantém afastadas destes, por lhes lembrar o que não são.
Precisam mesmo muito de se sentirem inteligentes e a inteligência básica é essa
de conseguir dar a volta aos outros num jogo de charadas em que perde quem se
deixa colar.</div>
<div class="MsoNormal">
Su não tinha pretensões de qualquer pensamento aprofundado e
fundamentado sobre qualquer assunto. So tinha. Mas ambas partilham a mesma
aversão a citações, confundem-nas com manientas manifestações de erudição ou
submissão abjecta a palavras mortas. Nenhuma pensa que citar seja dar ao outro
a possibilidade de ver por si.</div>
<div class="MsoNormal">
Nenhuma se considera superficial, embora Suzi não tivesse
qualquer passatempo que não passar o tempo livre na praia a pescar surfistas.
So deleita-se na companhia de quem lhe prolonga a fantasia, o seu mundo de
Pollyanna, no qual a sensibilidade é exacerbada por documentários artísticos sobre
os males do mundo, ou no mundo de néon onde se perde o sono e a figura por
falta de descanso.</div>
<div class="MsoNormal">
Ambas utilizam o silencia como arma sempre que acham que é
eficaz. Su quando apanhada em falso, So quando acha que o peixe esticou a
corda.</div>
<div class="MsoNormal">
Paula usava o silêncio para sentir o conforto do imbecil que
se mantinha no séquito. Qualquer mulher se sente mais segura com um séquito com
o qual não tenciona foder. Só depois de um príncipe encontrado que corresponde
a uma ideia feita mas não assumida é que o amor surge, por definição prévia do
amável.</div>
<div class="MsoNormal">
Lembro certa vez Su vogando por casa nua de porta aberta
para toda a rua ver. Espreitou-me no cimo das escadas e me escondi mas sei que
ela me viu. E continuou nua descendo as escadas para a casa de banho sabendo
que eu lá estava e fingindo-se surpresa quando me viu e esperando uma crise de
ciúmes pelo que me ri.</div>
<div class="MsoNormal">
Su não respeitava as mulheres que por mim se revelavam
interessadas na altura. Para ela eram todas tansas. Porque eram todas pessoas
de boa índole e sem o grau de complexidade de manha que ela tinha e que achava
como assertivo de inteligência.</div>
<div class="MsoNormal">
Para Su, se era uma pessoa simples, era estúpida.</div>
<div class="MsoNormal">
Muita gente funciona assim, como critério e avaliação dos
outros. So foi a mais indigentemente ligada a este saloio modo de estar. Para
So, desprovida quase por completo de vida interior pois era incapaz de estar
sozinha sem documentários que a distraíssem de pensar, só o desconhecido ou o
semelhante eram dignos de ter brilho.</div>
<div class="MsoNormal">
Liga-me certa vez às tantas da manhã com uma conversa sem
sentido e frisando que estava bêbeda e acompanhada, a qual como depois
compreendi não era para mais que fingir um interesse revelado através da
desinibição alcoólica.</div>
<div class="MsoNormal">
Su também uma vez fingiu querer debater «O Nascimento da
Tragédia» pensando que assim me arrancaria da apreensão constante, mas quando
se apercebeu que eu era capaz de passar 30 minutos a falar sem pensar em sexo,
afinal, o seu terreiro, desistiu suavemente de conversas interiores. A melhor
forma que tens de perceber se a mulher que frequentas gosta de ti ou é apenas
mais uma pobre alma torturada, é falares-lhe daquilo que realmente gostas, e
vais ver que se ela gostar de ti, se cala e ouve até ao fim. As outras esperam
que te cales para continuarem a sua conversa.</div>
<div class="MsoNormal">
Umas escutam-te, outras esperam que te cales. Não abuses da
receita a não ser que a queiras entediar. Su por duas ocasiões revelou a frieza
da sua análise e por muitas mais exigia a minha entrega total, precisava de se
sentir vitoriosa. </div>
<div class="MsoNormal">
Uma foi quando do nada me revelou que achava que sabia
porque as mulheres se apaixonavam por mim e outra foi quando eu num carro com 3 mulheres ela incluída,
monopolizei a conversa mantendo toda a gente bem disposta, ela interpretou como
se eu precisasse de dominar as mulheres. Como dizia o amigo Freud, ao falar de
algo ou alguém revelamos muito sobre nós e que delicioso foi ver que a pobre vítima
do mundo era incapaz de um ‘momento de cumplicidade’ verdadeiramente sentido.</div>
<div class="MsoNormal">
E é esta a sua força e a origem da sua falta de carácter.
Não falo mal de nenhuma mulher em particular ou geral, apenas exprimo o
resultado das minhas observações.</div>
<div class="MsoNormal">
Portanto, não sei bem que pretendo com este texto. Nada
tenho mal resolvido senão as limalhas de entender que há uma semelhança nos
métodos, e que mulheres assim nunca serão de ninguém, estão cicatrizadas para a
vida.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-42586848112542869382013-02-15T02:44:00.002+00:002013-02-18T15:45:33.850+00:00As SS - parte I<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/-KVgUnPJVlY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
As SS</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
I</div>
<div class="MsoNormal">
Por
mais disparates que se pensem e passem a escrito, nunca a tolice ou o carácter
insondável do mundo darão descanso a pessoas que buscam constantemente
perceber, compreender.</div>
<div class="MsoNormal">
A partir das suas experiências e dos seus olhos tentam
primeiro vogar sobre a dúvida metódica e em idade adulta sobre a suspeita que
tudo passa a cobrir como manto verde de erva fresca.</div>
<div class="MsoNormal">
Não deixamos de procurar o tesouro ou a Hidra que nos
petrifica, seja a arrogância, a curiosidade genuína ou a mera ingenuidade que
nos motivem as velas enfunadas.</div>
<div class="MsoNormal">
Acredito que nada faz sentido se não for compreendido. Tenho
de compreender, mas como rabo de cão, sempre me foge a apreensão do fenómeno
observado, não apenas longe das minhas capacidades apreensivas, pois como luz
de vela sempre se pode dar luz a um quarto, e depois a outro e a outro deixando os anteriores na escuridão
assim que a luz deles de novo foge. Não, os quartos são sempre os mesmos e são
sempre outros, sempre feitos de paredes que nunca estão no mesmo sítio, que não
me deixam duvidar da minha razão, mas também não lhe dão muito brilho no uso da
sua luz. A procura de uma verdade inamovível com que virar o mundo, é também
cepa torta na minha vinha, pois com a mesma pressão sei que o mundo joga comigo
não se deixando apreender e que só através do meu pensamento esgravatando nas
frestas do paredão da barragem, posso ter a ilusão de ver a albufeira que se
adivinha por trás.</div>
<div class="MsoNormal">
Mas ouço sons, repetidos, que se tornam melodias. Reconheço
padrões geométricos e de cor, variações de temperatura na minha derme
assinaladas, cheiro aromas associados a outros estímulos, reconheço
encadeamentos de pensamentos como necessários, e choro sabendo que tem de haver
uma estrutura por detrás destas coincidências que se repetem.</div>
<div class="MsoNormal">
Tenho pesadelos à noite pensando que depois de tanto esforço
só vou chegar à mesma superfície daqueles que passam pelo mundo numa base de
imediato e tangível. Angustiado, não porque me sinta melhor que os outros mas
porque o apelo de chegar ao coração das coisas é tão forte quanto o corpo de
uma bela mulher que me faça latejar por uma celebração de vida.</div>
<div class="MsoNormal">
A minha vinha tem vinhas e uvas como as outras vinhas, bem
espremidas dão um entranhado mosto que irá parir um vinho, como parem os outros
mostos. Sei que as castas diferem, a poda e os adubos também, mas no final sai
ou vinho ou vinagre. Por melhor que se enxerte, depende da água que cai, e do
Sol que arde. Depende do sabor do vidro, e do palato do provador, e de tantas
outras estrelas que o que interessa mesmo é a vindima, pois só se sabe o valor da colheita depois de se tirar a
última rolha.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
II</div>
<div class="MsoNormal">
Adoro mulheres. Considero-as maravilhas da Natureza, poços
de força, e a maioria dos meus heróis são do sexo feminino. Mas que mulheres
são essas que motivam a escrita de meia dúzia de páginas de texto, de volta da mesma enxertia de sempre, da
mesma casta do mesmo cacho, de forma a perceber até ao ínfimo pormenor como
surge o estranho vinho que recolhemos em colheita anterior? Há que perceber,
sempre, o como e o porquê. Especialmente se a suspeita filosófica te revela que
nada é o que parece, e que por detrás da aparência há uma intenção. A intenção,
mais que o véu de Maia, é a paixão do revolucionário. E só o homem é
revolucionário, e só o consegue ser sozinho. Não há diferença de valor civil ou
antropológico entre homens e mulheres, nem sequer moral. Há homens ‘bons’ e
mulheres ‘boas’. Mas como se testa o carácter de determinada cepa senão a
plantando em socalco irregular e arenoso para ver com que raízes se agarra à
vida e frutifica? Alfa e Omega em parada nupcial, e esmagamento nervoso. Suponho
que a afirmação da raiz de cada um se faça à conta da vontade com que fazemos crescer
as nossas ramas para o lado da nossa vontade e não da determinação da poda. Não
é orientar os cachos para onde sopra o vento, de facto o que nos faz humanos é
vivermos e morrermos por opção por ideias. Há qualquer coisa de nós de caçador,
e de recolector. Um faz a sua sorte, outro aproveita-a.</div>
<div class="MsoNormal">
A filógenese ratifica as duas. Também a sociedade dos homens
e das mulheres.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
III</div>
<div class="MsoNormal">
A mulher sempre foi um
poço de assomo para mim. Sempre senti nelas uma diferença diferente da
minha. A sua convicção nos momentos presentes sempre teve em mim um efeito
narcoticamente hipnótico. Como se nunca
pensassem que podia estar alguém por detrás da cortina.</div>
<div class="MsoNormal">
Começa logo por aí e pelos discursos maternos a divinização
do feminino, aos olhos de um rapaz a certeza da rapariga tão mais avançada no
crescimento que ele próprio só pode ser emanada de um ser superior. A mãe
também diz que as meninas são de algodão doce e caramelo, e os rapazes de
cobras e pedras, e cresce o pobre homem
sentindo que tem de merecer o ser superior que começa desde o berço a perceber
que com sorrisos e choros pode levar o paizalhão a pegá-la ao colo ou a
mostrar-lhe o maior sorriso do mundo. Com um pouco mais de tempo tem o adulto
domesticado ao sabor da maior parte dos seus caprichos, pois que mais quer um
pai que proteger a filha do mundo duro e
ensinar ao filho quão duro o mundo é?</div>
<div class="MsoNormal">
Entra na adolescência o rapaz a toque de punheta, suando
acne por todos os poros do seu corpo inadequado, violado por revistas
pornográficas omnipresentes, mini saias constantes, anúncios estimulantes para
delícias nocturnas e toda uma cultura que coloca a masculinidade na proeza de
satisfazer sexualmente o sexo feminino, ou no mínimo na capacidade de lhe obter
os favores? </div>
<div class="MsoNormal">
O próprio pai se baba se o filho já colecciona namoradas
pelas casas dos amigos, mas prefere negar tal liberdade à filha que é mais pura
que a água de nascente.</div>
<div class="MsoNormal">
A ninfeta descobre que um peito que desponta como um broto
primaveril num pomar de romãs exerce um fascínio sobre qualquer homem, mais ainda
que as farsas que representava para o pai, e assim começa a sonhar que tem um
talento, herdado da mãe, que é mágico, e que é conseguir o que quer de outros
seres que não possuem a beleza que ela tem.</div>
<div class="MsoNormal">
Presas quer ele quer ela de uma antropogénese incompatível
com a cultura que nos molda, ele com instinto copulatório vinte vezes superior por causa da
testosterona e ela por causa do estrogénio condenada a ser fraca fisicamente
tem de se valer do que a Natureza a fez valer, e é essa sensação de possível
submissão que faz brotar a ilusão de guerra, na qual o homem perde pois só tem
acesso à vagina através da dança que a mulher ordena dançar. Afinal a vulva é
dela, e se ele quer, tem de ser à maneira dela.</div>
<div class="MsoNormal">
Torna-se assim a tolice da guerra dos sexos, a não
existência mais existente de todas, pois onde quer que encontremos uma mulher e
um homem, ela vai ocorrer, mas eis que surge uma aurora, mais dourada que as
anteriores, e que coloca uma outra perspectiva. Mercê do seu génio, o homem
possibilita a vida, de forma diferente que a mulher uterina. Ele faz, inventa e
protege, e sente-se bem assim. Mas a acentuada percentagem de conforto actual
tornam o homem supérfluo, a mulher não precisa dele para atingir o grau de
conforto já bem aceitável que ela tem. A mulher encontrou um lugar no mercado
de trabalho de forma a libertar-se da dependência financeira do homem, os
serviços são dela.</div>
<div class="MsoNormal">
Que pode o homem oferecer senão a gradual submissão à toda
poderosa vulva?</div>
<div class="MsoNormal">
Às mulheres urbanas de hoje em dia, não chega submeter o
homem, há que humilha-lo. Não chega a ser um ser em grau de igualdade, é um
porco porque lhe deseja o corpo, como tantos outros com os quais mediu forças
ao longo do processo de crescimento de maminhas e ancas voluptuosas. É um
básico que só me quer pelo corpo, então quer-me usar como depósito de esperma,
mas vou eu usá-lo como eu quiser, veremos quem é o mais forte. Irónico ter-se
tornado o homem em troféu de caça por causa da hormona que o fez caçador e
protector dos seus.</div>
<div class="MsoNormal">
A mulher sente-se no topo do mundo, os homens depilam-se
para lhe agradar, usam cremes, cantam pop, as pussycat dolls elevam
exponencialmente pelos media a glorificação do poder sexual que a mulher tem,
único aliás a par do condicionamento das crianças.</div>
<div class="MsoNormal">
Nãda há que não se venda que não envolva uma mulher em
trajes menores, e até há estudos de género que lançam suspeitas na ciência
feita só porque foi feita maioritariamente por homens.</div>
<div class="MsoNormal">
Há noites de ladys nights em que os trouxas pagam e as
mulheres isco não, e até nos casamentos já é suposto um homem ajoelhar-se e
abdicar de parte do seu rendimento sobre a forma de um adorno, anel, para ter a
honra de desposar uma vagina sobreinflaccionada.</div>
<div class="MsoNormal">
Um marciano diria com o seu olhar objectivo, que de facto, o
homem é o ser mais bem domesticado do planeta.</div>
<div align="center" class="MsoNormal" style="text-align: center;">
IV</div>
<div class="MsoNormal">
É fácil, se seguirmos uns princípios e alguma experiência
(para limpar a merda que nos enfiaram na cabeça, que se designa por ‘endoutrinação’)
perceber como e porquê somos manipulados. Ao fim de algum tempo começamos a
reconhecer padrões e sintonias.</div>
<div class="MsoNormal">
A manipulação é uma influência exercida por comunicação de
molde a levar outrem a fazer ou algo que não quer ou resiste, ou que o emissor
quer que o receptor faça, de forma alheia à sua vontade. E é aqui que a porca
torce o rabo.</div>
<div class="MsoNormal">
O manipulador encontra sempre um interesse para o outro na manipulação
que nele opera. É o que se parece com o branqueamento da manipulação para que
quem manipula não se sentir um filho da puta ou uma filha da puta.</div>
<div class="MsoNormal">
Várias razões podem basear este mecanismo de protecção,
experiências passadas, uma certa mundividência, uma conveniência, a arrogância
de achar que sabe mais que os outros ou mesmo mau carácter, entre outros.</div>
<div class="MsoNormal">
Experiências passadas como se me fizeram a mim vou fazer a
outros ou nunca mais vou sofrer; certas mundividências nas quais o mundo é
assim, toda a gente sabe, etc. ; conveniência porque eu gosto de fazer mas não
que me façam a mim, etecetera etecetera, e atenção que é válido para homens e
para mulheres.</div>
<div class="MsoNormal">
O que para mim sempre mais me interessou, foi a questão das
experiências passadas e da mundividência.</div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
Como é que alguém chega a determinado tipo de comportamento
e como é que depois o justifica. </div>
<div class="MsoNormal">
Isso fica para depois deste preâmbulo, na parte dois.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-50145032120597702922013-01-07T18:58:00.001+00:002013-01-07T19:23:11.328+00:00A lenta agonia da diástole<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /><iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/dpmAY059TTY?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Outrora lambia os teus passos pelos corredores que me passavam à frente dos olhos e ressentia o facto de nada me dizeres, embora sentisse uma ligação qualquer pelo ar e não eram as ondas hertzianas.</div>
<div class="MsoNormal">
Acabei por me ir embora do lugar da convivência possível com ressentimentos em relação a ti por saber que havia algo, mesmo confirmado pelo nosso amigo em comum, e nunca ter tido uma janela de confirmação. Provavelmente, uma tipa de cabelo cor de laranja quer arranjar um gajo com cabelo rosa choc com mínimo discurso excêntrico possível.</div>
<div class="MsoNormal">
Durante uns tempos ainda pensei que nos iríamos encontrar em algum lugar, mas pouco tempo depois soube-te comprometida com alguém e ficaste associada a uma imbecilidade da minha parte de ter imaginado algo que não existia.</div>
<div class="MsoNormal">
Quando tempos mais tarde se manifestou uma opinião tua acerca de mim, óbvio é que o que estava enterrado ressurgisse. Nunca teria havido uma atenção prévia e no entanto sentias que tinhas algo a dizer sobre mim…sem me conheceres ou o que tinha acontecido.</div>
<div class="MsoNormal">
Mesmo assim pensei que se tivesses sentido alguma coisa não teria sido forte ou profunda, o suficiente para te fazer tomar uma acção, a ti uma mulher que trata a vida por tu.</div>
<div class="MsoNormal">
Pouco tempo mais tarde senti-te emocionalmente ligada a mim, porque ninguém quer chocar alguém com conversas de pilas extra grandes, se nada sentir pelo alvo.</div>
<div class="MsoNormal">
Ressurgiu algo relativo ao suposto engano da minha parte que não havia sido. Mas não desapareceu a animosidade pois alguém que é capaz de afogar o que sente por mais fraco que seja o sentimento, é alguém calculista e com um auto controlo que impede qualquer tipo de abertura franca de peito. Por um lado é motivo de admiração por outro é motivo de cautela especialmente se aquilo que se procura é um acesso à tua intimidade.</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Por fim, a sensibilidade à tua existência e a jocosidade à ideia de uma amizade, apenas compreensível pela escassa convivência entre nós, revelaram-me que não havia nada a fazer enquanto a compreender algo entre nós. Lição de humildade pois nem tudo se deixa reduzir a meia dúzias de proposições que magicamos nas nossas cabeças.</div>
<div class="MsoNormal">
Erigiu-se uma cidade contra minha (pelo menos) cidade e estas foram as nossas trompetas de Jericó.</div>
<div class="MsoNormal">
</div>
<div class="MsoNormal">
Acabámos aos toques de língua por ruelas de Lisboa, num momento em que provavelmente te encontras com menos ânimo na tua existência, numa antiga vontade minha e que nos apanha a ambos em determinado ponto do rio onde já não se tolera o som que alguns seixos fazem a água murmurejar.</div>
<div class="MsoNormal">
A ausência desse gosto pelo silêncio que a água ruidosamente pressagia caracteriza exactamente a passagem pelo tempo que não nos deixa mais maduros mas mais velhos, perto da morte final, porque gastos prematuramente em cogitações sob a carga de experiências passadas.</div>
<div class="MsoNormal">
Afinal foi apenas um duelo de línguas. Para mim não foi. Foi apenas o testemunho de algo trágico, que devia ter acontecido e não aconteceu.</div>
<div class="MsoNormal">
Frontal como um choque de locomotivas a demasiada consciência exaurida das lutas de sujeitos numa relação, especialmente quando um deles busca a intimidade do outro. </div>
<div class="MsoNormal">
Criou calo, e agora é a zona de conforto, não dispostos aos excessos do passado, e a cansar por caminhos já percorridos. Dissemos a nós mesmo que havia bastado.</div>
<div class="MsoNormal">
E deitámos fora a criança juntamente com a água do banho. Eu não, tu. Uma prova disso é o meu texto que te passa agora pelos olhos. Podes dizer que é um dos artifícios clássicos de (previamente notado ) sedução, mas teria porventura mais sucesso cumprindo as habilidades que presenteias como dicas e regras. Para quem gosta de sinceridade, não há mais sincero que falar na solidão da leitura de um texto e não nos diálogos inconvencionais por uma rede social.</div>
<div class="MsoNormal">
A imaturidade arrasta sentimentos fortes além de um mudo confortável de barbie e ken, e por isso deve ser respeitada e não vista como um degrau imperfeito na nossa caminhada pelo tempo. </div>
<div class="MsoNormal">
É difícil verbalizar e trazer ordem a isto especialmente ao que te estou a dizer e que me faz passar como um azarado ao jogo no casino do Estoril, que ainda não percebeu que não há maneira de ganhar e vai acabar pendurado no candeeiro da saba com um lençol abraçado ao pescoço.</div>
<div class="MsoNormal">
Claro como uma bofetada na tromba, a ideia de que quem menos se entrega ou mais se controla melhor controla o fluxo e uma das formas de controlo passa pelo desapego no qual és mestre.</div>
<div class="MsoNormal">
No qual sou cego.</div>
<div class="MsoNormal">
Então torna-se claro ..eu não aprendi. Apenas repeti a mesma fórmula ano após ano.</div>
<div class="MsoNormal">
Tu evoluíste. Refinaste-te após cada percussão do metrónomo, e estás numa escala de controlo muito acima da cave onde me vomito.</div>
<div class="MsoNormal">
Ou então estás nem aí…e voltamos ao início…eu como espantalho que inclina o pescoço para trás sempre que sente um afago, esperançado que seja o teu, e não um corvo que lhe deseja a palha jugular.</div>
<div class="MsoNormal">
E sabes, apesar do erro clássico, inclinaria de novo o pescoço para trás mesmo que me valesse o epíteto de J o ‘estúpido’ significaria que estaria sempre à espera do teu toque e a fornalha não deixava apagar o lume, que em ti com o tempo comigo deixaste extinguir.</div>
<div class="MsoNormal">
Sísifo só enganou os deuses durante algum tempo. Eu engano-me há uma eternidade.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-82040511955208808072012-12-09T20:42:00.000+00:002012-12-09T21:38:10.581+00:001001 reflexos de 1000 reflexos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/flmUJ-fhehk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/wICLyUjlPxk?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<br />
<br />
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Todos sabem que existem fotos que sob
determinado ângulo reflectem supostamente até ao infinito a imagem
fotografada e encarcerada num jogo de reflexões.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Cada uma dessas brincadeiras de criança
sob determinado ângulo mostra mais que a sua cópia e geralmente é
a primeira ou a última a revelar ao olhar um pormenor escondido nas
outras ofuscadas pelo seu gradual albedo.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
A biologia evolutiva tem sido um
fabuloso campo de saber um pouco descurado pela vox populi tendo em
conta a sua aplicabilidade imediata por contraste com outras áreas
científicas. Parafraseamos Descartes, cada um acha-se bem munido de
bom senso e inteligência, o suficiente para descurar o mester
alheio, e em parte é disso que se trata neste tutorial em como
repetir planeadamente o que é causa de muito sofrimento para grande
parte dos homens. Serem abandonados pela vulva que se havia colocado
no centro do seu sistema solar.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Veio-me a ideia em concreto a partir do
mais cliché uqe é possível encontrar tendo em conta o espécime
visado.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O filme 'romântico' com a Kate Hudson,
sobre como perder um homem em não sei quantos dias.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Achei perfeito pela ironia aplicada ao
espécime que vive com a narcótica imagem de si reflectida num lago
como a personagem do mito.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Pensei eu que a suprema ironia seria
reconfirmar a mim e ao espécime que por mais excêntrico que pareça
aos olhos de si mesma, não passa do mesmo barro que nos faz a todos
membros de uma 'Humanidade'.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Tudo isto demasiado rebuscado afinal
para ser apreensível senão por mim.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Fica a memória da piada, apenas para
mim, até porque o ego tem uma função automática de protecção
que impede qualquer reconhecimento de falha. O que acaba no fim de
contas de ser o ideal, apesar de a doce tentação de esfregar na
cara a doença dos outros ser tão aprazível, até para mascarar a
minha própria doença.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O espécime, mutatis mutandis pertence
a uma geração urbana demasiado efeminada e sobre polida, demasiado
bem encaixada num mundo de conformação e convencionalidade
negativa, entendendo-se por isto, uma convencionalidade que é
ostensivamente anti convencional e que no final de contas faz parte
de um largo mainstream ou daquele mainstream que se quer considerar
minorstream mas é ainda mainstream. Neste minorstream escuta-se a
música que o menor número escuta, ou olha-se para os filmes que o
menor número ou apenas uns selectos poucos olham.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Cria cada um e uma, uma imagem de si
próprio, politicamente correcta, sem ângulos, sobre ideiais bacocos
e assentes em nacional porreirismo, que sob determinado ponto de
vista, são uma versão delicodoce de cinismo. Alguns amam defender
os fracos nem que para isso ataquem todos os outros, alguns adoram
diferenciar-se da manada através da especialidade do seu ser, seja
através do grupo de amigos cultivado, das diversas cores de cabelo
estivais, da ininteligibilidade dos gostos que gostam de mão dada,
ou na colecção de lugares comuns com que por vezes tentam insultar
os outros quando os contrariam ou atacam a sua zona de conforto.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Esta civilização suburbana pensa as
traves sobre que repousa, analisa-as deifica-as até ao ponto de se
achar a o pináculo da sofisticação e civilidade, sendo até
divertido olhar e provocar a instabilidade das mesmas, pois nem
sequer tocam nas paredes que as deviam suster, mas como náufragos
preferem ir ao fundo agarrados a barrotes podres.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O caro leitor ocasional, pode até ser
um destes sujeitos, será fácil saber, pois a minha escrita é
geralmente por eles tomada como algo de mau gosto, pois não sou
correcto, nem politicamente nem esteticamente, nem o quero ser. Não
confundo maturidade com a capacidade de não cometer as
infantilidades que vão na cabeça quando brinco aos adultos, nem
honestidade com projectar uma imagem que quero que os outros pensam
de mim.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Esta civilização do chá com verniz,
dá palmadinhas nas costas uns dos outros, compõem uma sociedade
secreta até para eles mesmos, de purga das energias negativas, e do
positivo forçado, são sociáveis em festas regadas a bebida
destilada e por não conhecerem mais que o próprio umbigo acham que
são um poço onde brota originalidade. O espécime analisado havia
recolhido ao longo do tempo, nem um zé ninguém na sua lista de
cama, nem um gajo normal, apenas pedaços de puzzle que em maior ou
menor grau se encaixam na pintura escolhida para verdadeira, tão
amena para a auto-estima.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Nem todos seriam funcionais, teriam de
ter defeitos humanos qb para dar um aspecto de veracidade do que seja
a condição humana, toxicodependência, carência afectiva, ciúmes,
libertismo, e como eu costumo dizer, neste caldo, não traz sabor uma
batata normal. Quem sempre escolheu comer desta sopa não se espanta
com sabores convencionais. Foi aí que comecei a retalhar. Sabia que
projectava uma imagem de algum fascínio ou distância, pela não
convencionalidade do meu discurso, e a assertividade com que o
mantenho. Cedo comecei a perceber que esse fascínio se reduzia até
distâncias de controlável à medida em que a fêmea dava mostras de
me controlar com a sua sapiência com pés de barro. Tinha tido
semelhante experiência com Lúcia, que enquanto não entrou para a
Universidade me ouvia com deleite fabular, e quando entrou, já
debatia com certezas de assuntos que não conhecia, e quando terminou
já desvalorizava por completo o discurso alheio pois o que se
procura não é o saber, mas uma bengala para a nossa auto estima.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Mesmo que nada tenha mudado a não ser
o nosso tempo de dedicaçao aos assuntos que o outro relativiza.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Caro leitor assente:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Proposição número 1:</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Não interessa o que se diz, o conteúdo
da mensagem, mas sim o que projecta ser.</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Comecei a perceber o completo desdém
por assuntos que identifiquei como meus e desde logo percebi que o
espécime era 'damaged good'.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
Reagi de acordo, respondia a mensagens
com cada vez menos tempo de espera para a interlocutora, valorizava o
seu conhecimento e saltava pelos seus loops como caniche bem
comportado e submisso, sem deixar de perder a provocação de modo a
fazer durar a tensão o suficiente para lhe traçar o perfil.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O passo natural seguinte seria claro,
exigir-lhe companhia, e confessar a minha necessidade visceral da
mesma, colocando no seu campo a decisão de satisfazer essa condição.
O resultado é óbvio, cede à mulher ou a outro estímulo externo a
faculdade de te alterar o ânimo e com toda a certeza vais cair com
os burros na água. As mulheres fartam-se demasiado rapidamente, a
não ser que tenham uma cenoura em frente ao nariz. O primeiro passo
foi abdicar da ascendência temática e vulgarizar-me, a segunda
jogada seria revelar-me igual a tantos outros coninhas que ela
manipula pelas discos desta capital, o terceiro foi mostrar-me como
satélite da sua orbe celeste, o quarto seria então impor a minha
presença, fosse através de convites, de sms, de textos e
videoclips, de presença pronta e constante, e de cartas para o
trabalho. Tinha de retirar toda a folga ao espécime para o mesmo
poder agir da forma mais aborrecidamente convencional que lhe fosse
possível.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Proposição número 2:</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Menos é mais, a mulher racionaliza
menos, e o seu foco de atenção também é menor, portanto não a
tentes impressionar com a tua intelectualidade ou os teus profundos
insights, mesmo que ela te diga que é isso que procura, pois vais
ficar a anhar.</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
O que por arrasto leva a outra
conclusão:</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Proposição número 3:</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Não interessa o que ela diz.</b></div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A mulher diz
aquilo que pensa que sente mas a maior parte das vezes lógica e
hipotálamo exprimem coisas diferentes. Temos a tendência de achar
que as mulheres funcionam ao mesmo nível de abstracto que os homens.
A mulher é extremamente mais complexa, e uma das provas é a
desproporção dos números de fêmeas em actividades esotéricas, a
mulher adora tudo o que não consegue explicar, nesse caso é como a
hiena que só respeita o que que lhe é mais alto, ou como a iguana
que só come ou ataca o que lhe cabe na boca.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
O trabalho de
despolimento não teria sido completo sem a minha própria
humilhação, e colocação no polo oposto aos dos machos tipo da
zona de conforto do espécime.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A dita humilhação
veio através da discussão constante ante os testes que naturalmente
me lançava, rebate ponto a ponto, sentimentalismo exacerbado,
admissão de culpa, pedidos de paciência, tiradas jocosas facilmente
identificaveis como inseguras, e acima de tudo expressões de
necessidade de auto justificação, que começam imediatamente a
surtir efeito assim que o espécime se desinteressa da minha área
temática, e eu carrego no acelerador.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Revela que estás
longe de todos aqueles que ela frequentou, ela irá ser lacónica
para que te esforces na roda da gaiola, e quando te quiser magoar vai
dizer que detesta o que fazes, só que se referindo a ti no plural,
metendo-te no mesmo saco. Vai-te dizer que é honesta, frontal e que
espera o mesmo, traduz isso exactamente como o contrário, o fumo é
só para te manipular emocionalmente, mesmo que ela se veja assim a
ela mesma. Em experiência anterior, Susana que lhe era tão
parecida, também sustentava ser a pessoa mais frontal do mundo,
mesmo quando era apanhada a mentir. Não sejas moralista em relação
a isto. A função da mulher é perceber do que és feito, vai-te
inconscientemente lançar testes e desafios para ver como te moves,
não tentes correr atrás do prejuízo, mantém-te no teu curso mesmo
que ameace com a perda do prémio, e o prémio é a vagina.
Relembra-te da proposição número 3.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Proposição número 4:</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>A mulher usa e abusa do seu poder
sexual.</b></div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Se pensarmos que a
mulher desde os 14 anos quando começa a desenvolver maminhas, recebe
cerca de 4 piropos por dia, ao fim de um ano recebe 1460; aos 24 anos
recebeu 14600 e aos 34, 146000.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Pensa sobre isto.
Em 20 anos de gajos com mais ou menos rebarba, mais ou menos verve,
achas que vais fazer alguma diferença tentando impressioná-la?</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Que achas que fez
ela em 146000 abordagens ou cumprimentos? Aprendeu a usar o seu
corpo, a sua promessa de sexualidade, e a criar defesas e estratégias
de manipulação. Também raramente funciona como nos filmes, em que
compensa ser puro e honesto, a maior parte das vezes vais servir de
foca bébé nos dentes da orca. Mais uma vez, se queres que ela jogue
joguinhos contigo, elogia-a, pergunta-lhe o que quer dizer com x,
pede-lhe para debaterem as ideias de filme a ou vídeo b, mostra que
estás imbuído em participar no rodeo onde ela carrega nos botões.
É meio caminho andado a não ser que ela não tenha stock suficiente
de pilas pedestres para te substituir.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
146000
oportunidades para refinar a sua influência sobre o sexo oposto,
achas que é uma arma que vai desprezar? Nem o Michael Jordan teve
tantas oportunidades de treinar os triplos.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Ela irá jogar os
timings, prometer e depois retirar, deixar innuendos e promessas
adiadas, far-te-á correr ou parar, basta que te desligues do
resultado, ou seja do prémio, para que vejas claramente a teia que
ela tece para que te percas dela assim que cais. Apenas pertencerás
a uma dita elite se te desligares do resultado, do prémio, da
possibilidade de uma repetição mecânica em que vazas as gónadas
usando o seu corpo, se te desligares da ideia futura de foder. Assim
serás diferente de todos os básicos que a elogiavam enquanto
ninfeta e que agora lhe gabam as fotos artísticas com elogios new
age.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Só assim mostras
que as estratégias que desenvolveu foram em vão contigo.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Mas há sempre um
nível onde podes ir mais fundo, tenta jogar o seu jogo com ela,
tenta manipulá-la psicologicamente, num jogo em que perderás
inexoravelmente.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Tenta fazê-la
sentir diferente por não sentir, debalde, apenas serás interpretado
como mais um coninhas ressabiado por a não poder comer. A partir do
momento em que estás em suspenso da sua decisão para a cópula,
perdes validade. Ela apenas terá de saber gerir, a não ser que
queiras levar o jogo até à bancarrota só para pintares o novo
esboço de mundo da excentricidade convencional e aborrecida. Que ela
nunca aceitará pois a tal válvula de protecção do ego vai-lhe
dizer que o quer que seja que digas nada tem que ver com ela porque
tens mau perder porque a queres comer.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Portanto mesmo que
queiras jogar perdes na mesma.</div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Proposição número 4:</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<b>Escolhe bem e exactamente para o que
queres, a fêmea que receberá a dádiva da tua atenção.</b></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Escolher fêmeas
com lastro, ou seja, fêmeas cuja história ou passado traumático te
fazem grão de poeira em cintura de asteróides cósmica, é uma
batalha perdida antes de começar. Não te sintas impelido a salvar
com o teu sacrifício, mulheres que ainda dormem com os ex à noite,
e não me refiro a dormirem fisicamente. A 'gasteza' de cada mulher,
para com a vida, as relações, não é o resultado apenas de uma
longa experiência mas sim de um ressabiamento de as coisas não
terem corrido como ela gostaria, o que denota que se te perdes por
uma gaja que achas que te vai dar uns fodões na cama, o mais certo é
seres usado para isso mesmo, ou então vais ter apenas uma mulher a
fazer a revisão ao clitóris. Vais ter gajas gastas a chamarem-te de
imaturo apenas porque lhes apontas a patologia conhecida como
sindroma da desafectação, que se caracteriza por uma mimese de
entrega só para justificar o facto de precisarem de foder. Efabulam
motivos para tu seres o escolhido, não te percas esses motivos não
são para ti, são para elas se convencerem a elas mesmas. Lê a
proposição número 1 e não tentes convencer das qualidades que ela
te imputa, aquilo é um monólogo.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Vários objectos
de estudo analisados já comprovaram este loop que é apenas sinal
que estás a falar demais. A ceder.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Quando isso
acontece coloca-te alerta, desliga-te do resultado.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A não ser que
estejas a experimentar, e nesse caso insiste para que a coisa morra
mais depressa.Porque vai acabar por morrer.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A seguir a uma
mulher vem uma mulher, o mesmo com um homem, há em quantidades
industriais. Não te prendas, nem te deixes cair na 'gasteza' em que
ficas presa ou preso aos astros do passado. Vai-te foder a vida
sexual e emocional no futuro.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Não tentes
resgatar o teu possível parceiro ou parceira com números de circo
ou flashes antes sendo melhor a deixares essas pessoas entregues à
sua própria 'maturidade', solidão, e desadequação de afectos. Eu
sei que parece cruel, mas pior que um traumatizado só dois, e se te
arrastas por lá muito tempo, vais ficar politraumatizado,
politraumatizada. A não ser que estejas a fazer um estudo, e nesse
caso já não há cura para ti.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Foge de pessoas
que não demonstram pensamento próprio, ou que são sobranceiras com
o teu só porque não faz parte daquilo que é fino achar de bom
gosto. Já o havia referido, mas vai-te neste caso obrigar a focar na
cona, porque é o que passa a importar mais já que náo é possível
obter conversas inteligentes não manipulatórias, ou realmente
sentidas. Quando a cona passa a centro de gravidade, perdes o
equilíbrio pois deves ler a proposição número 4, e não cedas o
teu poder a ninguém.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Perder tempo com
joguinhos de vingança, não deixa de ser perder tempo. Caga nisso.
Deixa cada um entregue à sua magnética personalidade. Dá um caldo
na tua cabeça se fraquejaste na tua vaidade e quiseste jogar o jogo
e fazer a análise do jogo. Apesar de não ser um erro porque no
mínimo revês matéria, é perda de tempo.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Acima de tudo,
deixa a pessoa com quem te envolveste, ou melhor ou no mínimo na
mesma, que quando a encontraste.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Não vale a pena
andar a criar por aí mais politraumatizados. Arranja uma desculpa e
um fingimento para terminar algo que nunca floresceu, especialmente
quando sabes que foi um jogo jogado a dois ainda que ela ou ele te
tentem convencer que são 'puros'. É perda de tempo, e cada um tem
direito a viver com a visão da vida com que se agrilhoou.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Não jogues jogos,
mesmo que estejas a fazer uma experiência científica. Vais acabar
por ter de arranjar um fingimento para te libertares de teia que
ambos teceram e fica sempr algo colado nos dedos.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Não jogues, mesmo
que gostes de estudar psicologia humana.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
A biologia
evolutiva tem sido um campo de saber negligenciado, e seu estudo
pouparia alguma dor existencial, e reduziria o consumo de Prozac e
quejandos.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Isto implicaria a
dificílima aceitação de que a Metafísica é inexorável e que as
coisas são assim mesmo e não de outra maneira.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
De forma mais
concreta a relação entre homens e mulheres revela claramente duas
forças que concorrem para o mesmo objectivo, mas que a individuação
revela como crueldade.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
No cômputo geral
o mecanismo copulatório da população funciona, o indivíduo é que
o torna absoluto.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Por mais
interessante que sejam as nuances de indivíduo para indivíduo, no
meu caso de mulher para mulher, o acto sexual sendo negado tem uma
dimensão espiritual semelhante à do suicídio.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
Para se nascer de
novo é preciso morrer primeiro, e assim sendo, cada escolho no
caminho se torna um degrau de luz em direcção à iluminação.</div>
<div style="font-weight: normal; margin-bottom: 0cm;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-3137291512143290072011-08-21T22:50:00.001+01:002011-08-21T22:52:10.770+01:00Erecção Erupção<iframe width="420" height="345" src="http://www.youtube.com/embed/kjRo_CHSdt0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
A maré disse-te adeus.<br />
Tirámos aquelas fotos colados um no outro nas máquinas à la minuta no metro. Falsas figuras de nós próprios, na Quinta dos cavalos alugados tão longe.<br />
Tracy Chapman cassete de músicas românticas numa cama não nossa.<br />
Outros eus como pele de cobra para trás lançados no meio de nossas roupas espalhados pelo chão espelhados em rostos que se reflectiam e tu perguntaste se era só aquilo, num assomo de não saberes o que para mim significava tudo aquilo.<br />
<br />
Diga-se de passagem, que contigo também nunca tive grande sorte.<br />
Imprenhe de significado para ti, sempre no teu meio caminho a caminho de algum lar, apenas uma folha que ser árvore perde ocasionalmente.<br />
Toda a gente vive como se jogasse o mesmo jogo, mas não se pode falar das regras.<br />
É uma regra.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-58474273979717825392011-08-13T09:54:00.000+01:002011-08-13T09:54:32.984+01:00Dérviche<iframe width="425" height="349" src="http://www.youtube.com/embed/NEOem7U2LPE" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
<br />
Susana, és um ser perdido em ti próprio sonhando que se perde em outros.<br />
Os beijos que de mim saíram levavam o código postal do carinho mais profundo.<br />
Desconfiados do número da porta ainda assim.<br />
<br />
Nunca saberemos embora saibas porque pensas saber à boca cheia que conheces o Jogo, presa nos teus conceitos e certezas baseadas na tua interpretação das tuas experiências.<br />
No fundo és como as sombras que tomam emprestada a sua existência de algo que lhes tapa a luz, e assim és mais rica em mim que nos dias em que acordas e te sentes tu.<br />
<br />
Nas falsidades de ambos jogando o monopólio como crianças testa a testa nos testámos lábios nos lábios olhos nos olhos, fingindo não fingir o olhar com que nos olhávamos.<br />
<br />
Jogando Uno em carruagens de comboio até à Covilhã.<br />
Onde me custou a representação de corno bravo enquanto te carregava como saco de batatas inerte e vomitante, pelo ombro pela cidade abaixo. Achei deliciosas todas as tuas diabruras noite dentro, sem saber contudo como reagir.<br />
Pensava apenas, que excelente caso de natureza humana muito além das minhas barreiras de protecção e separadores centrais. Nessa noite através de ti tive o encontro amoroso mais íntimo comigo próprio.<br />
<br />
No meio dos teus olhos ébrios ainda te computando e analisando meu comportamento.<br />
A mais genuína memória de ti, um hino.<br />
<br />
Continua a descansar em paz, Susana Pascoal.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-79085980089034480632011-03-13T12:51:00.000+00:002011-03-13T12:51:11.055+00:00Sob as sombrias nuvens de chuva<iframe title="YouTube video player" width="480" height="390" src="http://www.youtube.com/embed/cNd4eocq2K0" frameborder="0" allowfullscreen></iframe><br />
<br />
Sob as sombrias nuvens de chuva, parei os olhos de lado, enchi o peito de ar, a ameaça de chuva eu não sabia como sair do deserto.<br />
Talvez que o deserto não seja para que se saia, lá deambulando repetidamente até que por fim perceba que devia ter estado noutro lado qualquer.<br />
<br />
Olhando, de baixo para cima, debaixo de ti para cima de mim sinto-me fora de mim mesmo espectador de mim próprio, ansioso de chegar ou estar não sei onde.<br />
Mais bonita rosa quando tentas tocar com cada um dos pés em pontos cardeais opostos.<br />
<br />
No meio da rosa dos ventos lasso-me quedando em calmaria, dormente em água tépida.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-73553708301628302272010-06-02T21:46:00.001+01:002010-06-02T21:50:58.149+01:00Estádios<object style="background-image:url(http://i4.ytimg.com/vi/s4pVIWn_FSw/hqdefault.jpg)" width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/s4pVIWn_FSw&hl=pt_PT&fs=1"><param name="allowFullScreen" value="true"><param name="allowscriptaccess" value="always"><embed src="http://www.youtube.com/v/s4pVIWn_FSw&hl=pt_PT&fs=1" width="425" height="344" allowScriptAccess="never" allowFullScreen="true" wmode="transparent" type="application/x-shockwave-flash"></embed></object><br />
<br />
Kierkegaard enumera com paciência oriental e detalhe exaustivo os 3 estádios na via da vida.<br />
Estético, ético e religioso, que se diferenciam entre si pelas opções que o indivíduo para consigo toma, e que de certa forma de ver, relativizam algo que seja a verdade, pois cada um escolhe como quer ver o mundo, se entregue aos sentidos, à lei ou ao abismo.<br />
<br />
O chato o chato o chato, é que ninguém vive completamente num só estado, a não ser por uma muito doente psicologia.<br />
Hoje somos mais burgueses amanhã mais pecadores, e nos breves momentos em que a vida nos arranca à dormência, olhamos de soslaio e brevemente, as promessas do abismo.<br />
<br />
A verdadeira força de carácter está no esforço patético de ir até ao fim em cada estádio, adeus à probidade então, permaneçamos em terras de ninguém.Só nossas.<br />
<br />
Até para consumo interno, não serei hedonista inconsciente todos os dias dos meus verdes anos só porque não me quero habituar a deitar fora a minha vida, como predicam os éticos estetas.<br />
Quando o esteta ético me fala em regramento do prazer para que a minha capacidade não fique embotada, ou para que não fique pendente servo dos meus sentidos, desconfio de que seja um esteta ou mesmo um ético.<br />
<br />
Dos religiosos não lhes conheço o traço, devem ser uma sociedade secreta nem para si mesmo conhecida, pois ninguém olha nos olhos do abismo de forma prolongada sem pensar em alguma altura em parar a própria vida. Os que lhe vão olhando de vez em quando, de passagem e a medo, guardam a mágoa existencial, em surdina e segredo, como se fosse a Matriz, de que poucos conhecem o esboço e a quantos poderiam comunicar o que experienciaram?<br />
<br />
Os que se debatem com o Abismo, chamam-se 'poetas' entre os homens, das gélidas e solitárias alturas como referia Nietzsche.<br />
<br />
Virar a cara é tão nosso, e só nos sentimos completos misturando tudo.<br />
<br />
«Eu tenho uma coisa boa João, eu tento sempre aprender.» - dizia-me ela numa das poucas conversas que lhe saíram do coração e não da cabeça.<br />
<br />
O problema é que deram-nos um espírito e nenhuma pista de como ele funciona.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-58695440209150941752009-07-28T20:51:00.000+01:002009-07-28T20:52:06.932+01:00Pena, deitada coitada<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QJhVM930YXY&hl=pt-br&fs=1&"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/QJhVM930YXY&hl=pt-br&fs=1&" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br /><br />-«Eu sempre fui muito amada João.»<br />Dizia-me ela , quando depois de me contar os seus desencontros amorosos, eu sentia pena dela.<br />Dizia-lho.<br />Ia aos arames.<br />Não queria que tivessem pena dela.<br />Que ter pena têm as galinhas, e que ela não precisava que eu tivesse pena dela, ela não era nenhuma coitada.<br />Debalde me esforçava para explicar que a pena é um dos sentimentos mais nobres e extraordinários do ser humano, que é um partilhar da dor do outro, uma com – paixão.<br />Hipnotizado pelo cheiro da sua boca e pelo esperma quente no rosto interior de minha coxa perdia-me em pensamentos.<br />«Então porque te comportas assim com os homens? …» perguntava a mim mesmo…<br /><br />Como boçal trolha magoado, as suas palavras nestas alturas, na sua alma não eram doces carrosséis. <br />Espécie inferior masculina que só serve para foder e usar como fulminante para a pena dos outros.<br />Várias vezes lhe apanhei as tragédias por sms, para a irmã, para as amigas, para a mãe, onde era de mim que falava, mas onde eu não me reconhecia a mim próprio remotamente sequer como personagem participante, tal não era a sua imaginação para o drama, especialmente para o papel da vitima, que só assim a turba lhe dava o biscoito e a salvação através da pena que troca o aplauso, eu que pela pena lhe abanei a vaidade.<br /><br />Verdadeiras urdiduras filigrânicas de modo a aparecer aos olhos das amigas, irmã e mãe como uma parcela da equação cósmica, ela e o Universo, ela e o destino<br />Susana Pascoal, só luta contra a Providência. Nada mais, nada menos. A luta é agreste, fá-la penar.<br /><br />Andei umas semanas ruminando na coisa. Ocupado com este pormenor, na minha tarefa geral e doentia de lhe mapear a forma psicológica de existir.<br />A determinada altura ocorreu-me…os homens que deixava chegar mais perto eram as promessas de Redenção, por palavras outras, eu, os outros somos o algodão com água oxigenada na sua vida.<br /><br /><br />O Baptismo a Confissão limpam a lama dos pecados passados também os homens passados e presentes são para a minha pequena ginasta, a catarse da sua imagem a seus olhos, da mãe, das amigas.<br />É tão mais fácil dizer que os homens são uns cabrões, nenhum se aproveita, que dizer que ‘destroço’ é o nome do nosso espírito e coração.<br /><br />Que repetitivo, pensava eu…vulgar a forma de operar.<br />Sem deixar de ser terrivelmente interessante.<br />Outrora em tempos idos, outra havia conhecido, Dora de nome.<br />Seu pai também a havia abandonado e havia feito gato e sapato da mãe.<br />Dizia alto e em bom som, como trolha magoado, que os homens haviam magoado e feito sofrer a mãe, agora fazia ela sofrer os homens.<br />Modus operandi recorrente, cama e carácter.<br />Na cama desenvolvem o que mais acham que agrada aos homens que na alcova dominam e no Inferno desejam, e uma dramatis personnae construída para povoar a imaginação admirada e deslumbrada de tão fáceis e pobres mancebos. <br />Por isso o apetite pelos mais novos…<br />Vi este cocktail tanta vez em andamento, funcionando á minha frente.<br />Com a Dora um mancebo da Força Aérea que representava dramas e paradas nupciais, para nós aspirando a que Dora visse, na residência ao pé da Imprensa Nacional, e num pardieiro qualquer em Viseu.<br />Com a Susana, era só olhar a trela que ela dava e o feedback que recebia, do seu séquito, de onde vinham os biscoitos, de todos aqueles que serviam para enfeitar a sua tiara, do mesmo telemóvel com que mandava á irmã as mensagens queixando-se que não conseguia confiar em mim, que a luta era titânica, entre o amor e as traições cometidas pelo objecto de amor (eu), que o próprio desconhecia…lado a lado com mensagens de imagem de mancebos se masturbando para ela, e imberbes surfistas que lhe queriam fazer ‘malinhos’ depois de noites passadas num carro junto á praia.<br /><br />Tive e tenho uma sorte que agradeço todos os dias, tenho privado com pessoas interessantes assim.<br />Dir-me-ás caro leitor, que lido com bipolaridade, loucura, mas não. Não, lido com o sal da Terra, a loucura não é tão coerente, e nem tu percebes nada disto.<br /><br />Como necrófago vou-me alimentando destes vestígios de extraordinário putrefacto tentando retirar de algures o algo que me faça entender o que quero entender e por vezes o individuo é apenas o veículo da minha compreensão.<br />São jogos meu senhor são jogos.<br />Jogos jogados connosco para nós.<br />Jogos dentro da nossa cabeça com a cabeça dos outros..<br />Algodão com água oxigenada lava as feridas e os plásticos, branqueia e desinfecta , e as amigas:<br />«Coitada, pois é tens razão, são todos iguais, que azar amiga…»<br />Amigas de data longa, habituadas a posarem para as outras através de sonhos embasbacados de mancebos de pila fácil e coração tenro, e aí Susaninha era rainha.<br />Mais longe, mais alto, morais como foder com os ex é mais asseado e seguro, ou fodi fazendo o serviço público de ajudar a sentir homem um tipo fraldoso, admite que me lês…são tiros certos para que te apaixones.<br />Eficaz heroína lendária na hipnose sedutora, dos homens que são todos iguais, de novo luta de Susana contra o Universo, ela conhece e controla o Mecanismo…<br />Tão terrivelmente fácil que até dá pena.<br />Assisti em surdina, a eles caírem que nem patos, com os meus olhos onde ela jogou os seus, na Covilhã por exemplo.<br />Bastava sentar-se numa mesa, e sorrir ocasionalmente, não era preciso sequer falar.<br />Um, dois, três, ficam magneticamente hipnotizados, encadeados com aquela luz que é uma violeta perdição para as moscas num varandil.<br />1º teste.<br />No fundo do baú encontrei a personagem indicada a representar, corno. Fiz-lhe uma anatomia, vesti o traje com ultraje ostensivo, e levei-a dali, de forma a chumbar propositadamente o teste de tão esmerada princesa.<br />Sabia que o segundo teste estava destinado a ser ainda mais humilhante e rebaixante, e não me enganei, depois de percorrer ostensivamente sem ultraje bocas de mulheres e homens numa discoteca, tomei-a para casa, representando o papel de corno bravo, mas no fundo deliciado com este pedaço de ser humano que se revelava a mim.<br />Agradeci a Deus, ou à personagem encarnada pelo Universo contra qual Susana luta.<br /><br />Estas amigas juntam-se no ambiente onde mais á vontade se sentem discos e Lux’s, quem consegue o maior número de mancebos, recebe o prémio da noite, o biscoito do valor, numa representação de série B de uma qualquer ‘O sexo e a cidade’ em versão parola com jovens actrizes porno na fase descendente.<br /><br />O algodão com água oxigenada lava as feridas e os plásticos quando a paciência de irmãos pais e mães está perto da lâmina do suportável, ou quando a imagem que as acossa é demasiado pesada de suportar, mulheres livres porque fodemos quem queremos quando e como queremos foder.<br /><br />Qualquer tipo apresentável e minimamente inteligente serve, tem de se subir a parada.<br /><br />Mana, não aguento mais, não consigo confiar nele, foi a conclusão a que cheguei depois de ter pensado até ás cinco da manhã no carro de outro.<br />Mãe, eu mereço ser feliz, o azar que eu tenho, depois de me esfregar como gata lânguida por meia discoteca e balcões.<br />São seres abjectos que é preciso esmagar debaixo de poses de ginasta enquanto os fodo.<br />Merda de raça, exemplares a que ofereço revelações como a de que o meu namorado me fazia vir oito vezes, e ainda me quer foder e de vez em quando fodo com ele, e manda-me mensagens ainda, e já não fodo ao som da banda sonora da cidade dos anjos, nem saio de cima de ti quando o telefone toca.<br />A pena que não queria sentida em mim, queria-la despertada nos outros julga-se superior a mim o cabrão que não é cavalheiro.<br />Vives na imagem que julgas ver nos olhos de quem odeias, odeias-te a ti própria afinal, é este o cliché em que me esfreguei á tua frente.<br /><br /><br /><br />Quantas vezes não posso ver as borboletas que fazes com a mão nem sentir apesar de tudo o que fazes com a miséria do teu choro, perdido entre nenhures e lugar algum, deitados na cama atraiçoámo-nos a nós próprios, perdidos em todo o lado e no fundo a pena que sentimos te cobre o dorso todo, e em segredo revelámos que és um anjo de hoje, vives e levas ao extremo de ti a pena da tua sorte escrevendo com a pena do teu sangue, és o sal da Terra e vais mais longe mesmo que no fim do Ocaso, é com o teu coração que pagas. <br /><br />Os mortos também dançam Susana.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-50821238310529801642009-02-17T17:33:00.000+00:002009-02-17T17:34:46.979+00:00Coração de Vidro<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/kc0LCWahSCY&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/kc0LCWahSCY&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Esperei que a luz decadente me tocasse.<br />O Sol há muito que se havia desinteressado desta realidade aqui tão perto de nós.<br />É preciso o lombo de um animal de carga para olhar para a incontornável solidão. Amar é dar-me ao outro fugindo do infinito até ao infinito da solidão.<br />Viro a cara como malandra insegura quando me misturo aqui no corredor agora acessível, em frente a Anglísticos roubo fotões de luz ao chão à parede aos cacifos, às cadeiras. É parida uma sombra filha do meu assalto.<br />Disseste que ias para obras. Ias reconstruir tudo. Não sou tua dona.<br />Vim para aqui para estudar e tenho de andar a apanhar memória flácidas estéreis e secas pelo chão.<br />A ubiquidade toma um nome como se também ela tivesse direito à reencarnação.<br />O nome é ‘TU’.<br />As primeiras palavras judicativas que cuspiste da tua boca para a minha foram ‘És insaciável!’, fiquei tão magoada, porque não existe saciedade para quem ama.<br />E quando bamboleavas o corpo para o teu amigo, o porteiro do 7Mares…tu ali toda enrolada com ele e nós sabíamos que só dançavas para mim.<br />O cheiro forte a old spice fazia-me espirrar, prefiro o teu aroma a frutos silvestres, e o teu hálito a esferográfica molin.<br />Quantas vezes nos deitámos juntas e quando acordava tinhas sumido…<br />Quantas vezes meus amigos fingiam não te ver quando ias de braço dado comigo, mesmo até me deixaram de falar…<br />Nunca pagavas bilhete de autocarro e o revisor fazia uma cara estranha quando eu pedia e pagava dois bilhetes.<br /> Linda barriga é a tua, ia até ao Inferno por ela.<br />Vi logo que gostavas do jogo.<br />As duas na cama, não consegui deixar de sorver nos teus seios.<br />O abraço que te dava, sentia-lo como meu à volta da minha própria pele.<br />Sempre foste a parte mais emotiva de mim, aquela que sonha quando ao cair da tarde o Sol faz festinhas no rosto e as cigarras se calam com a brisa fresca.<br />Sempre fui…<br />Com o cabo da escova partiu o espelho em que nos víamos, caí em pedaços estilhaçados com força pelo soalho.<br />Espalhada como memórias flácidas estéreis e secas elo chão, como as que tenho dela, eu sei, eu é que sou real.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-75837323253852761572009-01-15T16:59:00.003+00:002009-02-17T19:33:26.483+00:00Síndroma de<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.blogger.com/video.g?token=AD6v5dx0nbi5tiWDLT69KILtUh5g71gm-P1scn9uOZIojYRBztpMkiFQSp7QItABP8z1oyfmqbVW9l0hvgE' class='b-hbp-video b-uploaded' frameborder='0'></iframe><br /><br />Crazy (letra)<br /><br />I remember when, I remember, I remember when I lost my mind<br />There was something so pleasant about that place.<br />Even your emotions had an echo<br />In so much space<br /><br />And when you're out there<br />Without care,<br />Yeah, I was out of touch<br />But it wasn't because I didn't know enough<br />I just knew too much<br /><br />Does that make me crazy<br />Does that make me crazy<br />Does that make me crazy<br />Probably <br /><br />And I hope that you are having the time of your life<br />But think twice, that's my only advice<br /><br />Come on now, who do you, who do you, who do you, who do you think you are,<br />Ha ha ha bless your soul<br />You really think you're in control<br /><br />Well, I think you're crazy<br />I think you're crazy<br />I think you're crazy<br />Just like me<br /><br />My heroes had the heart to Lose their lives out on a limb<br />And all I remember is thinking, I want to be like them<br />Ever since I was little, ever since I was little it looked like fun<br />And it's no coincidence I've come<br />And I can die when I'm done<br /><br />Maybe I'm crazy<br />Maybe you're crazy<br />Maybe we're crazy<br />Possibly<br /><br /><br /><br /><br /><br />I<br /><br />Cara e coroa, primeira parte.<br /><br />Quando era novo tive sorte.<br />Descobri, por acaso, o livro da minha vida.<br />Eu e meus pais, havíamos mudado recentemente de casa, e no recheio vazio descobri um velho e amarelo livro como as solitárias asas de traça que o habitavam.<br />«Destroçado» era o título, e José Mendes encarnação o autor.<br />Mais que uma história corrida de episódios eróticos era a história sentimental de quem a contou.<br />Em dois anos, o tempo que demorou até que o famoso livro se transformasse em pó, não li outra coisa.<br />Apaixonei-me pelas paixões na primeira pessoa. Gelei com as desilusões. Jubilei com os prazeres como se fossem meus.<br />Acima de tudo deixei-me cair no caldo profundo da psicologia em jogo. No abismo profundo da alma humana.<br />A primeira frase do desaparecido livro, é uma frase tumular.<br />«Sempre tive a maior das facilidades em fazer apaixonar e desapaixonar, nunca amei.»<br />Revirei até hoje, que velho e amarelo já estou como as asas das traças, todas as implicações e consequências, possibilidades desta frase. Com o meu sangue e com a memória.<br />Corri os amores da adolescência com uma confiança de atleta, ombreando com o autor do livro que tanto me impressionara percorrendo mulheres à procura dos gastos pedregulhos que formam o caminho.<br />Sinto agora que este livro sempre me protegeu, salvando-me com suas mãos descarnadas para fora do absoluto, onde seria desfeito pelo desgosto e evitando-me o relativo, onde aprenderia apenas o insípido.<br />O autor sabia.<br />É inútil escrevinhar teorias acerca da mente humana. A Natureza não é apreensível senão por meio de um sonho mentiroso.<br />O autor sabia que seduziria o imberbe mancebo leitor em sonhos de fantasia de suor doce pueril e nocturno, em teorias vigorosas, mas que no fim da caminhada estaria o sorriso de olhar para trás. Levado à letra, amor não é senão arsénico. Misturemo-lo com doce vinho da terra.<br />Que tarefa deliciosa e inútil…falar de amor.<br />Toda a gente quer falar de amor. É o sonho mais doce da promessa de ninfeta à matrona mais anciã. Varia o grau de entrega.<br /><br />Quem não dá o que tem, perde o que não dá.<br /><br />Agora que o meu sexo é defunto, e o meu apetite amarelo como as asas de traça, resta-me o conforto de veludo da rememoração. É porque sei que nada é eterno senão a eternidade, que consigo perdoar com lágrimas nos olhos e amor incondicional todos os pormenores que lembro de mágoa e alegria.<br />Perdoar, que arrogante, vejo agora.<br />Que privilégio ter privado, sentido, pensado, tudo o que me foi dado, antes de jazer no quarto escuro do esquecimento.<br />Que brilho fascinante do pulsar.<br />Descobrir o género humano através do amor, ou da falta dele.<br />Amor, palavra pirosa que dizia por mimetismo, mas cresceu em mim, como música pimba que se ouve pela primeira vez.<br />Começou pelo canto da boca contra o Sol poente.<br /><br />II<br /><br />Pela alma.<br /> Sangue e esperma.<br />Tinha-los espalhados pelo interior das coxas, no baixo-ventre, no peito, e até nas mãos.<br />A noite havia ardido como pavio no arfar dos corpos ofegantes, e agora…já só restava a indolência das gónadas vazias.<br />Os primeiros sorrisos amarelos da manhã indecisa despontavam pela janela.<br />As manhãs de Verão são quentes e acompanhadas pela esperança de que duas horas antes do meio-dia ainda esteja fresco o suficiente para não suar.<br />A pele pegajosa e exausta pede por água, mas ao sentir outro corpo desnudo encostado a si, transmite impulsos muito profundos além do véu da razão, que despertam em surdina e em quarto crescente o desejo da cópula.<br />Na sua anca minha mão coloco, puxando-a para mim, e sei que é na boca que devo começar para acabar no frenesim menos original de todos, que desejo.<br />Todas as bocas cheiram a vida presa de manhã.<br />Arrancada do sono com a promessa de mais prazer, ela volta-se inconscientemente contente, por ver-se mais uma vez desejada.<br /><br />III<br /><br /> Há um Sol do anonimato a quem ninguém escapa.<br />Às vezes só damos por ele, quando alguém vagamente conhecido morre, e essa pessoa ao cair sai da posição entre nós e o Sol, e é só quando ele, o Sol, nos começa a queimar a cabeça e a pele, que damos pela existência do outro, e mediatamente, que também podemos morrer.<br />Antes que consigamos dar pela falta do outro, só pela falta que a sombra útil dele nos faz, já suspeitamos e viramos a cara ao facto de que dê por onde der, o tempo da nossa existência é um tempo para a morte, um contra relógio a favor do tédio.<br />Uma dança de línguas é uma orquestra sem sentido.<br />Tédio. É a suave dialéctica dos colhões e do cerebrelo.<br />«-Livre.», dizem eles…só os castrati são livres.<br />Cantam ópera e os colhões nunca enchem.<br />Tal como a onda,que vem antes e depois de outras anónimas ondas, e se desfaz anónima na areia, e volta anónima e com o rabo entre as pernas, submissa para o lugar de onde veio, também os colhões enchem até nos povoarem os sonhos e sair pelos ouvidos, tal como crescemos arrogantes e confiantes, amadurecemos desconfiados e envelhecemos sentidos.<br />E a nossa razão pináculo civilizacional, orgulho bacoco, ou nega o corpo ou deixa-se perder pelo desejo do desejo.<br />Sou capaz de estar no meio das pernas de uma mulher e dizer que a amo, e cinco minutos depois não lhe consigo olhar para a cara, tal é o poder em mim, da força da vida.<br />Esse é o peso, a sombra do anonimato sobre qualquer amor futuro.<br />Olho eu para os olhos de Susana, com os corpos molhados de suor dos nossos corpos, e o feno húmido da tépida chuva ancestral, a trovoada que ao longe compete com o canto da cigarra.<br />Mascamos folhas de louro, fazemos uma coroa e planeamos amor futuro, sabendo cada um em si que os olhos brilhantes de um no outro são os falecidos no porvir, fazemos amor no feno, corro nu pela terra quente recém arada e ejaculo num sulco de terra negra onde me deitei de barriga e braços abertos e agradeço orando a Gaia tudo o que me deu, dá e dará.<br />Susana realmente ouve o que digo, não espera que me cale para continuar a falar.<br />Sabe que estou infectado de anonimato e morrerei de tédio.<br /><br />IV<br /><br /> Quando penso em ti com mais força, sei que é porque estás a pensar em mim.<br />Em relação a ti, tudo o que seja menos que tudo, para mim é nada.<br />O teu cheiro o teu sabor a tua língua os teus braços.<br />Lembro-me desses momentos fugazes como lágrimas na chuva.<br />Tenho post-it’s espalhados pela casa e no pára-brisas do carro, lembretes para não me esquecer de respirar.<br />Copo atrás de copo, bebo este whisky tão velho como o meu amor, na esperança que após engolir o sabor da tua boca já não esteja na minha, debalde…como fantasma residente que se recusa a aceitar que morreu.<br />Escrevo-te e para ti escrevo. Escrever é um minete que te faço, preciso de fazer, gostas de receber.<br />Despidos, na tua cama, mascamos folhas de louro, fazemos duas coroas, e coroamo-nos funebremente como rei e rainha de uma timocracia de paixão.<br />Na praia perto de tua casa apeteceu-me mergulhar na água, orgias de mosto e fetilidade.<br />Desejei erguer um templo assim mas vivi apenas à sombra de uma forca no pelourinho.<br />O ocaso levou-te para longe de mim e a sombra do infinito veio fazer-me frio de novo quando entrava em casa, em Lisboa, pela 25 de Abril.<br /><br />V<br /><br /> Bestial idade.<br />Sodomizar esta moça que geme de prazer agarrada às almofadas, é o único motivo de me encontrar aqui. Correndo atrás da novidade de inserir meu falo no orifício primo da vulva a que esta moça não se opõe e com vontade adere, vejo-me agora pensativo neste frenético momento rítmico de sodomização. Orifício sui generis este, que me presenteia com alguns aromas sazonais do interior da toca. Não posso com ela e só estou aqui para me oferecer de novo à experiência na esperança de que surja algo de novo para mim debaixo do Sol.<br />Ao envelhecer torno-me calculista olho para a mulher objecto de desejo objecto de sexo objecto de adorno. Este calculismo enfraquece a pujança de sermos uma força, o tempo a vida vicia-nos, faz com que acalentemos as manhas. Falta a força desenvolve-se a astúcia podre.<br />Perco o viço e atraiçoo-me na minha anterior pessoa de criança.<br />Há quem lhe chame crescer e aprender a gerir recursos, há quem diga que é desejar o absoluto com forças relativas.<br />Ceder, eu chamo-lhe ceder. Ceder a tudo o que é mundano, mesquinho e fraco, autênticos contorcionistas morais, autóctones do cinzento, vivo com a minha essência projectada fora de mim, no reino do esquema do calculável do sonho adulto reactivo onde as lacunas sexuais do adolescente se tornam florescentes obsessões do homem maduro.<br /> Fecho-me neste mundo de fantasia e afasto-me dos outros que se afastam de mim.<br />Talvez seja eu um mau homem, ou um homem sem escrúpulos, talvez seja resultado da nossa época que reduz tudo a uma relação de lucro ou prejuízo.<br />Isto é um certo tipo de dependência que avilta, pois queremos algo que o outro tem, queremos tudo, mas algo apenas nos chama.<br />A sofreguidão mecânica revela a tal ânsia recolectora de experiências em intimidades alheias, não sou um cemitério ou biblioteca bafienta sou um célebre jardim onde se relembram os frutos do passado.<br />Sou um cemitério. A vida não continua após a morte quando eu queria que a vida vivesse para sempre, só fora do tempo vale o tempo a pena. Apaixonados de nós numa projecção no futuro.<br />Não consigo viver no deserto da incerteza nem num baldio de certeza a prazo.<br />VI<br /><br /> <br /> <br /> A fumar um cigarro, alternava os olhos pela parede e pelas folhas das canas plantadas em frente da minha casa pobre de subúrbio.<br />Não consigo dormir, e só recordo a minha comunhão com a Natureza quando era miúdo, e me espojava nos tufos de erva sob o Sol quente e simpático, a olhar o azul do Céu tão azul e cristalino que me fazia lacrimejar, nos braços da minha materna amiga Terra.<br />Ouço-lhe agora a voz no abano das folhas laminadas dançarinas de um ballet russo ao vento e melancólico, fora do tempo.<br />Este vento promete Outono, em princípio de Verão. Lembra-me os Outonos passados, quando era miúdo, quando ansiava pela novidade, por voltar a vestir os casacos de molho que esperaram meio ano, para voltarem a abraçar as costas de alguém.<br />Lembro-me do passado e encho-me de volúpia, porque o que não volta dá sentido épico à vida, e este vento soprou há milhares de anos e se o Criador quiser continuará a soprar.<br />Dá-me sempre vontade nestas ocasiões, de ir nu sentir o vento acariciar-me sentir a temperatura o cheiro sentir a presença do que me envolve.<br />Novamente volúpia, pelo fresco que não frio, a força vital manifestando-se sem mediações, o prazer da Natureza, que sinto, manifesta-se nos testículos que se encolhem couraçando a pele.<br />Diminuem, tornam-se humildes, e com a diminuição das gónadas torna-se o espírito maior e anseia como desde sempre a fusão com o Todo.<br />Menti-te, não estou a fumar. Eu não fumo. Estou sentado a escrever.<br />Mas o cigarro por vezes também te relaxa, para fazer meditar asfixia o fresco, que só sentirás nos tomates ou na vulva, ou em ambos, conforme o caso. Mas o fresco foge-te do peito e da alma, o cigarro não deixa o espírito voar com o vento, prende-te na carcaça velha da nicotina a fazer das dela mesmo por debaixo dos olhos.<br />Numa carcaça velha de uso e tempo, a que alguns chamam de autocarro, ouvi-mos:<br />-Acabei com os machistas…Golo!<br />-O Shéu e o Damásio, Golo!<br />O embalar do movimento nas curvas leva a que batas com a cara no ar trespassado a cheiro de suor entranhado dos cortinados verdes, onde durante o dia as cabeças se escondem do Sol quente e nada simpático, e durante a noite dormem, transformando o pano em improvisada almofada.<br />Adivinhamos o vómito lavado no chão que se enrola com um cheiro a bagaço, que espreita pela garganta do senhor, e retorna à toca dentro do seu peito. Seu after shave também navega por ali, sendo bem mais alcoólico que o álcool.<br />-Andei na OTA a seguir, …Golo! Golo!<br />A diáfana luz que não compete com os candeeiros laranja lá fora torna ainda mais este purgatório migrante ainda mais decadente e desgastado.<br />-Economista – Golo!<br />Olha para ver se alguém lhe acha graça, ou presta atenção.<br />Olha tu também.<br />Tem para aí quarenta ou cinquenta anos, bigode à velha guarda, hálito a cota do bagaço, cheiro pessoal geral a Macieira, perfume barato, pele velha e roupa limpa.<br />O boné vermelho, juvenilmente transvestido, contrasta com a austeridade do bigode. Podes ver a pulseira desmesuradamente grande no franzino braço moreno.<br />Ténis da praça de pseudo marca mimética no nome, calças cor de leite, já com muito pouco café.<br />Cola autocolantes do aeroporto nas janelas e deita os papeis para o chão, mostrando ou querendo mostrar – o que achas? – que andou na barriga do pássaro de ferro.<br /> Foi o Sol, ou o bagaço, que o comeram por dentro?<br />O que achas?<br />Entretanto fumo um cigarro na companhia de bancos estropiados por mãos de adolescentes, também elas bailarinas russas de um ballet de assinaturas hieroglíficas.<br />Só estradas e prédios.<br />Os suburbanos, inóspitos habitantes destas paragens, descarregam a nau dos loucos, ordeiramente, e rumam em direcção aos lares entardecidos, deixando no autocarro a sua lembrança codificada em aromas de óleo gasto em batatas fritas testemunhando a gordura que acabamos por sentir nas mãos.<br />O boné vermelho tem escrito ‘SPZ Centro’.<br />Olho para cada paragem, antes de também eu rumar ao entardecido lar, para apreciar o mulherio que vai pernoitando.<br />Entra uma aparentemente boa, não dá para ver se tem a carne rija, ou se é mais um milagre dos panos. Desdentada dos incisivos, enverga uma camisola leopardo de cetim onde se adivinham os mamilos, esses sim, rijos.<br />Outro dia, outra gaja. Com fios de cabelo que parecem um sedoso tecido colado ao crânio, caem em cascata para dentro de um elástico de roxa cor espreguiçando-se depois em leque no delta dos seus ombros. As orelhas aconchegam a cascata e um fio de ouro sulca o pescoço.<br />Vivemos rodeados por muralhas porção de gente rodeada por muralhas por todos os lados.<br />Vivo preso numa luxúria que acarinho e alimento.<br />Sou tão anónimo, sabes?<br />Que farás quando me vires agora que te contei tudo?Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-47000254237155698482008-08-12T15:32:00.004+01:002008-11-25T12:02:37.688+00:00Amor E terno<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/lyhuEa2q4p8&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/lyhuEa2q4p8&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br /><br />I<br /><br /><br /> Sopra-me o vento na cara, e sinto nas narinas o aroma salgado da massa de água informe que se me apresenta.Estou na praia como se estivesse só.<br />Olho o horizonte e tento não me sentir única por causa daquilo que passei ou sofri.<br />Chamo-me jovem mulher, tenho uma vida inteira pela frente, e uma outra vida inteira sobre a qual não deixo de ruminar para trás .<br />Sento-me na areia e faço-a escorrer pelos dedos como ampulheta desejando que o tempo não passasse tão depressa. E que tivesse membranas interdigitais na minha mão. Já que passa, que passe um tempo feliz.<br />Mas não sou pessoa de pensar o que se faz om o tempo que jaz entre o nascimento e a morte. Olho para o meu redor e vejo o que felicita a maioria, concordo e acolho para mim no segredo como aspiração envolvente e destino do porvir.<br /><br />II<br /><br /> Sinto o tempo a passar, acho que o relógio é a mais patética e fantástica invenção do Homem, que tem a pretensão de andar com o tempo no pulso.<br />O homem que quero na minha vida pode ser caracterizado pelo relógio que usa no pulso.<br />Não quero relógios de borracha e plástico.Os homens que os usam são imaturos e instáveis e pé descalços. Não quero homens com relógios que tenham braceletes de pele a não ser que seja de crocodilo, e seja um grande e rectangular relógio de marca acompanhado com roupa a rigor.<br />Quero os homens com os grandes brilhantes e poderosos cronógrafos feitos em titânio e aço, caros sumptuosos e ostensivos, orgulhosos. Um desses homens sólidos como os balcões de mármore dos bancos, vaidoso de si, faz um figurão na rua comigo na ponta de seu braço.<br />Estes homens andam de Audi, alargam sem engordar demasiadamente, a estrutura óssea, quando chegam aos quarenta anos. Absortos em criar e defender a família, deixam o idealismo de juventude que se submeteu à defesa do lar. Sou a raínha do Castelo onde ele sempre ganha mais que eu. Esta gama de homens tem no máximo duas ou três amantes ao longo da vida que eu nunca descobrirei, é dos meus filhos que me interesso.<br />Os planos são feitos em conjunto e à noite quando chega e estaciona a stationwagon na garagem da vivenda, entra em casa e de vez em quando abraço-me a ele porque no meio de tantos homens é a ele que chamo meu.<br /><br />III<br /><br /> Olho para a sua mão que engrossou desde a nossa festa de casamento, onde ele levou terno e estava tão elegante, demasiado elegante. Juntámos as duas famílias, e realizei a minha fantasia de miúda, olhando de frente para a aliança que lhe estrangulei no dedo, e agora é abafada pela carne gorda dos dedos que incharam;olhando para trás para a pré-corte, corte e namoro, primeiros dois anos de sexo selvagem, e os anos seguintes de planeamento ponderado de vida responsável em conjunto, zangas e reencontros (que bom é fazer as pazes) e não chegámos a passar pela crise dos quatro anos que costuma ser o verdadeiro crivo para todos os casais.<br />Casaremos antes de quatro anos de namoro não teremos problemas porque não falta o dinheiro em casa e não vivemos do crédito, é uma vida boa, melhor que a dos outros casais que ou são rivais ou amigos. Fazemos tudo para não perder o que se construiu.<br />Ele não é mulherengo e eu não olho para outros.<br />Escolhi-o porque é sólido tal como o relógio os sapatos e a massa óssea, de jovem em fim de vida.Escolheu-me porque sou uma boa mulher para andar na ponta do braço dele, apresentar à família e aos amigos, sou atinadinha da cabeça apesar de não ser virgem.<br />O meu pai adora-o e ele cativa quem quer. Joga à bola ao fim de semana com os meus irmãos, e depois no fim do jogo discutem negócios carros e as outras coisas que os homens falam para se sentirem mais próximos uns dos outros.<br />Nunca vi ninguém arrumar tão bem as compras na bagageira do carro, nem ser tão terno sem lhe ver ponta de aflição nos olhos quando me afaga.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-32849288665157414392008-08-03T14:39:00.000+01:002008-08-03T14:42:23.192+01:00Depois de mim<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/3RBKTo5K14M&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/3RBKTo5K14M&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /> Tens-me sentido sazonalmente dentro de ti, quando me lês em palavras que escrevo a negro, na ponta das quais sempre tive necessidade de encontrar e ter uma mulher. Como raio seminal, ejaculo palavras para que concebam em ti à luz do que é belo, para que saiam os pensamentos que te acompanham quando olhas sozinha o infinito que te faz parar.<br /><br />Preciso dos teus olhos, preciso que olhes para mim.<br />Preciso que me recebas no mais recôndito do teu âmago, além do palavreado bonito, sob o qual se esconde um desejo mais sinistro de posse da tua alma.<br />Preciso que me deixes brincar à solta no mais lugúbre do teu coração, fazendo dentro de ti o amor como uma criança que brinca sozinha com o mundo fechada no seu quarto.<br /><br />Li na tua pele, meu salgueiro que choras Sal, que nunca nos vamos tocar, ou ver mais, desde a última noite que passámos juntos juntos, eu não quero de outra forma.<br />O verdadeiro abraço que dura além do tempo é o abraço do absurdo. E quão absurdo é querer navegar à deriva no coração de alguém que não se conhece...no teu.<br /> <br />Condenados que estamos a ser pouco mais que destroços anónimos, ganha valor este ignoto trocar de olhares onde es por pouco tempo um pouco de mim quando me lês e eu provo um pouco do teu morno mosto quando contigo sonho.<br /><br />Entro como nunca ninguém entrou dentro de ti, com a porta franqueada, salto pelas janela gradeadas, nem sei o que vai na tua cabeça, no escuro não consigo acender a luz, apenas posso adivinhar no negrume as sombras com as quais à noite te deitas murmurando o meu nome:'João.João.João...'<br /><br />De mão na mão dada, na mão que raramente consigo dar acordo com a luz que foi acesa.<br />Espero à tua porta no fresco da manhã que ainda não nasceu encostado à parede molhada da tua casa.<br />Leva-me para mais longe, absorvo por completo o teu mundo, deixo-me encantar com aquilo que não é meu, voando um pouco para mais alto longe e sozinho de todos nós.<br /><br />Não dei por te ires embora.<br />Não quero mudar a minha memória. Não consigo estar sem estar contigo a mim encostada, olho a tua cara enquanto dormes, e eu dormir não quero, não quero que passe este tal tempo em que cheiro cada expiração tua, e olho as curvas do teu rosto, fazendo por imaginar o filme da tua vida, adivinhando como será a tua alma através dos maneirismos que vagueiam na tua cara quando dormes.<br /><br />Não estaremos nunca juntos de olhos dados e mãos abertas, como o negro dos olhos dos amantes.<br /><br />Estendes as tuas asas negras na grandeza do Sol vermelho no Céu preto por trás de ti.Vens então à minha boca dár-me fôlego, só o suficiente para me ouvires sangrar.<br />Olho para a distância que de mim a ti se estende, já só caso com uma sombra tua, vai ter comigo onde a onda beija a areia...eu já não vivo. Eu já não vivo.<br /><br />Não sentes, não te dói, sentires-me dentro de ti?<br />Entro em ti?...Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-11616485960555516672008-08-03T14:38:00.000+01:002008-08-03T14:39:00.066+01:00Durante mim<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/QChcyDanbic&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/QChcyDanbic&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br />O entardecer no quarto foi cinzento alaranjado como costumam ser as tardes quentes de Outono.<br />Suado e exausto, tenho a perna meio jogada de joelho para fora da cama. <br />Tu estás lançada no lado direito da cama mais próxima da janela aberta por onde olho com cortinados leves voando ao vento na casa deserta.<br />Pouso a mão primeiro nas tuas costas sobre um dos rins, depois na nádega que momentos antes também dançara ao ritmo dos nossos gemidos.<br />Dormitas eu não, olho lá longe melancólico o rupestre quadro que entra pela janela, e toda a melancolia do mundo, como sempre vem à existência no meu pensamento.<br />Olho para a paisagem sem a ver, vejo só o caminho até ti, tudo o que te escrevi, disse, fiz, pensei, nessa via sacra que foi impregnar-me naquilo a que os antigos chamavam de alma.<br /> <br />A tua alma.<br /> <br />Tudo para chegar a ti que naquele leito naquele momento vais dormitar, de barriga para baixo espalhada pela cama, e eu vou gostar de pensar em ti como estando feliz.<br />Não consigo adormecer.Fico contigo, ao teu lado em vigília.<br />Sei que entrei na tua vida e faço parte dela. Sei que se me for embora vais ficar destroçada, partida, moída, magoada.<br />Sei que gostas de mim, daquilo que em mim vês e que nem eu próprio sei o que é.<br />Acarinhaste-me dentro de ti e lá dentro esse eu meu cresceu. Ficou a fazer parte de ti. <br />Impregnei-te de mim, engravidaste-te de mim e agora vivemos juntos separados um no outro.<br />Neste momento em que escrevo e penso em ti com mais força, sei que cada segundo que o faço, te traz cada vez mais para mim.<br />Olho bem para os teus pormenores.<br />Aumenta a melancolia ao pensar que aquilo que é meu nunca por mim será totalmente apreendido. <br />Nunca sentirei todas as variações do calor do teu corpo esmagado contra mim, nunca provarei todas as variantes do gosto da tua língua ao longo de um dia completo.<br />Por mais vezes que tomemos o corpo um do outro, aquilo que realmente és é-me totalmente inacessível.<br /> <br />Tu és minha.<br />A melancolia cresce e com ela a impotência em ter-se aquilo que tanto se quer, e assim condenados estamos a não ser mais que invólucros de nós próprios, oferendas para o outro, no mais bonito papel de embrulho que conseguirmos fabricar.<br />Convencidos de que entregámos o que de mais precioso e secreto somos.<br />Lembras-te? Nesse dia que está a chegar, está para vir, iremos sair. Lembras-te?<br />Nesse dia que está para vir, não vou querer ver o Sol deitar-se num sitío que não vejo, sentindo a lenta agonia do dia que se esvai.<br />Terei de sair de lá, da tua cama, pois com o silêncio da noite vem o desespero do silêncio de um dia passado a fazer amor.<br />E que tal carga de intensidade quero eu, que não aguento o normal desenrolar de um dia.<br />Aproveito para te cobrir a pele de beijos, numa liturgia de carinho automatizada.<br />Na boca no pescoço, nos seios, na pele mais macia no flanco logo acima das tuas ancas, na barriga...<br />Digo-te ao ouvido, 'Veste-te. Vamos sair.'<br />Fascinada comigo e com o início de uma nova relação que promete e que como a água do mar, lava o Sal das lágrimas das relações anteriores.<br />Vês-te no meu carro voando pelo Guincho para a Marginal. Levo-te a uma enseada por poucos conhecida e por pescadores frequentada.<br />Na noite alta nos atrevemos a descer as escadas e onde paramos sentados num degrau.<br />Por já só se ver o braço branco de espuma que se mata teimosamente contra as gigantescas praias de pedra, olho para baixo.<br />Olho para ti abraço-te.<br />Temos o abismo a nossos pés.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-27496858802651479482008-07-22T14:56:00.004+01:002008-07-22T15:09:58.275+01:00A Terra Prometida<a href="http://img291.imageshack.us/my.php?image=22072008016001qd2.jpg" target="_blank"><img src="http://img291.imageshack.us/img291/5949/22072008016001qd2.th.jpg" border="0" alt="onu Image Hosting at www.ImageShack.us" /></a><br /><br /><br />Pela correria que nestes Andes de sombra amainado pelas polainas do Sotavento, vou indagando aqui onde o meu coração entra no ocaso e na Aurora, pelo nome da Floresta que não chega a vir.<br /><br />Sorriso que de têmpora embala, no orgulho automático do esquecimento vou vogando na saudade de Outrora, a delicadeza de um concentrado fingimento.<br /><br />Pela rua de trenó desguarnecida<br />Pela paz que copula com o silêncio<br />Dou por ti tão só e vencida<br />pela vida <br />tão só de tão prudente.<br /><br />Bates no peito como investida, <br />arrogante como só ele pudera, sou eu que de acordo <br />como estás vestida<br />te cheiro a vulva com sabor a Primavera.<br /><br />A noite suavemente cai, como gotas nebulosas de nevoeiro<br />eu nas borbulhas do teu rosto me perdendo vou, adormecendo na pele lascada<br />que torneia as unhas dos teus dedos.<br />A Luz entra ginasta pelas janelas como presságio do dia que agora finda...<br />no toucador oráculo ao asseio cosmético, <br />cama tua local de copulação dormida<br />e do meu patético.<br /><br />Teu rosto bonito, mas quanto queria não vê-lo<br />Após o equinócio passa a razão de eu ali estar, como sopro de cotovia<br />Vou nestes dias de deserto transitando<br />entre a angústia e o desespero<br />sem querer pensar no que faço, só para esquecer quem tanto quero <br />e tanto perdi um dia.<br /><br />21 Julho de 2008Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-51226203962903994532008-07-08T18:32:00.004+01:002008-07-09T01:57:27.802+01:00Feios Porcos e Naus<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/te3W4R5I81o&hl=pt-br&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/te3W4R5I81o&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Quero mesmo esquecer-me de mim e de tudo o que existe, seja através de vinhos seja através de outros corpos.<br />Tudo o que me afaste da ideia a verdade que te foste embora.<br />Quando partir, o que mais quero é encontrar-te.<br />Sinto a tua falta, e só agora sei que me sentia completo ao pé de ti.<br />Fiquei desorientado, no deserto mais árido que aquele em que pensava estar.<br />Sem rumo, sem nau, nada me carrega a não ser o amor às letras que de novo redescubro, além do apego às sílabas do teu nome.<br /><br />Viajo pelos corpos e espíritos de outras mulheres, sem critérios que não sejam a imersão no esquecimento.<br />Ela foi-me proibida e nada mais pensei senão em quebrar a proibição.<br />Quebrei e dormito no seu leito. Sazonalmente...<br />Muito bem se mexe ela.<br />Há ginásticas que nada têm a ver com a alma, e a minha lentamente vai apodrecendo.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-60414698042383140852008-07-08T18:17:00.001+01:002008-07-08T18:18:35.674+01:00V de Vi<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/upui7AnKWEw&hl=pt-br&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/upui7AnKWEw&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Havia avisado de que assim que a visse não lhe falaria, encostaria meus lábios nos dela.<br />Que grande par de mamas. <br />Tomaram muitas miúdas de vinte anos terem o corpo como o dela. Agradou-me ter quarenta anos, ser de Cabo Verde e desejar alguém dentro dela, ou quem sabe nas suas órbitas.<br />Faltam-me três países para correr os PALOP todos.<br />Havia recambiado a filha não sei para onde.<br />Casa de desempregada sazonal, saudou-me com velas, uma cama branca coberta de pétalas escarlate de rosas.<br />Muito calma muito meiga a falar. Calma em tudo.<br />Calma demais digo eu.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-63873522409017823432008-07-08T18:08:00.002+01:002008-07-09T02:01:41.357+01:00Brisa Frígida<object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ZhLMgPopiho&hl=pt-br&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/ZhLMgPopiho&hl=pt-br&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />Veste-se com denodo pela moda que regendo vai.<br />Nas ambas vezes se sabe vestir e arranjar. Assenta-lhe bem qualquer roupa que coloque. <br />Por outro lado, espreita por entre os anacrónicos olhos, o olhar magoado de cachorrinha assustada. É angolana com uma pele um pouco mais escura que a minha.<br />As primeiras leis do jogo foram :'1-Penso noutra pessoa e 2-Sou bissexual.'<br />Beijámo-nos, na esplanada do restaurante com as melhores francesinhas de Lisboa, gerido por uma família de chineses. <br />Estou-me a cagar para isso, quero lá saber das tuas preferências. Já me bastam os meus desejos e fantasias. Quero é comer-te impregnar-me de ti, cheirar-te, engolir-te e perder-me em ti, tu não contas para nada, és só o meio onde me quero perder para depois me encontrar.<br />Quero é saber a que sabe o sabor da tua língua.Quero é afogar-me na tua carne como um porco com cio que se rola na estriqueira.<br />De noite na Expo deixei-me inibir com os cabróes dos pescadores mirones que insistem em passar mais tempo a olhar para dentro dos carros que ordeiramente pastam no pontão de cimento o salubre encosto dos corpos, que a aflição dos peixes presos pela vida na ponta de um anzol.<br />Noto-lhe pequenos triunviratos de pelos nas auréolas dos mamilos, e logo a minha incontinência judicativa nota o contraste entre a atenção que demonstra na roupa e descura no corpo. Deve doer arrancar pelos dos mamilos.<br />Detenho-me a notar com agrado a diferença de cor da minha carne branca e do auréolo de chocolate que me acolhe ignoto e molhado.<br />Olha para mim como se eu a estivesse a foder. Vinte e quatro ou vinte e seis anos, quem gosta de mulheres não se deixa impressionar com homens em cima. Dei por mim no regresso a casa a cheirar o cheiro de sua vulva nos meus dedos espalhado, como sempre, algo estremece no fundo de mim, espreitando-me algo daquilo que apenas aparenta ser.<br />Dei por mim no seu quarto. No quarto da mulher que eu esperava ser uma bomba, mas deparei-me com o Nemo na cama e golfinhos pululando pelas paredes. Senti-me no jardim da Celeste, quando entrei nela cruzou os braços em protecção, e fico sem saber qual de nós dois está mais próximo do poço da patologia.Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-38722558.post-24040070180614751232008-06-03T00:35:00.005+01:002008-11-25T13:31:26.307+00:00O retrato colorido das minhas mulheres<object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CEh2N5hmPVM&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/CEh2N5hmPVM&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />A vida de Susana Pascoal<br />(ensaio filosófico em forma de ficção)<br /><br /><br />Intro<br /><br />Sou daquele tipo de pessoas que nos acidentes de viação procura sempre ver a carne e as lascas dos ossos no tablier, e o sangue no asfalto.<br />Gosto de olhar para as pessoas, do baixo da minha timidez, e da minha amargura para com a vida e pensar que dores, ódios, amores, desilusões, abusos, forjaram o corpo e a mente da pessoa que diante mim observo. Sou um vampiro à custa das vidas e emoções das outras pessoas, para depois vir para este blog escrever, para sugar já não a vida e a emoção, mas a possibilidade de atenção.<br />Sou uma pessoa desprezível não é?<br />Não sou frequentador assíduo de blogs e de bares (oh, como passo ao lado da vida...) mas não sei se existem blogs em forma de livro, ou livros em forma de blog, no entanto é o que este pretende ser. Com a perda de alguma estrutura e coerência temática, ganha pela espontaneidade decorrente da disponibilidade do autor. Cessará quando sentir que o assunto já não me interessa.<br /><br />Certa carne é mais tenra que outra.<br />E cerrei os dentes numa personagem por mim criada a partir de uma personagem real.<br />A minha personagem tem semelhanças com uma pessoa da vida real.<br />Chama-se Susana Pascoal, tem trinta e um anos, e é uma rapariga como milhares de outras. Gosta do seu barzito, do seu séquito, disco de vez em quando, um concerto com as bandas da moda, música que não ofenda a sua sensibilidade, autores que se podem encontrar em qualquer livraria. Teve uma infância normal, brincou com bonecas, continua a brincar com bonecos, era fã dos póneis da televisão, foi ao cinema ver «A Branca de Neve e os Sete Anões», via «Os Amigos de Gaspar», hoje vê sitcoms, teve discos de vinil do Avô Cantigas, e usava tranças quando ia para a escola. Teve, tem, terá uma beleza média, o acne da adolescência e do rubor passou-o num grupo de amigas mais feias do que ela, onde por vezes se sentia especial. Há sempre um amor de adolescência e com ela não foi excepção.<br />É segredo, mas perdeu a virgindade no secundário e quando chegou à Universidade já sabia que não tinha mais nada a aprender acerca do amor. Encontrou alguém, a quem se agarrou, não interessam os motivos, até uma personagem tem direito à privacidade, mas era uma âncora para o mar incerto de andar de braço em braço sem nenhum abraço chamar seu.<br />É como todas as mulheres um poço de aplicação e abnegação e acaba o curso no tempo regulamentar e safa-se na vida num recanto da função de todos. Começa a planear e a efabular a vida futura...Algo acontece e esse sonho desmorona-se. E muito mais coisas que se revelarão por si. Mas é este acontecimento traumático que nos interessa.<br />O ponto de passagem da minha personagem, para a pessoa real (aliás a sua justificação enquanto existente - da personagem ou da pessoa?!!) é um acontecimento traumático já por mim observado algumas vezes.<br />Chamo-lhe muitas coisas, mas gosto de ver este tipo de trauma como um puxar de tapete debaixo dos pés de uma pessoa. Chamo-lhe «a queda».<br />A queda do virtual para o real. Virtual de sonhos, aspirações, desejos, fantasias, para o real da vida crua e sempre além das expectativas.<br />No fundo, o lodo em que me movo, é o do absurdo. Partindo de Camus, comento-o, é que se para ele o absurdo é o silêncio do mundo à tentativa de doação de sentido por parte do homem, a queda é o ruir desse sentido. A partir daí nada nasce.<br />Gosto de esmiuçar estes acontecimentos porque eles representam algo que força o fio da tua vida a um rumo diferente...nada será igual a partir deles...<br /><br />Fio...nó...<br />Como qualquer nó, este que a minha Susana tem, é a interrupção de um fio.<br />Digamos, simplificando, que o fio é a sua vida.<br />O fio que entra é o mesmo que sai. Mas não é o mesmo fim. Tal como os restos mortais que sobram após um destes acontecimentos, não são a pessoa de outrora.<br />O fio após o nó não é o mesmo.<br /><br />Mas antes de falar de mim, enquanto ficção de mim mesmo, falemos da minha Susaninha. É a minha ferramenta de verborreia. Algumas ideias e expressões literárias de minha safra serão transmitidas através dela.<br />A custódia pela personagem foi um processo longo e penoso, mas terminou num empate, nem ela foi encornada, nem eu tenho de pagar pensão alimentícia, ou direitos de autor.<br />Optei partir de uma personagem real, pois a personagem real que escolhi é já um símbolo que subsume o tipo de pessoa, temáticas e problemáticas que a personagem virtual pretende reflectir. A Susana é só um pretexto para o texto.<br />A queda, mostra-nos com clareza cristalina como a alma das pessoas é frágil, e sensível aos acontecimentos, e que não tem de ser tratado a não ser com a ligeireza com que um assunto sério merece.<br />Sou daquelas pessoas que gosta de ver os acidentes, a carne e as lascas de osso no tablier, o sangue no asfalto. O trauma é também um acidente. Gosto de saber para onde o carro ia, a que velocidade, qual o trajecto percorrido, quais os erros do condutor, se a estrada estava em conduções...chapadas da vida como se diz nas conversas de bar...<br />Trama, tédio, ilusão, desespero são os ingredientes deste monólogo na primeira pessoa, a Susana o meio pelo qual eles se misturam, não vejo motivos para que estas letras não sejam um best read...<br /><br />JCNF<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/bTYNW8UmcQI&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/bTYNW8UmcQI&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Susana Pascoal<br /><br />31 anos, solteira, entre relações públicas, psicologia, Sociologia, aposto que és formada em Sociologia. Durkheim não engana.<br /><br />Muito poucas empresas contratam licenciados em Sociologia, portanto aposto que trabalhas num organismo público, o que se comprova pelo afinco com que dizes que és muito ocupada. É típico dos funcionários públicos.<br /><br />Fisicamente, és bonita, nada de espampanante, mas já comi pior e a pagar :D<br /><br />Para o meu gosto falta-te um bocadinho de carne, mas também não acho graça a morenas.<br /><br />O rabo não da para ver, mas pelo diâmetro da cintura, tens um belo exemplar.<br /><br />Mas tens compostura e brio contigo, o que é manifesto, especialmente na forma de vestir, apreendida em duas versões diferentes, ambas extremamente normais. Sabes que o normal agrada a toda a gente... És a namoradinha perfeita para casar, do senso comum, és convencional e normal de tal forma que és boa para mostrar aos amigos. Sim que isto funciona por hierarquias status quo e cenários.<br /><br />E tu que leste Durkheim, sabes disso.<br /><br />És, como toda a mulher convencional, observadora da moda convencional.<br /><br />Por isso mesmo, és um objecto de desejo. És apresentável e é o que toda a gente espera que seja o mínimo denominador comum de uma namorada bonita e de acordo com estatuto médio. É também nesse meio que procuras as tuas relações, que isto de andar com pés rapados não só vai contra o teu desejo de mulher de 31 anos de constituir família, como achas que mereces um homem no mínimo com o mesmo estatuto que tu.<br /><br />Como és bastante solicitada, já deves até ter casado ou vivido junta, com alguém.<br /><br />O motivo da separação, é que não vejo sequer descortinado parcialmente. Trocou-te por outra? Mais bonita, de melhor estatuto, não creio. Talvez se tenha fartado de ti, o que te deve ter custado atrozmente.<br /><br />E provavelmente ele foi o namoradinho que esteve contigo durante a formação, desde o secundário talvez, onde achaste ter uma sorte imensa em o ter para ti, e após alguns anos começaste a acarinhar a ideia de constituir futuro com ele. Talvez.<br /><br />Talvez tenha sido por não suportar a forma como és dada. És impulsiva. E essa impulsividade de certeza que já te trouxe dissabores. Reparei na forma como agarras o copo, numa das tuas fotos. A genica, a falta de delicadeza demonstram uma vontade só domada por um instinto ainda mais forte. A tua racionalidade é marioneta do teu desejo e depois dás com a cabeça na parede. Talvez ele não tenha suportado isso, talvez não tenha tido mais vontade de continuar a ter paciência...talvez se incomodasse com outros.<br /><br />É bom o corpo quente de um varão encostado ao teu, promessa latejante de prazer, força que espreita por debaixo de cada músculo, de cada nervo e esgar arfante, tu ondulando no prazer que cavalga a força que te pode desfazer como se a dominasses, és tu a brincar com o fogo, e dominas a teus olhos, pois todos te tratam como uma princesa...com a sudação e o arfar a meio de uma noite quente, que o teu corpo exige, demanda entregar-se. Por vezes consegues controlar, outras não, e ele talvez se tenha fartado disso e não se quis sujeitar. Talvez, talvez. És uma contradição, na forma como agarras o copo, és sincera e cruamente natural. Mas és tudo menos sincera. És uma jogadora. Jogas com os homens, brincas porque também é fácil brincar com eles, e nisso assististe a uma metamorfose desde os teus tempos de secundário, onde de borboleta, passas a viúva negra, porque na tua teia só moram agora os restos mortais das memórias passadas de corações destroçados e sonhos destronados de antigos amantes e aspirantes a tal.<br /><br />Como as coisas não resultaram, foi como se te tirassem o tapete debaixo dos pés.<br /><br />Foste-te abaixo, custou. Muito.<br /><br />«You say<br />One love, one life<br />When it's one need<br />In the night<br />One love<br />We get to share it<br />It leaves you, darling<br />If you don't care for it»<br /><br />Moraram uns anos juntos, mas com a separação tiveste que refazer a tua vida, talvez numa casa nova, ou talvez na casa dos pais. Aposto que foi para uma casa nova, hoje em dia a segurança do trabalho estatal permite isso e tens a mania e o orgulho de que és independente. Na tua casa nova incomoda-te a falta do que sonhaste, e por vezes quando o corpo e o sangue apertam, levas um amigo para partilhar o leito e o sexo. Mas não podes, nem queres, nem consegues ver-te numa relação.<br /><br />A tua vida está confusa, tu estás confusa, estás no meio do deserto sem ponto de referência. Repito, acho que és uma pessoa muito carente, e estás muito desorientada, não podes nem queres envolver-te com ninguém.<br /><br />Julgas que tratas os homens e os seus desejos por tu, és uma jogadora, uma sedutora, no fundo não passas de uma menina com uma varinha de condão que descobriste e manuseias com exactidão, plenamente convicta em surdina de que o teu horizonte temporal de fascínio, já teve o seu jubileu, e na medida em que a areia se afunda no funil da ampulheta, também o que tens a teu favor, se torna numa corrida contra o tempo para voltar a sonhar e a concretizar o sonho antigo.<br /><br />O doce sabor da boca que te beija, da língua que te arrepia, dos dentes no lóbulo da orelha que te faz tremer o corpo, os lábios que estrangulas com os teus, os gemidos que soltas quando meneias a cabeça ao som da brisa que promete o prazer quase a chegar, o desejo tão forte que parece que a carne é o empecilho de dois corpos que querem deixar de o ser, a fonte que te escorre entre as pernas, quentes as tuas coxas, inebriante o teu sumo, sentires dentro de ti o outro e o espasmo em que a Natureza fala a sua língua e encarquilhas como as folhas secas do Outono, após te tremerem as pernas...amor, quando fores velha, apenas levas as rememorações...<br /><br />Mas não consegues. E pensas que já passaste por muito e que a vida foi dura para ti, e isso dá-te uma falsa superioridade moral, porque a tua vida não passa dos mesmos lugares comuns, de projectos não teus projectados em pessoas iguais a ti, e que formam uma espécie de fraternidade de desconhecidos íntimos, e não apenas nos bares e discotecas que frequentas, na Ericeira e não só, e dá-te uma sensação de exclusividade e bom gosto, não é? Para ti, bom gosto é apreciar um bom vinho, não porque lhe sintas o sabor e ele te transporte, mas porque ao sorver o líquido estás a fazer o que é apanágio do estatuto, aliás quase tudo o que aprecias é uma escada para um degrau mais acima, especialmente algumas canções de que citas os poemas sem os teres ouvido na pele e ruminado em silêncio.<br /><br />Mas os homens não têm, desde então, passado de uma procissão de desilusões, porque não os respeitas...Uma voz de mel, um sorriso na altura certa, um beijo que eles dão pensando que te conquistam a pulso, quando és tu que te armas em sereia e eles não têm cera nos ouvidos (desta vez é à Odisseia que tens de recorrer), e voltam a casa com o coração cheio, mas tu só paras quando os levas à loucura, quando satisfazes a voracidade que te arde no baixo-ventre, olhas para o lado e cospes para a vida vitupérios por não te fazer apaixonar por ninguém, e por os homens serem todos iguais, tão fáceis, e o demónio mora no teu sangue e dele não sai por isso o desespero aumenta porque sabes que não adianta fugir.<br /><br />És a pessoa que eu não conheço mais manipuladora e calculista. E és transparente para mim.<br /><br />A forma como agarras o copo é um meio caminho entre a «classe» que achas que deves ter, e o bastião a que te agarras para te sentires integrada num falso grupo de pseudo hedoneidade. ( não confundir com idoneidade)<br /><br />A forma como te ris para a foto, é uma forma não sincera mas ainda de manutenção de personagem.<br /><br />É o mundo que conheces e o que está fora dele, deixa-te pouco à vontade.<br /><br />Sabes portanto, jogar com os homens, e já pouco te surpreendem. Susana, és água morna.<br /><br />Gostas de música de chill out, Gotham Project, e semelhantes, vibras com tudo o que esteja na moda, ou que esteja na moda por não estar na moda como Bob Marley...tu que nunca fumaste um charro, ou pensaste na denúncia social, ou como será viver em Kingston.<br /><br />Gostas de música, de música de surfistas, e de surfistas. Mas não por fazeres surf, ou meteres o corpo regularmente dentro do mar. Parcialmente porque é in.<br /><br />Na foto 2, o teu sorriso é de complacência para quem faz um disparate disparatado, ao teu lado. São estas «maluqueiras» parolas que te agradam, e trazem boas novas do inesperado da vida. Do seu colorido. És complacente com esse lado da vida, porque a tua já te dá uma superioridade moral, tu a menina que já sofreu tanto, que se julga acima das parvoíces bem aceites dos outros.<br /><br />Não te apaixonas ou deixas apaixonar, porque já não acreditas. Não porque tenham sido uma desilusão, mas porque pensas que já dominas o jogo por completo.<br /><br />Contigo ele é jogado indiferentemente para os sentimentos rápidos dos homens que te querem.<br /><br />A casa recente onde moras, numa qualquer urbanização cobiçada ou com qualidade visível por fora e vizinhos atentos e preconceituosos como tu, deve ser demasiado grande para o teu sonho ou projecto de vida futura e deves precisar de algo que te preencha o espírito, como Yoga, sessões de massagens, body pumps ou qualquer outra actividade que te preencha a espiritualidade, esteja na moda, e acima de tudo te relaxe.<br /><br />«Love is a temple<br />Love, a higher law<br />Love is a temple<br />Love, the higher law<br />You ask me to enter<br />And then you make me crawl<br />And I can't be holding on<br />To what you got<br />When all you got is hurt»<br /><br />Términus<br /><br />Vou terminar.<br /><br />Aposto que deves estar indignada (vais dizer indiferente) comigo. Pensas que não gosto de ti. Se pensas isso após ter escrito 6 páginas ter passado o hi5 a pente fino, és mais burra do que o que pareces, meu cotão de ternura. :D<br /><br />É caso para perguntar « Did I disappoint you<br />Or leave a bad taste in your mouth?»<br /><br />Eu só respondo com uma das minhas partes preferidas da canção « Well, it's too late<br />Tonight<br />To drag your past out<br />Into the light<br />We're one<br />But we're not the same<br />We get to carry each other<br />Carry each other<br />One»<br /><br />E carrego-te deveras dentro de mim, para sempre, a não ser que me dê um AVC e eu me esqueça de mim também. Porque ao escrever-te não foi pena que senti, mas uma enorme ligação contigo, uma pessoa que não conheço, para afirmar sequer um terço do que afirmei. Mas o que afirmei, vem dos olhos de pensar em ti e de ti, como já te disse, e não mudo uma vírgula.<br /><br />Foi muito bom, muito bom ter falado contigo, tão bom que tenho o coração com ternura sempre que penso em ti, apesar de seres uma parola e utilizares os «esquemas» mais que batidos que todas as mulheres usam para efectuarem os seus jogos. É evidente, mas nada censurável. As pessoas são feitas de hábitos. Esta carta, é como eu, e tu. Só tem princípio e fim, não tem meio. Eu interpelei-te, eu termino a interacção.<br /><br />A tua vida só tem começos, fins e poucos ou nenhuns desenvolvimentos. Com os homens, começas e acabas, não desenvolves. Com a tua carência, só a sentes e satisfazes, só a vês nascer, e trabalhas na sua morte, não a pensas e ruminas, como se fosse coisa de ruminar ou pensar.<br /><br />Irónico, para uma pessoa tão mediana, não?<br /><br />E agora a afirmação mais pretensiosa que já ouviste...<br /><br />Eu, que não te conheço, fui a pessoa, não familiar, que mais gostou de ti. E não perguntes porquê porque não ias entender.<br /><br />Só tenho um pedido, amor. Do mais fundo de mim, Susana, sê feliz. Tu sabes que não é difícil.<br /><br />Até sempre meu amor ignoto :D fica a saber que no desconhecido há algo que sente por ti.<br /><br />Carrega esse pensamento, tal como te carregarei na memória. Imaginando o teu cheiro e o teu gemido. Até sempre meu amor.<br /><br />«One life<br />But we're not the same<br />We get to carry each other<br />Carry each other<br />One ... one»<br /><br />JCNF<br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/BgZ4ammawyI&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/BgZ4ammawyI&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br /><br /><br />One<br />Intro<br /><br />Olá amor.<br /><br />Nunca pensei que estar fora do país, ou que os átrios de hotel servissem para alguma coisa.<br /><br />Neste caso serviram. Para ajudar a difundir pornografia pelas caixas de email de amigos e amigas. E para escrever isto que agora lês.<br /><br /><br /><br /><br /><br />E como quartos de hotel com televisões aleatoriamente plantadas são sempre altares de solidão, como as cidades nem sempre têm um clima acolhedor, como nem sempre a liturgia do bar e da discoteca são as minhas preces que estou no apetite de cumprir, prefiro uma garrafa de velho líquido de malte, um sofá confortável, e não me ajoelho, mas junto os joelhos como se fosse tímido, para portar o portátil.<br /><br />Ora, isso justifica a atenção exagerada à tua pessoa, até antecipada, que pode ser confundida com engate farsola, ou estupidez grave, o que grave seria, se eu me preocupasse minimamente com isso. Poderias até perguntar, porque é que embiquei contigo, porquê tu. Não sei, ou melhor, desconfio. Partilhas aparentemente de gostos meus, apesar de seres tão, tão convencional. Já exclamas, «-Que arrogante!», pensa que é diferente dos outros. Não penso, sou. É bom, e é mau. Mas como já estou habituado, e como gosto perdidamente de ser assim, detesto tudo o que é cliché, e por aí vem o espanto do confronto entre ti e mim, mim, que me acho diferente, tu que acho semelhante a tudo o resto. Ao dizer isto não estou a dizer que és mais uma, que és igual a todas as outras, que não vales nada, que eu é que sou bom, nada disso.<br /><br />Digo só que no pouco que apreendi do teu modo de operar, pensar, és clara e transparente, e não diferes no comportamento de tantas outras pessoas a quem dou atenção da mesma forma. Sou curioso, especialmente pelas pessoas, e gosto de as testar e brincar não maliciosamente com elas. Foi isso que fiz contigo e provavelmente o que fizeste comigo. Tiro prazer disso, não é um problema em nenhum senti para mim.<br /><br />Não estás a ler uma justificação. Estou a falar para mim através de ti dos teus olhos. Estás a ler um diálogo de mim para mim, a analisar o meu comportamento que analisa o teu. Não és aqui nem perdida nem achada, e só recebes estas letras, para pensares duas vezes antes de chamar a polícia, e para mostrares às tuas amigas que tens um perseguidor, um admirador, um pervertido ( o que quer que lhe queiras chamar) atrás de ti.<br /><br />Vai mais longe e diz aos teus amigos que te faço propostas indecentes e persigo compulsivamente e devasso privacidade, diz que te faço ameaças à vida. Vai ser bom para ti, que penso seres tão carente de atenção, toda a gente a sentir por ti, «-Coitadinha...» podem até fazer uma reunião lá em casa e planearem uma acção de espancamento.<br /><br />«And I can't be holding on<br />To what you got<br />When all you got is hurt»<br />Como vês dou-te algo, para poderes sorver mais um pouco de atenção, meu amor.<br />E não quero nada de ti. Repito, não quero nada, nada de ti. Até que esta seja a última vez que «falamos», pois que mais há a dizer?<br /><br />O interesse que tinha em ti, diluiu-se já fiz o perfil de ti que precisava para entender o contraste entre nós.<br /><br />O único fio de carne que nos prende, é tu poderes confirmar se o que eu digo se confirma ou não, mas nem isso é importante porque eu tenho tal confiança nos meus poderes de observação e análise, e a experiência raramente me mostra errado, que mesmo que contraries o que direi, não aceitarei facilmente a correcção.<br /><br />Disse «- Até que esta seja a última vez que «falamos» » porque não é final, porque de mim nunca ficarás sem resposta, mas se nada me disseres também não tenho mais nada a dizer. E não direi.<br /><br />«We're one<br />But we're not the same»<br /><br />E sabes o que é mais engraçado? É que acho que raramente brincaram contigo, e desta vez comeram-te as papas na careca por duas vezes.<br /><br />Uma, parolamente, foi quando utilizo uma táctica de triangulação usada nos radares, neste caso bastou analisar o perfil dos teus amigos e amigas filtrar as susanas, observar estatisticamente a probabilidade de ocorreres em perfis diferentes e eis que tenho 90% de certeza de que a pessoa que penso que és nas fotos é aquela que és realmente. O teu perfil é psicológico, mas baseia-se no que dizes, como dizes e na tua postura no momento das fotos além do olhar os teus olhos, e cabelo na tua cara feia. :D<br /><br />É o que faz «teres a mania» de seres esperta, perfil sem foto para ninguém te topar, e depois quando te falo em foto, respondes «-Brevemente.», como se fosses tu que mandasses no jogo, ou como se estivesses a falar com alguém amorfo, que ficaria em suspenso da tua boa vontade. Se algo interessa, vai-se atrás.<br /><br />Mas deves ter muitos «admiradores» a fazer isso, não?! :D<br /><br />Outra foi, que sem dares por isso, eu roubei-te um beijo. Se o beijo é uma troca íntima entre duas pessoas, à superfície da pele trocando a respiração que nos vem de dentro, onde ambas se confundem porque se misturam, onde as línguas tentam sempre ir mais fundo no ser do outro que se beija, fora de lirismos, foste beijada contra a tua vontade.<br /><br />Através da maior superficialidade, alguém, que nunca te viu tentou apreender o que de mais profundo de ti poderia ser apreendido neste meio de comunicação, entregou-se às imagens de ti que pensou encontrar, misturou a sua interpretação com aquilo que realmente és, e o resultado é algo que reconhecerás como vagamente teu, como é o sabor da pessoa que beijamos, na palma da nossa língua quando apartamos o beijo.<br /><br />Fora de lirismos.<br /><br />Unidos estamos na minha interpretação, algo de mim com algo de ti.<br /><br />Estiquei os braços para ver se te apanhava, mesmo que sejas horrível, eu sou o princípio activo, és apenas a boca a quem roubei o beijo.<br /><br />E mereces, porque não sei porquê, nunca escrevi tanto para ninguém como para ti, estranho, mas a vida é uma surpresa.<br /><br />Vais negar, com a mesma convicção que eu nego a tua negação da minha interpretação ( acho que o Teco teve agora um colapso), mas o que é certo é que eu provei-te.<br /><br />Sem nunca te ter visto, sem ter ter tocado, cheirado, observado ao vivo.<br /><br />E a minha Susana, não é uma ficção. O resto que possas dizer é irrelevante.<br /><br />Como se diz na minha terra, toma e embrulha.<br /><br />JCNF<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/wQBrn6trEwI&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/wQBrn6trEwI&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br /><br /><br /><br />Aguardo, Sangro<br /><br /><br /><br />Menina de maninhos dedos<br />Torvelinhos de amor<br />Na boca incrustados<br />Exalo o ar rarefeito<br /><br />Dos seus medos<br />Ecos de ancestral dor<br />Sonhos em terra prostrados<br />Aninhados no seu peito.<br /><br />Apesar dos cardos e rochas<br />Que no meu caminho se agitam<br />Os meus beijos foram as tochas<br />Das únicas sombras de amor que se avistam.<br />(e em lume brando não se alistam)<br /><br />Procuras aqui, reflexos de um espelho<br />Sobre ti tal é o medo da opinião alheia<br />Sombra sombra do receio tão velho<br />Nascido de uma visão do mundo tão tão feia<br /><br />Rubicão, zénite equinócio segredos<br />Em íngreme subida pela pele suada<br />Ofegantes suór, cabelos suspiros e degredos<br />De voracidade não não não mitigada.<br /><br /><br />Montanha triângulo perto do vértice<br />Mais alto a seguir se segue baptismo<br />O caos a desrazão cesso o juízo no vórtice<br />Do meu desassossego, mergulho por fim no abismo.<br /><br />Linguagem além desta mensagem<br />Em palavras ocas traduzidas<br />Traduzindo a fugaz miragem<br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/L43jk_3FGrI&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/L43jk_3FGrI&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br /><br /><br />Em fotos de uma longínqua menina...à luz trazidas.<br />(estás satisfeita? De ti falei pela memória...)<br /><br />O gongo soou<br />E nada agora termina<br />Quem sabe que amou,<br />Está sempre no dobrar da esquina.<br /><br /><br />_ _ _<br /><br /><br /><br />O azedo mora no teu vómito<br />Quem sabe se ainda estás em jogo<br />Sim? Não?...<br />Se sim fico atónito<br />Porque após a força da tua negação...<br />transforma o gelo em fogo.<br /><br />Desgasta-se o amante<br />Em jogos de rins<br />Mas te enganas se julgas<br />A mins<br />Com os mesmos medos que tu<br />Sou capaz de me entregar<br />Colocar completamente a nu<br />A dolorosa não me mete medo<br />E eu sempre te disse que tenho vísceras vivas<br />E só o medo menoriza<br />Tens com o teu vivido<br />Eu com o meu morrido,<br />Não tenho medo,<br />Só teme quem tem algo a perder<br />Eu nada tenho a não ser a memória da tua pessoa<br />Que só desaparece quando eu desaparecer<br />Nem me vou destroçar<br />Porque ninguém nunca por ti teve tanto bem querer<br />Tanto beijo terno por dar.<br /><br />Só o medo mata.<br />Faz anos que não tenho medo.<br />(enquanto formos bonecos animados um para o outro jamais seremos Homem e Mulher)<br />-são mais que quatro os olhos que aqui vão jazer -<br /><br />JCNF<br /><br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/1N29vkIT3eo&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/1N29vkIT3eo&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />(Dedicado a Sónia, o pavão sem penas)<br /><br />Stalker, Bram Stalker<br /><br />«É talvez o grande fracasso humano: a desproporção entre o valor e a dimensão. Não há nada que tenha o tamanho que mereça. (...) Acontece, registo, acontece, registo. Mas é tudo mentira (...) Maior tragédia do que esta não existe.» MEC, Cemitério de Raparigas, p. 307<br /><br />Rapsódia Solipcista<br />Doce Sónia<br />A melhor parte de roubar a vida a alguém<br />É o olhar, não quando ameaças, não quando magoas,<br />Nem quando vê a faca, é o olhar quando sente a faca em si<br />Rasgando a carne, prenunciando a morte que a caminho vem<br />Assim os vampiros, recolectores em emoções viciados, assim as pessoas<br />A entrega com reservas de alguém os juízos precipitados de ti<br />Ambos o frio da lâmina sentimos, ambos sabemos que é a morte<br />E não é preciso ter os colhões cheios para falar de amor<br />O teu templo é uma miragem longínqua do vento secreto, voltas que dá a sorte.<br /><br /><br /><object width="425" height="344"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/ORSzfw8FE-o&hl=en&fs=1"></param><param name="allowFullScreen" value="true"></param><param name="allowscriptaccess" value="always"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/ORSzfw8FE-o&hl=en&fs=1" type="application/x-shockwave-flash" allowscriptaccess="always" allowfullscreen="true" width="425" height="344"></embed></object><br /><br />E preciso e sorvo todo o amor a que consigo aceder<br />Não te assustes de sentir tanto.<br /><br /><br /><br /><br />365 vezes, um ano e tal<br />Pouco mais que olhares<br />Uma mão de palavras vazia<br />Não evitam afinal<br />Preconceitos e juízos, e pensares<br />Que me tivesses conhecido algum dia.<br /><br /><br /><br /><br />Às vezes, o mundo é duro e cruel<br />Só estamos cá para perder<br />Abençoa-me antes de te despedires<br />Despojada dos preconceitos que vestires.<br />Nua.<br /><br /><br /><br /><br />Estás condenada<br />Roguei-te uma praga<br />Estamos os dois na cama agarrados<br />Deitados num fardo de feno<br />Entrelaçado como meus braços nos teus<br />Festejando-te num leve aceno<br /><br />Os meus votos de silêncio são meus lábios molhados<br />Que tua língua alaga.<br /><br /><br /><br /><br />Cessa a tua boca cheia de guerra<br />Danço comigo mesmo<br />Dá-me o teu som<br />Dá-me o teu cheiro<br />Sorvo-te e como é bom<br />Ver-te vires-te comigo em tuas pernas prisioneiro<br />Vem-te primeiro.<br /><br /><br /><br /><br />Não, não sou bruto ou agressivo<br />E que o fosse, ou castrador<br />Quem sabe se frontal<br />Foi por amor foi por amor<br />Foi por amor meu amor<br />Eu porque à dor tanto me esquivo<br />Queimo-me não por ser vela<br />Mas por ser castiçal.<br /><br /><br /><br /><br />Castiçal que se afoga em cera<br />Desesperado e suplicante<br />Pelo respirar de uma boca que quisera<br />Viver beijando-me num amor não degradante.<br /><br /><br /><br /><br />Se continuas com vitupérios<br />Acerca de mim formulados<br />As tuas palavras serão adultérios<br />Do silêncio dos nossos beijos não dados.<br /><br /><br /><br /><br />Persigo sim senhora o objecto<br />Do meu desejo tornado<br />Ternamente delineado o projecto<br />Bastante directo, sim<br />Ardo por saber se o que de mim para mim<br />Digo, tem no objecto, o efeito planeado.<br /><br /><br /><br /><br />Porquê?<br />Porque sou descompensado.<br />Talvez louco.<br />Vivo o amor a três.<br />Eu, o outro, e eu outra vez.<br />Amando nunca se está acompanhado<br />A outra é muito pouco...<br />Não se vê?<br /><br /><br /><br /><br />Não consigo dormir<br />Sonhando com o amor que vou fazendo<br />Dentro da minha cabeça.<br /><br /><br /><br /><br />E muitas susanas pululam por aí<br />Um cemitério de raparigas<br />Na minha recordação<br />Objectos artefactos<br />Desta forma de masturbação<br />Amo-me através de outras<br />Degraus de mim para mim<br />Cachorro que persegue a própria cauda<br />Dervixe de mim mesmo encarnado<br />É por mim, por mim, amor, que estou apaixonado...<br /><br /><br />Que a tua potência judicativa não aplauda.<br /><br /><br /><br /><br />Escapo da franja<br />Fria e sem dó<br />Não me quebrarás<br />Nas trevas, mas ainda vejo<br />Cala-me droga-me<br />Fode-me como uma puta<br />Venho-me lentamente<br />Quando me podes acompanhar<br />Faz-me chorar para lavar a mágoa<br />E para poder afundar.<br /><br /><br /><br /><br />No meio do inquietante negro gentil da noite, por mim me apaixonei<br />Na forma de uma qualquer susana<br /><br /><br />Efabulação de diamante chicote memória em açoite, não procurando<br />Um sim mas uma fantasia soberana.<br /><br /><br /><br /><br />Às vezes sinto-me (como ela) destroçado<br />Sozinho e no fim embalado<br />Dá-me vontade de regurgitar<br />Fico tão sozinho desboto até já nada restar<br />Independentemente dos corpos que tenho à disposição<br />Olho para o espelho e vejo algo translúcido que já não é o João.<br /><br /><br /><br /><br />Com esse par de lábios<br />Com esse pôr de lábios<br />Que são teus<br />Conduziste-me até ti<br />Seduziste-me até mim<br />Fui então fundado<br />Esfomeada precisavas de mim integral<br />Agora sobram os restos mortais<br />E a areia nos meus braços<br />Ainda me sinto esventrado<br />A espada lancina ainda na minha alma<br />Teus caninos no meu pescoço<br />Ou a cicatriz do julgamento sumário<br />Feito como amor escondido num armário<br />Por sobre máscara anual de um(a) falsário<br />Transformada no teu sudário...<br />Abandonaste-me dissecado, sorvido, esventrado<br />Não mergulhes de cabeça nos meus olhos<br />Faz muito tempo que água não tem<br />Apenas escolhos<br />Rememorações cicatrizes escombros<br />E sorrisos dos nossos confrontos...<br /><br /><br /><br /><br />A quem quer amar:<br />O amor é uma maleita,<br />Que o corpo não aceita<br />Que a alma não rejeita<br />O Amor<br />Não paga contas não dá indicações<br />Regula a tua vida pelo seu bater sincopado<br />Do teu coração por ele destroçado<br />Não aceita reservas nem dá justificações<br />Fica uma vida inteira de ti se alimentando<br />Acelera o fim, queimando os momentos que ao teu lado vão passando.<br /><br /><br /><br /><br />Eu :<br /><br /><br />Queria ter um momento<br />De alegria felicidade<br />Por cada abismo onde me lancei<br />Ao pensar que o amor era um alento<br />Da sinceridade igualdade reciprocidade<br />Cheguei até hoje sabendo que me enganei.<br />Olho agora para os desertos<br />De areias caveiras e arrais<br />As memórias são esqueletos despertos<br />Que não deixam esquecer os amores em que me dei demais.<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CXKxs8Ge_9g&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/CXKxs8Ge_9g&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />JCNF<br /><br />Front 242 - Headhunter<br />Today he has no means<br />He's a lone man anonymous<br />But written in his cells<br />He's got the marks of a genius<br />I'm looking for this man<br />To sell him to other men<br />To sell him to other men<br />To make us rich and famous<br /><br />One you lock the target,<br />Two you bait the line,<br />Three you slowly spread the net<br />And four you catch the man!<br /><br />I'm looking for this man<br />To sell him to other men<br />To sell him to other men<br />At ten times his price at least<br />I'm looking for a man<br />Who knows the rules of the game<br />Who's able to forget them<br />To realize my aim<br /><br />One you lock the target<br />Two you bait the line<br />Three you slowly spread the net<br />And four you catch the man<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/lPpUFBVSyWs&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/lPpUFBVSyWs&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Caçador…<br /><br />Agarro-me a ti de garras afiadas de forma mais brusca que ao copo, quero-te rasgar a pele, feri-la, morde-la, deixar dela jorrar o sangue, impuro, pestilento do teu corpo…<br /><br />Carregas uma arma, um punhal, e procuras atingir meu coração desenfreadamente. Falhaste o alvo e atiras ao lado. A tua sobrevivência dependerá da minha morte ou pelo contrário morres quando eu morrer?<br /><br />Sinto-me exausta, estou cansada de lutar contra os teus moinhos de vento, estou farta de lutar contra ti, de me justificar, de tentar erguer o meu nome que estendeste na lama. Também não tenho de o fazer. Insulta-me, enxovalha, odeia-me… o que é isso perante a graciosidade, a grandeza do meu verdadeiro ser.<br /><br />Mato-me aqui para ti, de forma rápida, tal como apareci deixo de existir.<br /><br />Adeus<br /><br />Morri.<br /><br />Susana<br /><br />Cadáver Ressuscitado<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/xwFPjw9xAyU&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/xwFPjw9xAyU&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />«Giunse alfin il momento<br /><br />Che godrò senz’affanno<br /><br />In braccio all’idol mio.<br /><br />Timide cure,<br /><br />Uscite dal mio petto,<br /><br />A turbar non venite il mio diletto!<br /><br />Oh come par che all’amoroso foco<br /><br />L’amenità del loco<br /><br />La terra e il ciel risponda,<br /><br />Come la notte i furti miei seconda!»<br /><br />Mozart, As Bodas de Fígaro<br /><br />(Suzaninha)<br /><br /><br /><br />«Se as mulheres conseguissem gostar do que gostariam de gostar seríamos todas felizes.<br /><br />As pessoas ficariam na miséria, mas as almas andariam nas palminhas.»<br /><br />MEC, A vida inteira, p. 51<br /><br />Letras não são tretas caro leitor.<br /><br />Basta olhar para as mulheres belas, atraentes, que diante de si caminham.<br /><br />«-Mortas?!» - exclama o positivista uranista de determinada ideia de o que seja a razão.<br /><br />«-Mortas.» - exclamo eu, o pessimista das ciências humanas, como se existissem outras.<br /><br />Há dois tipos de morte, caro leitor.<br /><br />«Há quem viva sem dar por nada, há quem morra sem tal saber», já dizia o poeta.<br /><br />A morte física nem é a morte mais importante. È apenas uma morte por deficiência do material. Não uma morte onde o material se torna supérfluo.<br /><br />Eu explico.<br /><br />Quando morremos, é porque não conseguimos continuar a viver.<br /><br />Ou os orgãos falham, a combustão do oxigénio faz das suas, a replicação celular, dá de si, ou seja, envelhecemos.<br /><br />Ou...<br /><br />Ou, morremos estando no pleno da força da nossa juventude. Há a morte não do corpo, mas da energia que o anima, eu chamo a essa energia fé e esperança, a um mesmo nome, amor.<br /><br />Não apenas um sentimento de um futuro em aberto, mas uma crença profunda no valor de existir, de que vale a pena.<br /><br />Imagine o querido leitor e a devota leitora, no que se transforma a vida quando nela não se acredita, a ponto de a morte se tornar igual à vida...<br /><br />Pois bem, acertou... a vida transforma-se em morte.<br /><br />Por dedução lógica, aquele ser vidente que passa pela vida como um adiamento do fim desta, é o mesmo que aquele que está morto.<br /><br />O contrário de estar vivo não é estar morto. É não estar vivo. Estar morto, é contraditório, e não contrário a estar morto. Paradoxal, porque se contraditório, nega a evidência de se estar vivo.<br /><br />Estar morto não é uma condição, e até que alguém me diga que estar morto é estar como não existente, mantenho as minhas reticências.<br /><br />Este palrear todo, para introduzir o leitor nesta minha posição de que há gente viva que está morta.<br /><br />Conheço muita gente assim.<br /><br />A minha doce Susaninha foi a última que conheci.<br /><br />Interessa-me sumamente como personagem literária, texto para pretexto, mas é tão convencional que pode servir de etiqueta, subsumindo todos os cadáveres que infestam por aí o ar.<br /><br />A importância de falar em morte e amor nos mesmos contextos e parágrafos, é uma evidência que o próprio leitor e leitora podem comprovar, no conforto da própria pele.<br /><br />Nenhum ser humano, a não ser que já falecido, concebe a finalidade desta vida, ou seja a felicidade, sem a relação amorosa.<br /><br />Curioso, não acha caro leitor, como se associa a finalidade a felicidade.<br /><br />Fim, e feliz, são irmãos de mãos dadas, e com isto não falo em suicídio.<br /><br />Embora amar seja uma forma de suicídio.<br /><br />A não ser que tenhas a capacidade de por ti mesmo (a), ressuscitar.<br /><br />Como? Não deixando que a morte te mate. O que é a morte?<br /><br />Deixar de acreditar na vida.<br /><br />Deixar de acreditar na vida é deixar de acreditar no amor.<br /><br />Muito aéreo? Muito teórico? Muito abstracto cara Susaninha?<br /><br />Nada como juntar uma pitada de diluente.<br /><br />E eis que transcrevo a minha experiência com o cadáver Susana.<br /><br />No cadáver, não há muito a conhecer a não ser a causa da morte.<br /><br />Interessa-me saber como morreram.<br /><br />Não vagueando, aqui deixo o meu encontro com a Susaninha.<br /><br />O meu engodo, era saber qual o seu trauma.<br /><br />O dela era o despeito, por mim, por ter feito pouco das suas capacidades de sedução.<br /><br />De ter mancebos a suplicar pela sua atenção, a bajular, por dá cá aquela palha, enfim, toda a devoção que os sedutores gostam, a saber saberem-se ser a religião de alguém.<br /><br />Ora sendo eu agnóstico, não sou facilmente seduzido, a não ser com a promessa de descobrir uma peça defeituosa num motor que funciona mal.<br /><br />Já sei qual é a avaria, mas quero confirmar.<br /><br />Ela anuiu no encontro, não por interesse na minha pessoa, pas pelo despeito que já confidenciei.<br /><br />Ela sabe-se vestir. Nada de mais, mas assenta bem. Nada de roupa de casamento para o Bairro Alto, mas a roupa denota um espírito que se ocupou de como ficaria sob aquelas vestes.<br /><br />-Olá! – joguei-lhe com um grande sorriso.<br /><br />-«Olá»- retorquiu ela com fingida reserva, e com expectativa para com o tipo de pessoa que eu seria.<br /><br />-Então tu é que és a Susana traumatizada... – e ri-me da minha própria piada-quebra-gelo-encavaca-a-miúda.<br /><br />-«Eu não sou traumatizada!» - responde.<br /><br />Previsível. Nunca uma mulher responde de acordo com a vossa perspectiva, caros leitores.<br /><br />Não negais, devotas leitoras.<br /><br />Isso seria dar algum tipo de razão, seria admitir que parte de vossa ideia acerca delas estaria acertada, o que a circunscreveria a algo a que elas não gostariam de estar limitadas.<br /><br />A mulher não gosta de limites.<br /><br />Até ao pavilhão chinês, a conversa foi como ela, convencional.<br /><br />Onde trabalhas, o que fazes, não é normal falar com pessoas que conheço na net, não gostei que tenhas dito x e y, e como conheces o Nuno, etc.<br /><br />E lá fomos respondendo, impacientes pelo passar dos preliminares.<br /><br />Eu esperava ansiosamente até poder começar a dedilhar as cordas dela, a ver se cuspia a música que eu esperava.<br /><br />Ela, a ver se eu manifestava o comportamento análogo ao que ela estava habituada, dos varões que a querem facturar, mesmo que o neguem.<br /><br />Finalmente, sentados um em frente ao outro, disparei :<br /><br />- Susana Pascoal, és uma traumatizada de guerra, um cadáver - e comecei a rir-me quando me lembrei que pessoas convencionais podem levar a peito esta afirmação.<br /><br />-«Porque é que dizes isso?»- mostrando surpresa pelo aparente disparate que eu acabava de dizer.<br /><br />-Porque acho que és uma pessoa amarga.<br /><br />-«Não sou João. Eu saio à noite, e tenho muitos amigos, tenho uma vida feliz, divirto-me.»<br /><br />-Mas eu sinto que há um desencanto.<br /><br />-«Não há desencanto. Pura e simplesmente há encontros e desencontros. Ainda não encontrei a pessoa certa é só isso.»<br /><br />-A pessoa certa para quê?<br /><br />-«Para passar a vida.»<br /><br />-Há uma pessoa para isso?<br /><br />-«Acho que sim, espero que sim.»<br /><br />-E as outras?<br /><br />-«Não sou de curtes, ou one night stands...»<br /><br />Se eu tivesse gravado as conversas de outros cadáveres, teria colocado o gravador, na redonda mesa do Pavilhão Chinês, ao lado do bule do chá e teria escutado sozinho as mesmas respostas, as mesmas palavras.<br /><br />Havia-me esquecido da minha intenção de seduzir o cadáver em casa, ( do mesmo modo que gosto de seduzir fufas porque sei que são casos perdidos), e resolvi insistir.<br /><br />-Susana, eu acho que houve um acontecimento na tua vida, que condicionou todo o comportamento daí em diante. Foi uma ruptura, algo de muito importante para ti. E a tua atitude desde então, com os homens, com a vida, está sob essa sombra.<br /><br />Já sabia que ia negar. Surpreendentemente, negou.<br /><br />Fingiu o que todos fingem, um à vontade com a vida, que faz aceitar as suas vicissitudes.<br /><br />Franziu o pescoço, meneou a cabeça, e disse que apenas, apenas, tinha tido um desencontro.<br /><br />Caro leitor...<br /><br />Eu fui para confirmar um óbito, não para encontrar uma pessoa desaparecida.<br /><br />Insisti:<br /><br />-Tinham feito planos futuros. Acordavas de manhã com ele na cama e ficavas a olhar para ele e a pensar se o que o teu coração te dizia era que ele ia ser o pai dos teus filhos.<br /><br />Ficavas abraçada a ele a sentir o seu oscilar com a respiração do sono, revias a tua vida até ali, até ao momento fundamental da passagem de genes à geração seguinte.<br /><br />Quando terminou foi como se te tivessem tirado o tapete debaixo dos pés, todo o trabalho de auto hipnose que é o amor, te trouxe , para o mais fundo dos abismos.<br /><br />Tudo o que teu coração havia construído, ruíra.<br /><br />Não interessa de quem foi a culpa, dele ou tua, condiciona na mesma a tua resposta aos que a seguir se seguem. Deixaste de acreditar, mana.<br /><br />-«Não.»<br /><br />-Eu sabia que ias dizer isso.<br /><br />-«E então?!»<br /><br />- O amor, Susana, é um estado de espírito que construímos para nós.<br /><br />Mas somos espirituais, há muitas variáveis. Não há o amor em si. Só uma interpretação auto induzida.»<br /><br />-«João, isso é literatura.»<br /><br />-E aquilo que julgas que a vida é, ou que julgas que tu és, é o quê? É uma verdade matemática, queres ver...<br /><br />Um homem é capaz de tirar o tempo para te escrever ou imitar um poema, para te saltar para cima em tons de chique...mas quantos estão dispostos para mexer na merda e no lodo das tuas memórias irremediáveis?<br /><br />-«Não é outro método para me foderes?»<br /><br />-Acusas-me de psicologia invertida. Uma foda contigo não passaria de uma punheta indirecta. Pouco mais me interessarias, que a interpretação de ti.<br /><br />-«João, letras são tretas.»<br /><br />-Tens razão. Deixa-me descer para entenderes.<br /><br />-«Obrigado.»<br /><br />-Beija-me.<br /><br />-«Não.»<br /><br />-Está bem.<br /><br />Eu já sabia que não havia conversa possível entre nós.<br /><br />Talvez o caro leitor fosse mais hábil.<br /><br />Mas eu detesto lugares comuns, e o consenso é um lugar comum, especialmente quando leva para a cama.<br /><br />Peguei no meu casaco e fui-me embora.<br /><br />Sentei-me no jardim, a olhar para baixo, para a mais linda Lisboa.<br /><br />Seguiu-me.<br /><br />Não lhe disse nada, levantei-me, agarrei-a, apertei-a contra mim, agarrei-lhe os cabelos pretos, ou alourados, ou o que raio é aquilo, e minei a boca dela com a minha língua.<br /><br />Apertei-lhe o rabo contra o meu falo hirto, como se a fosse desfazer ao meio e fornicar por cima das calças. Rasguei-lhe a blusa até os seios surpresos estarem iluminados pela luz da Lua. Senti os duros mamilos quererem medir forças com os meus dentes, e quando lhe tirei a mão das pernas vinha molhada, meti-a na minha boca e suguei.<br /><br />Fizemos amor logo ali, com o Tejo como testemunha e com um drogado como padrinho. Quando terminei, estava ofegante, e desiludido por não ter também desfeito completamente o banco do jardim. Sabe sempre a pouco, ter de dosear a força para não matar o cadáver por quem te apaixonas.<br /><br />Disse-lhe:<br /><br />-Queres falar de amor?<br /><br />-«Quero.»<br /><br />Fizemos amor no Jardim do Príncipe Real.<br /><br />Sou um necrófilo.<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/UPqIz7ymhFY&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/UPqIz7ymhFY&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Resposta a ONE e a CADÁVER RESSUSCITADO<br /><br /><br />Do nada…<br /><br /><br />do desconhecido…de umas palavras trocadas com terceiros… encontraste em mim o verdadeiro sentido para a tua vida, inútil, acomodada e amorfa… encontraste em mim, a tua luz das manhãs cinzentas e frias, e repletas de solidão…<br /><br />Sim eu, a “parola” lembras te? , a julgadora cruel impiedosa, maquiavélica, ambiciosa a esquemática, sim EU, aquela que adora clichés e futilidades que nem do teu auto pseudo intelecto pensaste jamais existir …<br /><br />Sim sou a que não tem a delicadeza exigida para pegar num copo, nem o conhecimento dos vinhos mais vulgares… a carente a coitadinha…<br /><br /><br />Passei a fazer parte do teu mundo frio e solitário… devias de agradecer filósofo, maníaco, depressivo...<br /><br />Descreves-me, uma desconhecida, a quem não conheces os gostos, as sensibilidades, a matéria… a quem nunca viste nem imaginaste a figura, nem ouviste o som da voz… atreves te a escrever sobre mim, baseado em pressupostos alheios, conversas de cama, de engate, de amigalhaços?! Descrições apinhadas de pré-noções burlescas, conceitos picarescos, estereótipos de mulheres fúteis que levas para a cama…<br /><br />Não sou mais uma personagem do teu livrinho de historias…com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração… A vida não é feita de preto e branco (mais um clichézinho), onde as pessoas são catalogadas, rotuladas, e colocadas em pequenos lotes...<br /><br />Tens razão há verdadeiramente um grande contraste entre nós, um buraco, um fosso intransponível… és amorfo… cruel… insensível… um verdadeiro cadáver em decomposição… e escondes tudo isso através das lindas palavras que escreves… para impressionar quem as lê… e no entrando falta-te a vivência, o sofrimento, a verdadeira sensibilidade, o aperceber que as pessoas são únicas, elementos soltos, livres, perdidos até se encontrarem… e não sou só eu…<br />Volta aos teus manuais… enfia novamente a cabeça nos textos de Froid e dos teus Mestres, porque mais uma vez enganaste-te, ainda não chegaste lá… ou então desiste e dedica-te a Maxmen ou à Playboy talvez tenhas mais futuro…<br />Por fim…<br />É lamentável que tenhas utilizado “ONE”, deturpaste completamente o sentido… talvez se deva à tua falta de jeito ou mau inglês... ainda não atingiste o significado de tais palavras…<br /><br />Palavras ocas e banais é o que utilizas para me descrever… não percebo esse teu interesse pelo fútil, medíocre e mais banal das mulheres…<br /><br />Susana<br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/Ede1Kwe-pxU&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/Ede1Kwe-pxU&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />Dona Susana Pascoal, A Cavaleira da triste figura<br /><br />«Não sou mais uma personagem do teu livrinho de histórias...com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração...»<br /><br />Did I ask too much<br />More than a lot<br />You gave me nothing<br />Now its all I got<br /><br />Olá, amor.<br />Não estava à espera de uma «resposta» tua, mas de certa forma o conteúdo da tua não me surpreendeu.<br />Surpreendeu-me o tempo que uma mulher com «M» grande demora a responder, tempo que parece ter sido passado de volta de dicionários e romances de cordel, regado com leite morno, bolachinhas e chinelas de peluche no aconchego do teu sofá de marca.<br />Tudo para dar uma réplica de acordo com a tua inflacionada auto imagem.<br />Tudo para não fazer mais que enumerar uns lugares comuns, e para te enganares redondamente. Procuras surpreender-me de uma forma, e surpreendes-me de outra.<br /><br />Mas algo me fascina em Susana. Acredito que ela acredita no que diz. Susana és uma pessoa convicta, por mais parola que possa ser a convicção, entregas-te a ela, isso aliado ao facto de me pareceres tão evidente, torna-te a meus olhos um ser adorável. Adorável, simplesmente adorável.<br />Até nos erros e palermices que dizes, és adorável. Cito novamente e desde já, aquele em que estás mais redondamente enganada:<br /><br />«Não sou mais uma personagem do teu livrinho de histórias...com quem brincas maliciosamente e ao sabor da tua maldita inspiração...»<br /><br />Como te enganas.<br />A partir de agora, ainda mais, és a minha personagem central, não apenas deste blog criado para esse efeito, e para as declarações de amor que te faço, mas de toda a minha «maldita inspiração», no que toca à vida de uma convencional mulher com «M» grande pertencente à classe média burguesa.<br />Hã, que achas?! Melhor que levar-te a jantar, não?!<br /><br />Em certa medida és burra não por esforço mas por talento.<br />Eu explico. Lês bem as palavras, mas não compreendes frases.<br />Como se completa um curso superior sem se saber ler ou interpretar pequenos textos, é que eu não percebo. É provável, que numa das residências da UNL onde residiste na tua formação, tenhas dedicado o teu estudo a estratégia de sedução barata e manha aplicada, e tenhas descurado outros aspectos da formação.<br /><br />Fofinha, pareces estar tão habituada a canções de engate fatelas, que quando levas com algo de diferente, ou não reconheces ou não sabes como classificar.<br /><br />Desde o início, tenho escrito uma espécie de carta de amor. Mas não reconhecerias uma mesmo que levasses com ela na cara, a não ser que principiasse com «Esta é uma carta de amor, (...)», de forma análoga a que provavelmente só reconhecesses uma história ou uma ficção, quando começa por «Era uma vez...»<br />Mas isto sou só eu a supor.<br /><br />Como disse, OU és burra, OU não sabes português, OU não te dás ao trabalho de sequer ler as minhas longas missivas, mais do que uma vez. Apesar de estar mais inclinado para a última hipótese, não me importo mesmo nada.<br />Porque pareces estar a lidar mal com o facto de que finalmente, talvez, porventura o feitiço virou-se contra o feiticeiro...estás numa «relação» em que não és a actriz principal, e onde fiz contigo o que costumas ser tu a fazer aos outros, a saber, dei-te um bocadinho de conversa para sacar algo que me interessa, para depois deitar fora. Só que em vez de sacar uma voltinha no teu corpo ou tu no meu, saquei elementos de ti, que me permitem estar contigo quando eu quiser e a despeito da tua vontade. Menti-te, pois manipulei-te, e estabeleci um interesse só meu, mas isso entendes bastante bem, tu que só concebes relações de índole mercantilista.<br /><br />E não venhas com conversas que saquei generalidades ou ficções acerca de ti. Saquei o que de mais genérico tu tens, que é seres absolutamente convencional, boa pessoa, não duvido, mas interessante naquilo que és, e não no que pensas de ti ou queres mostrar aos outros que és. Se não entendes isto, nunca vais entender porque te dei atenção.<br />Mas também, sinceramente, me borrifo para se entendes ou não. Chocolate não é para brutas.<br /><br />Como me dou ao trabalho de ler duas vezes o que quer que seja que as pessoas me escrevem, e como não preciso de bolachinhas e leite morno para espevitar os neurónios, e ainda porque preciso de ti como de pão para a boca, para me aqueceres e dar esperança nas minhas frias manhãs, respondo-te prontamente, mais por boa educação, que por tesão de que me leias ou fiques a pensar que ando atrás da tua atenção.<br /><br />Respondo em duas partes. Respondo a par e passo ao que disseste anteriormente, às coisas divertidas que disseste, não para retorquir à enxovalhice, mas para tentar mostrar-te que não tens coerência nem lógica nem semântica no discurso. Não te pedi para responder, mas já que o fizeste, por uma questão de brio para contigo própria, responde coerentemente e com o mínimo de rigor, e deixa o paradigma lacónico para as tuas incursões predatórias de sedução, que para mim não terão efeito, pelo simples facto de que não ficarei a pensar no que queres dizer quando dizes algo seguido por três pontos...<br />Ok, amor?<br />A outra parte é mais literária, também tem uma mensagem para ti (mensagem em forma metafórica escondida como a felicidade sob o teu desejo), mas feita a pensar em mim e para mim, mas também não estou à espera que leias, quanto mais que entendas.<br /><br />I - A triste figura da cavaleira<br /><br />Cavalgas uma auto imagem de ti muito interessante.<br />Nota que digo cavalgas, porque a tua auto imagem não és tu. E é fácil de ver, porque facilmente te contradizes, seja porque não tens rigor lógico ou frásico, ou porque o que dizes é só para tentar picar ou ofender. Vamos às contradições primeiro.<br />Por exemplo, em relação às minhas palavras, elas são para ti num momento «lindas palavras» e noutro «palavras ocas e banais».<br />A questão que se coloca é se a contradição é intencional, o que mostra que me queres passar a mensagem de que te sentes atraída por mim, ou não é contradição, e para ti de facto o lindo é oco e banal, ou noutra variação, o oco e banal são lindos...<br />Em última instância, se eu te tivesse chamado a mais fútil e medíocre, e banal das mulheres, teria aqui a justificação pelas tuas próprias palavras.<br /><br />Apontas o teu dedo indicador, que gosto que coloques na minha boca quando fazemos amor, e que sofregamente sorvo ao ritmo dos teus murmúrios. Apontas o dedo para me censurar de arrogância e de pretensão por julgar conhecer-te e traçar-te o perfil.<br />Por várias vezes, nas poucas frases que elaboras, mostras afirmações intensamente arrogantes e pretensiosas. Cito:<br /><br />1) «Encontraste em mim o verdadeiro sentido para a tua vida»;<br />2) «Nem do teu auto pseudo intelecto pensaste jamais existir» ao referires-te à tua pessoa, mas ainda vais ter de me explicar o que é um auto pseudo intelecto...é um intelecto fingindo ser intelecto em forma de carro?<br />3) «Estereótipos de mulheres fúteis que levas para a cama»...bem, regozijo-me com a tua preocupação com a minha vida sexual, se bem que não aprecio a ponta de ciúme que aqui demonstras, mas se fútil é sinónimo de oco ou banal, então afirmas que levo mulheres lindas para a cama. O que coloca um dilema.<br />Tu és excepcional. Pareces-me oca e fútil, mas não és linda. Devo eu levar-te para a cama? Elucida-me, que fiquei confuso. Até porque nenhuma mulher que levei para a cama era fútil, não sei por isso lidar contigo fofinha, tens de me orientar. (por acaso já facturei uma fútil, mas foi há muito tempo...);<br />4) Meu doce, terno amor, Susana Pascoal, dizes :« A vida não é feita de preto e branco (...) onde as pessoas são catalogadas, rotuladas (...)»<br />No entanto não hesitas em rotular-me de «maníaco», «depressivo», «malicioso»,<br />«amorfo», «cruel», «insensível», «cadáver em decomposição»...só mimos.<br /><br /><br />Tudo porque te escrevo cartas de amor que não entendes. Tudo porque não me deixo apreender como tu te deixas, como um cliché. Tudo o que sai daquilo a que estás habituada, já te faz confusão, é desconfortante, não é?...<br /><br /><br />Entre tantas coisas, és boçal, mas acho-te fofinha.<br />Por exemplo tens veia poética.<br />Note-se bem quando descreves a minha vida antes de Susana (A.S.) e depois de Susana (D.S.), manhãs cinzentas e frias? Só porque são passadas sem ti. Frias não muito, porque sou peludo e não passo muito frio.<br />Cinzentas porque no Inverno há pouco Sol, mas sem ti, são piores.<br /><br />Mas achei bonito o que disseste embora não tenha sido tua intenção dizer algo de bonito para mim.<br /><br /><br />II - A cavaleira da triste figura<br /><br />Inclinado na tua pedra tumular disse-te que te amava, tanto quanto quando ainda viva eras.<br />Passo os dias e as noites aqui de volta de ti, e de memórias, e ainda dizes que nem imaginei a tua figura?<br />Sim, eras parola, julgadora, cruel, impiedosa, maquiavélica, ambiciosa, esquemática, inveteradamente manhosa, caso clínico, destroço emocional, adoradora de clichés e futilidades, mas o que é o amor se não supera isso?<br />És carente, és uma coitadinha. Quando se esqueceram de ti, ainda estou aqui ao teu lado não é?<br />A enumeração das palavras «insultuosas» que exageradas por ti que eu supostamente de ti diria (uffa, fizeste um loop), é uma manha para me engatares, mas eu havia-te dito que não me queria envolver contigo, porque não gostava de morenas, e não gostava da tua cara. Tinha-te dito, que simpatizava contigo, mas só para amiga,amiga de verdade porque eu não te queria mal, nem tu a mim.<br />Mas apareceste-me um dia à chuva, depois do treino, e eu reconheci-te, e querias discutir comigo, mas não conseguiste.<br />Ficaste à chuva.<br />Caracterizas o meu mundo sem ti, como cinzento e frio...Mas achavas-te assim tão colorida e quente?<br />Chamas-me nomes, só porque sentes falta da minha boca?<br />Acalma-te, próxima 6ª, vou eu ter a tua casa de novo e de novo nos beijaremos.<br />Não tenhas medo, até lá sonha.<br />Devia de agradecer? Porquê Susana? E não deverias tu agradecer também?<br />Mais do que eu, porque eu dou-te mais importância a ti, do que tu a mim, portanto contento-me com o nada que me dás.<br />Que tens tu para conhecer? És o conjunto de lugares comuns transmitidos venereamente pela tua cultura. Gostas do que os outros gostam, julgas pelo que os outros julgam, sentes como os outros sentem.<br />Dizem-me que tens voz de mel, mas de que me serve a tua voz, senão é para me dizer que me ama e só me insulta, e vocifera lugares comuns?<br />Tu é que és agressiva, e grosseira.<br />Atrevo-me a escrever sobre ti?...Atrevo-me?<br />Eu escrevo sobre o que quiser, sobre quem eu quiser.<br />E nunca tiveste tanta importância para ninguém como tens para mim, como personagem literária.<br />É o que tens de mais interessante. És mais interessante como personagem expressa em palavras, construída por mim a partir de ti, personagem que de ti não se afasta a não ser para te superar, és a sombra daquilo que eu penso de ti, achas isso um canto de amor, ou não?<br />Esta frase vai dar aí umas 2 ou 3 semanas de ruminação do Tico e do Teco, portanto manda-me votos de boas festas quando a perceberes.<br />És tão colorida e quente no real, que eu prefiro-te fria e cinzenta numa efabulação minha no virtual.<br />Que conversas terias comigo na cama? Aquelas que dás por ti a repetir nas mesmas ocasiões? Ou o teu coração tem a elasticidade suficiente para sentir mais que a repetição do mesmo?!<br />No mesmo parágrafo falas duas vezes em cama. O que me queres dizer? Não sejas tímida. Freud explica. «Froid» não conheço. Era irmão gémeo do outro, criado em França? É que «froid» é «frio» em françês, o que até não deixa de ser um lapso de língua irónico, pois o que és tu senão uma raínha de gelo, frígida, orgasticamente impotente...especialmente agora que estás morta e enterrada?!<br />Conceitos picarescos? O que é isso?Tem a ver com picaretas?<br />És uma menina.<br />Pensas por certo que a vida te tratou muito mal, e que só tu tens a experiência da dor.<br />És a raínha de gelo, mas o teu reino é apenas o teu próprio umbigo. Amor...<br />Como dizes...as pessoas são únicas, elementos soltos, livres, perdidos até se encontrarem, e é ou deve ser por isso que és uma nómada de abraços de braço em braço, de peito em peito, sugando amor e atenção, e com nenhum ficando a que chames teu...como se cada um desses peitos não tivesse um coração a bater lá dentro.<br />Incongruente, cara Susana.<br /><br />Pretenciosa e arrogante, «ainda não chegaste lá», como se tu soubesses o que é ou onde é o lá, e como se eu lá quisesse chegar...<br />Maxmen e Playboy, são as revistas dos homens que frequentas e estás habituada, passam pelos olhos daqueles a que gabas os olhos nos perfis do hi5. Eu prefiro a Newlook, tem as mulheres mais bonitas e sem maquilhagem...e não trata a mulher como estás habituada a ser tratada, como um depósito de esperma, que pertence a uma gama, cujos modelos se orientam segundo o status quo do consumidor.<br /><br />Ainda bem que usei «One».<br />É que também é a minha música preferida desde há muito tempo.<br />E tu és tão parola, que pensas que uma obra de arte só tem um sentido, que é aquele que lhe dás. És ainda mais parola por acreditar na tua parolice.<br />Uma obra é tão mais rica quantas mais interpretações originar. Mas sugas tudo aquilo de que gostas, e és arrogante ao ponto de desprezar a interpretação alheia, convicta do tal castelo de areia construído no teu umbigo.<br />Tu não gostas da música, gostas do que pensas dela, e pensas que o que pensas é mais profundo e pleno de significado que aquilo que os outros pensam e sentem acerca da mesma música. Tal como o teu sofrimento é mais profundo que o dos outros.<br />Não sei se chore a tua morte, se dê graças por não teres de viver mais contigo.<br />Se algum dia me quiseres elucidar acerca do real sentido daquela música, tomaremos chá e me contarás. Me trarás a luz.<br />Luz que não tens no teu caixão. Fica morta. Eu fico com o que penso de ti cá em cima, é bem mais interessante. Não te mexas no caixão, deixa-te estar até a escuridão chegar.<br />Abraço-me à tua laje e juro que te amo, cai uma lágrima que desce a terra de encontro à tua boca. Eu matei-te, lembra-te disso.<br />Amei-te, usei-te, matei-te.<br />Repousa em paz.<br />JCNF<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/CoSH2ETS3-4&hl=en"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/CoSH2ETS3-4&hl=en" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />"A volta da mulher morena"<br /><br /><br />"Meus amigos, meus irmãos, cegai os olhos da mulher morena<br />Que os olhos da mulher morena estão me envolvendo<br />E estão me despertando de noite.<br />Meus amigos, meus irmãos, cortai os lábios da mulher morena<br />Eles são maduros e húmidos e inquietos<br />E sabem tirar a volúpia de todos os frios.<br />Meus amigos, meus irmãos, e vós que amais a poesia da minha alma<br />Cortai os peitos da mulher morena<br />Que os peitos da mulher morena sufocam o meu sono<br />E trazem cores tristes para os meus olhos.<br />Jovem camponesa que me namoras quando eu passo nas tardes<br />Trazem-me para o contacto casto de tuas vestes<br />Salva-me dos braços da mulher morena<br />Eles são lassos, ficam estendidos imóveis ao longo de mim<br />São como raízes recendendo resina fresca<br />São como dois silêncios que me paralisam.<br />Aventureira do Rio da Vida, compra o meu corpo da mulher morena<br />Livra-me do seu ventre como a campina matinal<br />Livra-me do seu dorso como a água escorrendo fria.<br />Branca avozinha dos caminhos, reza para ir embora a mulher morena<br />Reza para murcharem as pernas da mulher morena<br />Reza para a velhice roer dentro da mulher morena<br />Que a mulher morena está encurvando os meus ombros<br />E está trazendo tosse má para o meu peito.<br />Meus amigos, meus irmãos, e vós todos que guardais ainda meus últimos cantos<br />Dai morte cruel à mulher morena! "<br /><br />Vinicius de Moraes<br />A negação…<br /><br />… é a primeira atitude de um assassino, após cometer um crime hediondo…<br /><br />Sim, um assassino… cruel e impiedoso, que percorre passo a passo, o trajecto da mulher de Vinicius, por um caminho descendente e incerto, a passos ruidosos, pesados e inseguros…<br /><br />Tencionas engana-la, iludi-la, cega-la, para no fim ceifar-lhe a vida… e dizes que é por amor... O<br />que não farás por amor? Vejo-te capaz de tudo… de chorar, de sofrer, de gemer de dor, e pior, de<br />exterminar a tua própria identidade por um sentimento fortuito de admiração… uma ilusão.<br /><br />Se te amo? Que não é o amor, tal como a morte, senão um conjunto de expectativas vazias, sem fundamento e com um fim inevitável!?<br /><br />Romeu, és um sonhador… como disse anteriormente, uma personagem caricata que alem de orgasmos psicológicos me faz rir. É por isso que sou a “rainha do gelo”, um coração de pedra, uma estátua, uma estalactite? Por não acreditar no amor?! Ou por não ceder ao leu galanteio, às tuas insinuações, ao teu convite para um chá?!<br /><br />Não, não sou convencida, maníaca, autoritária, parasita, frígida… por mais que imagines, conjectures, analises e psicanálises nunca hás-de conseguir obter uma réplica aproximada da verdadeira SUSANA.<br /><br />Concebeste sim a tua Susana, a tua marioneta preferida, a tua bonequinha imperfeita, tirada de uma qualquer capa de revista, descontrolada, feita em plástico revestida a gelo, frívola… e dizes que procuras a essência… talvez um perfume, um odor, tal como Grenouille.<br /><br />Mas ao contrário de uma vítima qualquer, não necessito de recorrer a ajuda de terceiros para me proteger, recuso-me a ser colocada numa redoma de cristal… enfrento-te, persigo-te, assusto-te…ao ponto de me queres provar muito mais e por fim desejares a minha morte…<br /><br />Mas no fundo… bem lá no fundo… estás ciente que nunca me alcançarás.<br /><br />Susana<br /><br /><br />Tragédia para Ti<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/nSsZljMzVXE&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/nSsZljMzVXE&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />With that skill that was hers alone<br />She drove her clutches into me<br />I was dumbfounded<br />She was hungry<br />She required me entirely<br /><br />All that's left is here to remain<br />It's a dull and cruel pain<br />That passes the ages unaltered<br />Her stamp is in my heart<br />I still feel disemboweled<br />I clearly retain<br />A blank<br />The void<br />The sore in my soul<br />The mark in my heart<br />Her acid reign<br />Hot sun, global fun<br />Needed action, start to run<br /><br />And that voice that was hers alone<br />Still resounds in me<br />She left me dislocated<br />Disavowed<br />And twitching<br />Her rhythm is in my heart<br />She inspired in me<br />An acute sense of treachery<br /><br />Front 242<br /><br /><br />Como gosto de Vinicius. Subiste no meu apreço.<br />Estou a escrever isto, a atrasar-me para outra coisa, mas com um sorriso de orelha a orelha. Porque vejo, que te agarras a mim, com a mesma força com que te agarras ao copo.<br />É lisonja, senhores, é lisonja, porque não me enganei acerca de ti, e porque te agarras a mim. Porquê? Por causa daquilo que julgas interpretar por detrás de palavras, ou porque ainda há uma réstia de tragédia antiga nos calabouços do teu coração, que diz que o amor existe!?...enquanto que nos corredores assépticos da tua mente corre a palavra de que viveste enganada até certa idade acerca de algo que não existe, e que gostavas tanto de acreditar.<br /><br />Amorzinho, é impressão minha, ou vieste ter comigo, ao terreno da literatura?<br />Refreia-te, eu avisei-te para não correres atrás, podes cair e sair magoada.<br />Enfrentas-me? Persegues-me? Assustas-me? Ainda bem que mo disseste, é que ainda não tinha reparado.<br />Se me amas? Eu não te perguntei isso nem quero saber.<br />Convencida? Que tens tu que te convença?<br />Que galanteio? Que insinuações? Que convite para chá?<br />Fofinha, vi um convite para o filme «O Perfume», algures nas tuas linhas ? , ou vais responder que é só ficção?<br />Amor, tens de aprender a distinguir ficção de realidade. Olha que a tragédia que está agrilhoada nas húmidas caves desse teu coração destroçado, está a pregar-te partidas.<br /><br />Tu és um pretexto para um texto, nada mais. Nada mais quero de ti.<br />Nada mais preciso de ti. Nada mais me interessa em ti.<br />Não te quero provar nada, a não ser o sabor da tua boca para saber a que sabe o beijo de uma defunta cujo coração já só bomba sangue, a temperaturas negativas.<br /><br />Já estás bem morta. Já to disse, e sabes disso.<br />O teu crime...és vítima e assassina, ao mesmo tempo, teu peito continua a aquecer-se com a miragem de um amor prenhe de felicidade futura, assassino do desassossego que te mora no íntimo desde sempre, mas a tua cabeçinha morena continua a dizer que o amor é uma cicuta, arsénico por nós elaborado e ingerido.<br />Queres argumentar? Eu defendo prós e contras. Mas quem quer ser coerente?<br /><br />Nunca irei obter uma réplica aproximada da verdadeira...<br />« A negação…<br /><br />… é a primeira atitude de um assassino, após cometer um crime hediondo…» - lembras-te?<br /><br />Nunca te alcançarei...Talvez não, talvez já tenha chegado ao âmago, mas também quem quer pernoitar na terra queimada de ninguém que são as planícies do teu coração?<br /><br />Que falta de originalidade Susana Pascoal. Não consegues melhor? Mimares-me com mimos meus, mima-me com mimos teus.<br />Eu não tirei a Susana de qualquer revista. Tirei das letras que comigo troca, tirei das fotos que tenho tuas, tirei do tempo que passei a olhar para elas, a imaginar-te, a interpretar os contornos do teu rosto, as expressões do teu rosto, das tuas mãos, a linguagem do teu corpo, e alguns enigmas do teu sorriso, tal como se fosses uma pintura, kitsch, mas ainda assim arte.<br /><br />Esforça-te, dá-me algo teu, não me dês literatura alheia, se não consegues cala-te e beija-me.<br /><br />Anjos coléricos<br /><br />As asas de Avalon<br />Ardem e batem<br />Nas profundezas dos mares de Orc.<br /><br />Tau Ceti olha as estrelas<br />Bate o fogo-fátuo no charco<br />A cólera nos olhos<br />No sangue de quem ama<br />O colibri suga o tutano<br />A paz é um engano,<br />A guerra é a chama,<br />Os anjos banqueteiam-se<br />Com as almas virtuosas<br />Que carregam as asas<br />Que ardem na noite<br />Daquilo que não és.<br /><br />JCNF<br /><br /><br />Estou a subir muito e depressa na tua consideração. Não é esse o meu objectivo, nem sei porque estou aqui a responder-te mais uma vez…<br /><br />Como por magia sei do que gostas, possivelmente conheço-te, melhor do que aquilo que pensas que me dás a conhecer.<br /><br />E não sou arrogante.<br /><br />Não estou carbonizada, ressequida como pensas entender. Sou uma flor, estou viva. Sou uma alma quente, intensa, apaixonada, sonhadora, ilimitada… não me tentes reduzir a tua mesquinhez.<br /><br />Não te convidei a entrar em parte alguma, tiveste uma ligeira participação na minha peça de teatro, na minha vida. E entraste sem permissão, determinado a encontrar um poço finito de futilidade. A tua busca por mais uma mulher burra e vulgar como tantas que tu e os teus amigos conhecem. Essa demanda cessa aqui, encontraste o que querias? Provaste o que pretendias?<br /><br />Não quero saber o que pensas de mim, porque não me conheces e mesmo conhecendo-me não me ficarias a conhecer, entendes?<br /><br />Fazes-me rir quando dizes que me amas, amas uma morta? Mas que sabes tu sobre o AMOR…<br /><br /><br />«Era uma vez...»<br /><br />Filosofo…<br /><br />Não procuro surpreender…<br />Não procuro convencer um homem que desistiu de viver há muito…<br />Não tenho que te provar o que quer que seja muito menos minhas potencialidades ou carência delas…<br />Respondo-te por prazer… porque gosto dos orgasmos psicológicos que me proporcionas… e anseio o estimulo e o conhecimento de toda a fonte, viva ou morta…<br />tal como dizes sorvo o que de melhor têm os outros, os mancebos, os amigos, os amantes…<br /><br />Vejo-te agora, ansioso, se não fumas róis as unhas, fraca figura deambulando pela vida, não a caminho de um bar, mas a caminho de uma pagina da net… completamente anarca e alheio a tudo e todos… inspirado no seu EU, no seu ego… e menosprezando o talento ou falta deste nos outros…<br /><br />Não quero ser a tua personagem principal, nem servir de inspiração para uma tão fraca que inventaste ao sabor do teu bafo …<br />Deixa-me ser burra, fútil, parola.. não são esses os mais felizes?!<br /><br />Que sabes tu a meu respeito, senão aquilo que te transmito…mas enquanto pressupores tanto mostras os teus receios mais profundos e lentamente a capa cai…<br />Desvendas o teu mistério, e tornas te num feiticeiro… que me transporta lentamente para o abismo, que me dá vida, conquista com sedução e que me mata no fim… morri para ti?<br /><br />Ao contrário de mentiroso e manipulador, acho-te um brincalhão, uma alma perdida, e dependente do que chamas “relação”? Não és muito diferente dos outros… nem de mim…<br /><br />A tua saga não tem excitus. Continua a analisar cada pedaço de texto, como se do meu corpo, ou de um chocolate se tratasse, dando-te prazer a cada lambidela.<br /><br />Susana<br /><br />Olha que não, olha que não, olha que não…<br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/udQcrUY515A&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/udQcrUY515A&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />Socióloga...<br />Amor...<br />Olha que não.<br /><br />Se mandas palpites para o ar, invertendo a nossa posição como quando se faz amor em jeito de luta por fome do outro, fazes o que censuras de fazer, e revelas estar interessada na minha pessoa o suficiente para pensar nela.<br /><br />Fofinha, não precisas de justificar para mim, ou para outros olhos que imagines, porque me escreves. Ninguém te pediu. Não é necessário, a não ser que seja para ti...porque se torna óbvio que estás atraída por mim. Estás curiosa. Por um tipo da net, opaco, que te envia contos de amor, e contas de carinho. Por um relativo incógnito que já mostrou que não se revela. Que nega o excitus do encontro inevitável.<br />Não confundas com tornar difícil o inevitável para lhe dar o valor, como estás habituada...o mancebo difícil se faz para te dar a ilusão de luta, para assim que o comes, arrotares de despeito, ressentida pela facilidade. Eis o reino do vazio.<br />Portanto, a tua saga também não tem concretização possível, resta-te descobrir para quando o exitus adivinhado.<br />Se a tua curiosidade inicial acerca da novidade, não se dissipar, e com ela a graça que achas a ler e a responder, condenados estaremos a remoermo-nos um ao outro, a ruminar do que não nos conhecemos, em vez de nos comermos.<br />Como ao chocolate...<br /><br />Mas, como disse, não precisas de justificar, eu não o faço.<br />Respondes-me por prazer, , porque gostas dos orgasmos psicológicos que eu te proporciono...estou habituado fofinha, mas estás em divída comigo...é que eu coitado, ainda não tive nenhum à tua conta...<br /><br />Eu presto atenção, ao que dizes e ao que digo. Eu não disse que sorvias...eu disse que sugavas. Sugar, de parasita, não o melhor que os outros te dão, mas o tudo que te podem dar...sugas tudo o que não tens para dar, e olha que não ouvi isto de nenhuma conversa de engate ou cama.<br /><br />Mas...<br />Que leio eu?!<br />Não posso...não aguento...<br />Susana, tu imaginas como eu sou? E escreves isso ainda por cima...<br />Tarefa hercúlea para uma rainha de gelo, que trata a frigidez na 1ª pessoa.<br />Mas...<br />A minha figura por ti imaginada, reconheço-a de artigos de primeira capa da «Cosmopolitan» ou de uma qualquer edição especial da «Maria»... Destroçado, como reconhecer, devia ser o nome do artigo.<br />Imaginas-me como me gostavas de saber...porque te dou atenção? Porque não estás habituada? Porque identificas abordagens desinteressadas como engates de algum desgraçado desesperado?<br />Não é só o que dizes, mas como dizes, que te revela, mais se calhar que o que desejavas.<br /><br /><br />Não me vejas no fundo de uma depressão, que não me encontras lá, a não ser que essa depressão seja o vale formado pelos teu lábios a montante, ou pelas tuas pernas a jusante, e mesmo assim vais conseguir olhar nos meus olhos que te devolvem o olhar em forma de carícia, aí sim, sorvendo a tua língua, ou o orvalho do teu abandono.<br />«(...)deambulando pela vida, não a caminho de um bar, mas de uma página da net(...)»<br />Olha que não, olha que não, olha que não...<br />Caramba.<br />Ou os bares são a mais completa expressão de uma vida plena para ti, o que não me admirava nada, ou, doce Susana, achas que ando aí a emborrachar-me para aguentar a minha vida...se fosse a tua ausência ainda o podia fazer, mas a minha vida, dá-me alegrias, como esta de te falar, e em ti pensar.<br />Falar contigo, dar atenção, é por ti, desta forma identificado como desgraçado.<br />Amas-te? Muito? Como?<br />Olha que não, olha que não, olha que não...<br /><br />Não fumo, nem estou a roer as unhas.<br />Também não acho que tenha fraca figura, muito menos quando deambulo pela vida.<br />Olha que não, olha que não, olha que não...<br /><br />Não queres ser a minha personagem principal...<br />Nem servir de inspiração para uma tão fraca, inventada ao sabor do meu bafo...<br />Como vais evitar isso?<br />Custa-te aceitar, que não tens nenhum controlo nesta «relação» (as aspas são tuas).<br />O que é que isso depende da tua vontade?<br />É indiferente que desapareças, que não respondas, que chames a polícia, ou que peças aos teus amigos e amigas para virem-me tentar desmoralizar, aqui onde me lês.<br />Eu continuarei. A não ser que morra de cirrose, de acordo com a vida em que me imaginas.<br />Ainda não reparaste que não és caso achado nem perdido aqui?<br />E não penses que ando à volta de uma ficção, já te expliquei, que é sobre a tua essência que escrevo aqui.<br />Olha que não, olha que não, olha que não...<br /><br />Os ignorantes é que são mais felizes, e não as parolas, as burras e as fúteis. Não confundas porque não é a mesma coisa.<br /><br />«Que sabes tu a meu respeito, senão aquilo que te transmito…mas enquanto pressupores tanto mostras os teus receios mais profundos e lentamente a capa cai…»<br /><br />Transmites-te a ti mesma no que escreves.<br />Doar atenção, revela os meus receios mais profundos? Quais? Espera, deixa-me pensar pela cabeça da tua personagem imaginada de mim...hmmm já sei, tenho medo de te encarar na realidade, tenho medo das mulheres em geral, ou tenho medo de me aproximar de uma, amargo que estou com a vida...inseguro, frágil, decrépito...acertei?!<br /><br />«Desvendas o teu mistério, e tornas te num feiticeiro… que me transporta lentamente para o abismo, que me dá vida, conquista com sedução e que me mata no fim… morri para ti?»<br />Yap.<br />Não notaste ainda?<br />«Ao contrário de mentiroso e manipulador, acho-te um brincalhão, uma alma perdida, e dependente do que chamas “relação”? Não és muito diferente dos outros… nem de mim…»<br />Olha que sou, olha que sou, olha que sou...<br /><br />« A tua saga não tem excitus. Continua a analisar cada pedaço de texto, como se do meu corpo, ou de um chocolate se tratasse, dando-te prazer a cada lambidela…»<br />Se cada texto que eu analisasse fosse chocolate, quando me fosse deitar, caia para os dois lados da cama.<br />Chocolate. Acertaste. Gosto muito.<br />Como a um corpo, eu não lambo o chocolate. Mordo-o, mastigo-o, saboreio lentamente com a língua, como-o.<br />Lamber, lambo gelados, ou gelo. O teu coração, sabe a morango? Ou a outro gelado? Ou só a gelo, que nem espaço ou alegria tem para ter nem que seja um aroma, um sabor?<br />A que sabes tu, Susana?<br />Gostas de serenata que te faço, Julieta?<br />Dás-me corda para me enforcar...<br />Continuas, morta, continuo, contigo.<br />Beijo grande, amor.<br /><br />JCNF<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/lRcQZ2tnWeg&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/lRcQZ2tnWeg&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />Tempo (tic)<br /><br /><br /><br />A ampulheta, a ampulheta, a areia que escorre entre os dedos ao som de uma corneta<br />Corneta anunciante do fim, que se afasta do nascimento à velocidade de um alucinante cometa.<br />Escrevinhas, como na canção, os planos da tua vida em sonhos balbuciados na areia.<br />Matas o tempo em pequenos suicídios alheios à sombra que congeminas na tua teia.<br />Quando no tempo pensas é porque já passou demasiado e os teus planos falharam,<br />Saíram ao lado, ou tornaram-se no que não estavas à espera, até os fracassos fracassaram<br />E corres, corres corres à volta do teu antiquado crescente umbigo, viver é um treino para a morte<br />O tempo não pára e a ele que julgavas matar vê impávido a tua lenta agonia abandonado à tua sorte.<br /><br />Nascer, morrer, não causam estranheza, cada um por si só, mas aquilo que se faz no meio<br />É a almofada do angustiante desespero, tens o teu tempo aqui, aproveita-o e o que fazes com ele?<br />Passam os anos, passam as passagens de ano, tudo passa e o rio o mesmo já não é<br />E urge dar à tua vida um sentido, que na adolescência é cósmico, pujante sem freio<br />e vai amainando amainando como folha condenada ao Outono, sentes o tempo passar na pele<br />Acabamos por ceder, ceder ceder e já só queremos sopas e descanso e uma história que mantenha de pé<br />a necessidade de dar finalidade à vida, não já uma epopeia, mas um conto menor, corremos atrás dele<br />Mas é só à volta de um tiro de pistola que não ouvimos partir e acabará por detonar no coração.<br />JCNF<br />Tempo (tac)<br />Não são os sonhos que perdem pujança, como o sangue pueril que se esbate nas paredes das veias com o passar do tempo.<br />A entrega, a nossa entrega a eles é que não pode deixar de esmorecer, seja pela força da desilusão seja pela brutalidade da descrença.<br />Sabemos que o outrora apetecido agitar das águas só trará a suspensão do lodo, e mais vale um lago tépido e visível a curta distância, que um remoinho de incertezas. É cada vez mais a segurança, a protecção contra surpresas, que se instala e aninha. O cálculo ganha terreno, antes um parvo (a) que nos carregue, que um esperto (a) que nos derrube.<br />Já não acreditamos...tão só...<br />Porque achais que é aos jovens que recorrem as agências de marketing e similares, procurando qualidades como dinamismo, espírito de grupo, entrega?! Pois eles ainda não amargaram e ainda acreditam...<br /><br />Já não acreditamos. Desdenhamos. A sombra do passado menoriza qualquer tentativa do presente.<br />Não pode deixar de nos perseguir a ruína de amores passados, e a omnipresente suspeita de que se as do passado ruíram, tudo depois deles (ou da nossa crença neles) pode também ruir.<br />Não são capas ou falsa moeda. É só a capacidade de entrega, ou não, de um coração.<br /><br />Aos 30, 40, 50...não se vive o que se vive, como se vive, aos 18. Porque aos 18, ainda muitas janelas no futuro se encontram abertas.<br />O futuro não é ainda um horizonte que enegrece sob o pêndulo da urgência.<br />Aos 18, o céu apresenta-se risonho, promissor e esperançoso.<br />Aos 30 morde-nos os calcanhares.<br />Aos 50 aponta-nos a sala onde devemos fazer contas.<br />Assim também o nosso ressentimento não é para o que insuflámos. Mas para a nossa própria gula, a nossa própria credulidade.<br />Envelhecer é o contentamento com o lugar comum que outrora não considerávamos, de nós, digno.<br />A explosão do balão, é não conseguirmos aguentar as altas expectativas que criámos de nós, dos outros, do Amor...<br /><br />O fim é inevitável mas não é o que está fora que o dita. Somos nós que mudamos.<br />As horas os minutos são já só as testemunhas da angústia de os saber um passo mais próximo do fim, da impotência de já haver passado o tempo próprio...e o que restará de nós?<br />A inevitável solidão se não levar para a morte a eterna companheira que é a memória da tua cara.<br />é que não pode deixar de esmorecer, seja pela força da desilusão seja pela brutalidade da descrença.<br />Sabemos que o outrora apetecido agitar das águas só trará a suspensão do lodo, e mais vale um lago tépido e visível a curta distância, que um remoinho de incertezas. É cada vez mais a segurança, a protecção contra surpresas, que se instala e aninha. O cálculo ganha terreno, antes um parvo (a) que nos carregue, que um esperto (a) que nos derrube.<br />Já não acreditamos...tão só...<br />Porque achais que é aos jovens que recorrem as agências de marketing e similares, procurando qualidades como dinamismo, espírito de grupo, entrega?! Pois eles ainda não amargaram e ainda acreditam...<br /><br />Já não acreditamos. Desdenhamos. A sombra do passado menoriza qualquer tentativa do presente.<br />Não pode deixar de nos perseguir a ruína de amores passados, e a omnipresente suspeita de que se as do passado ruíram, tudo depois deles (ou da nossa crença neles) pode também ruir.<br />Não são capas ou falsa moeda. É só a capacidade de entrega, ou não, de um coração.<br /><br />Aos 30, 40, 50...não se vive o que se vive, como se vive, aos 18. Porque aos 18, ainda muitas janelas no futuro se encontram abertas.<br />O futuro não é ainda um horizonte que enegrece sob o pêndulo da urgência.<br />Aos 18, o céu apresenta-se risonho, promissor e esperançoso.<br />Aos 30 morde-nos os calcanhares.<br />Aos 50 aponta-nos a sala onde devemos fazer contas.<br />Assim também o nosso ressentimento não é para o que insuflámos. Mas para a nossa própria gula, a nossa própria credulidade.<br />Envelhecer é o contentamento com o lugar comum que outrora não considerávamos, de nós, digno.<br />A explosão do balão, é não conseguirmos aguentar as altas expectativas que criámos de nós, dos outros, do Amor...<br /><br />O fim é inevitável mas não é o que está fora que o dita. Somos nós que mudamos.<br />As horas os minutos são já só as testemunhas da angústia de os saber um passo mais próximo do fim, da impotência de já haver passado o tempo próprio...e o que restará de nós?<br />A inevitável solidão se não levar para a morte a eterna companheira que é a memória da tua cara.<br /><br />JCNF<br /><br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/wbsvsv_N0Mo&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/wbsvsv_N0Mo&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Anatomia do Corno<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/7IYgX7bl4uc&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/7IYgX7bl4uc&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br /><br />O corno é marreco.<br />O corno é curvo.<br />O que verga o corno?<br />O medo?<br />O baixo amor de si mesmo?<br />O amor em lume brando de outrem?<br />A ingenuidade?<br />O poder de negação?<br />A sua própria Natureza?<br />Um amor ao cálculo?<br />O amor pelo absoluto com forças relativas?<br /><br />É perito na ontologia da queda e da perda.<br /><br />O corno assume dois tons.<br />O corno absoluto ou metafísico, e o corno circunstancial ou físico.<br />Há um terceiro tipo, mas não quero que o caro leitor (a) se sinta ofendido.<br />Genericamente, o corno está disposto a abdicar de si, dos seus propósitos, em nome de um grande propósito. A ofensa passa para segundo plano em face do que as últimas consequências podem trazer para o quadro mais geral, que é o que ele espera da vida.<br /><br />As últimas consequências são o fundamentalismo sobre a ofensa. Este fundamentalismo causa normalmente para o corno não corno, uma ruptura na relação, ruptura que o abana por completo nos fundamentos da existência.<br /><br />É esse terramoto que aflige o corno comum.<br />Só o verdadeiro corno infeliz, o metafísico, faz por sobreviver além da catástrofe, porque ama o espinho que o atormenta.<br /><br />Para o corno infeliz, o ente amado é fonte de sofrimento porque não se consegue livrar da dôr que a traição provoca. Não se consegue libertar porque o cuspo do outro é, contra sua vontade, o mel da sua existência.<br />Este corno é um corno solitário. Ama o outro como a uma droga. Só é corno quem se enquadra numa relação.<br /><br />Porque é que no amor, o encornado é culpado da sua culpa, enquanto o enganado pela mentira assume o papel de vítima? vítima da perfídia alheia...<br /><br />Para o corno comum, é a sua personalidade que é rejeitada, pois a seus olhos não é suficiente deslumbrante para cativar...e aí assume os primeiros acordes metafísicos, a saber, quando a traição passa a fazer parte de uma maldição cósmica à sua pessoa.<br />Mas ainda não chega. Detesta essa condição do fundo da sua bílis.<br />O corno metafísico puro, ama e odeia o que vai dar ao mesmo, a sua condição, que o diferencia do comum. E é aqui que se começa a transformar em corno comum.<br />É esta a dialéctica da encornação.<br /><br />O corno comum agarra-se a uma ilusão, à convenção.<br />O verdadeiro corno infeliz agarra-se à própria existência que o oprime.<br />Agarra-se à âncora que o leva ao fundo.<br />O corno comum espera que a âncora o mantenha à tona, próximo e em uníssono com todos os outros.<br />Ambos têm em comum a traição.<br />Só é corno quem sabe e prefere manter-se como tal, diz a tradição.<br />O corno comum é o acomodado.<br />O corno infeliz é o corno profundo, alienado na sua condição inconsolável.<br /><br />Um é vítima da sua vontade e ilusão, outro de um pathos terrível.<br />Ambos mergulham no lago do absurdo.<br />Um é verdadeiro amante de si próprio e do seu sonho.<br />Outro é o verdadeiro corno porque é a natureza ou a entidade de alhures que lhe prometem felicidade a sorver em pequenas gotas de arsénico.<br />Um é enganado pelas quimeras do seu cérebro, os desejos da sua carne, pelas imposições dos seus semelhantes. É o corno físico.<br />O outro é atraiçoado pela própria existência em que brotou.<br />É trazido à luz para ser cilindrado pela luz a que é trazido.<br />É o corno metafísico.<br />O verdadeiro corno não trata ninguém por corno. Só ele sabe o peso que lhe atarraca as costas.<br /><br />Os cornos metafísicos reconhecem o peso da existência nas costas dos seus semelhantes.<br />Os cornos físicos gozam uns com os outros através das estradas da inaptidão e do desempenho.<br /><br />O corno metafísico enrola-se sobre si mesmo como um feto a horas de nascer, enrola-se sobre a sua dor, sonhando que ela desapareça, cônscio apenas do seu sofrimento.<br />Espera que a dor intensa passe e não se propague a ninguém.<br /><br />O outro corno, o comum, acha que a dor é parte da vida, e não a parte mais importante. Escarna dos outros iguais a ele, por só ele conhecer o vazio desse gozo.<br /><br />Um vinga-se da existência que o faz sofrer, outro celebra-a.<br />Um subsiste e segue em frente, o outro só pode continuar a entoar os belos cânticos forçados pela dor a sair de sua boca exigidos por nós, filhos da dor que o arde.<br /><br />JCNF<br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br /><br />Capítulo I – parte I<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/HdAXPWvy4E8&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/HdAXPWvy4E8&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />Viúva profissional<br /><br />Apunhalando a pastilha elástica com os dentes, respirava a largos sopros pelas narinas.<br />A moça que me saciou durante toda a noite jazia inerte numa ponta distante da cama.<br />Longe do abraço de amor ou carinho que não lhe consegui dar.<br />Encharcada em suor, que arrefece rápido à noite, e a faz procurar com a mão aberta e os olhos fechados o edredão, o lençol cheio de sangue como prova que eu fiz questão de mostrar de que por estar quase no fim do período, não era impedimento para a voracidade do meu apetite.<br />Olho-a e o seu escasso talento na cama, os seus pés feios e frios, a sua cara feia ou não bonita para mim. E penso que é uma condição de merda ser homem.<br />O orgasmo foi o metrónomo da noite.<br />A caminho de casa fingi uns gestos de carinho.<br />O efeito que as gónadas provocam no cerebrelo já havia passado, vazias que estavam com solidariedade com o meu coração.<br />Porque é tão importante falar de cama?<br />Porque nem toda a gente tem jeito, fisionomia, imaginação, à vontade para isso.<br />Já não basta ser-se feio, que se se revelar um espantalho na cama, o feio ou a feia, e até o bonito e a bonita em menor grau, terão dado um certo passo mais para a solidão.<br />Despede-se de mim num assomo de paixão momentânea, pensando que o amor finalmente a encontrou. Só penso em dizer-lhe para ter calma, que foi só mais uma noite de corpo, mas não acho o momento apropriado para lho dizer.<br />Conduzo para casa, como se tivesse passado mais um capítulo da minha vida.<br />Sinto-me do lado dos «fortes», é ela que está em suspenso por mim, e o mesquinho em nós não pode deixar de se manifestar.<br />Mais uma para o currículo, diz aquele diabinho que representa parte da nossa consciência nos livros do Tio Patinhas.<br />Coitada, mais uma que se apaixonou, não tens vergonha? Diz o anjinho...<br />E a rememoração de que foi por não querer iludir ninguém que larguei as anteriores.<br />Os meus colhões são mais fortes que eu. 150 gramas de chouriço como se costuma dizer, ganham a 85 kilogramas de porco. Esbofeteei o anjo, porque não pode falar mal de mim.<br />O mundo não tem nada a ver com a nossa ideia de justiça.<br />E não sei se iria suficientemente longe no buraco do coelho, ao dizer que o mundo se ri da nossa ideia de justiça.<br />Cada mulher tem sido a preparação da seguinte. A mim, a paixão dura-me meia dúzia de meses. No longo prazo. A curto, é o tempo de recuperar de um orgasmo.<br />Após um ano e tal, bem intenso, voltei a escrever.<br />Por acaso e por capricho conheci alguém de Mafra.<br />Quem já não acredita em corações, começa a dissecar almas.<br />Eu, como outros, sou um deserto. Um cemitério. De raparigas. Uma ex-namorada uma vez disse-me isto com cara de horror.<br />Na altura tomei o teatro como expressão de falsa moral burguesa.<br />Agora percebo que a minha soberba é ter comido, ou ter sido comido por tanta gaja...e não passa de pueril contentamento.<br />Ela casou. E eu tenho sempre uma mesquinha suspeita de que todos os casamentos acabam mais cedo ou mais tarde. Não se sujeitou em ser a sua lista de amores e desamores.<br />Eu, se me ligar, é para não desligar. É o que todos dizem às amantes.<br />Mato-as e a mim , no processo.<br /><br />Tivemos de tudo...paixonites infantis que nos faziam viver a 1000 por cento, como contam as canções do Carlos Paião. Frescas e leves, intensas, como o frio do orvalho de Verão, ou como o cheiro do feno após chover.<br />Paixões adolescentes que nos agarram pelos artelhos e centrifugam até não haver mais pinga de sangue, ou de sanidade.<br />A emoção é um livre carrossel.<br />Na idade adulta temos um amor, com tons de absoluto. Vestimos a pele da eternidade.<br />Dilui-se.<br />Corrói. Decai. Acaba. É o nosso mundo que mergulha com ele.<br />E a nossa crença.<br />O último degrau?<br />Este em que agora estou. Cheio de manha, cheiro a manha estratégia de engate a léguas.<br />As manhas, as fitas, são claras.<br />O jogo perdeu o interesse.<br />Eu tudo domino.<br /><br />Algumas pessoas com experiência na vida, sustentam que é razoável partir de um princípio básico. Concordando como princípio que sustenta um princípio básico, eu sustento que todas as pessoas são todas aborrecidas. E que a maior parte das vezes faço figura de parvo a encontrar conversa da treta para manter a conversa com quem acho mortalmente entediante, mas como não quero mostrar isso para não magoar, torno-me a mim um chato.<br /><br />Existirá por aí alguma chata ou chato, que me consiga contradizer?<br />Este princípio quase básico, tem no mais elevado grau de pureza, a força negativa capaz de ser a mais potente força motriz em forma de repulsa. O aborrecimento repulsa.<br />O aborrecimento é a bota que oprime o traseiro, empurrando-nos continuamente para forçadas novas descobertas.<br />O tédio, que por si tem uma natureza calma e sedativa, é a força com potência para meter toda a gente em movimento.<br />E se dissermos que o tédio é a razão de todo o mal, não andaremos longe da verdade.<br /><br />O lado oposto da atracção é o tédio. O tédio é absolutamente mágico, no seu efeito mobilizador através da repulsa.<br />A corrupção do tédio derrama-se claramente, no comportamento das pessoas. Especialmente no trato com as outras pessoas. Nada é mais entediante para uma pessoa que outra pessoa. Uma pessoa entediante é mais entediante que um livro entediante.<br />Veja-se o santo mais badalado da Cristandade, no mais paciente estala o verniz após aplicação de puro bom e velho tédio. Veja-se o nascimento das birras das crianças, só germinando quando a brincadeira já não diverte.<br />O entretenimento é a esta luz, não a razão de se estar vivo, mas a fuga do efeito corrosivo do tédio. O tédio é a mais próxima sensação da morte mais próxima.<br />Não a morte física, mas a real, aquela que é a negação da vida.<br />O nó de Susana começa aqui.<br />É uma fugitiva, como nós.<br />Ela caiu na fuga.<br />O aborrecido é aquele que visceralmente sente repulsa pelo estado que pára o tempo alongando-o como se fosse uma paragem da e na vida. Perda de valioso...tempo.<br />Tempo e tédio, eis o eterno.<br />(continua)<br /><br />Viúva profissional - parte II<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/xjQtMioX6z4&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/xjQtMioX6z4&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Quando penso em ti com mais força, sei que é porque estás a pensar em mim.<br />Em relação a ti, tudo o que seja menos que tudo é nada.<br />O teu cheiro, o teu sabor, a tua língua, os teus braços.<br /><br />Lembro-me desses nossos momentos fugazes como lágrimas na chuva.<br />Tenho post its espalhados pela casa e no pára-brisas do carro, lembretes para não me esquecer de respirar.<br /><br />Copo atrás de copo, bebo este malte tão velho quanto o meu amor, na esperança que após o engolir o sabor da tua boca já não esteja na minha...debalde...como fantasma residente que se recusa a aceitar que morreu.<br /><br />Escrevo-te e para ti escrevo. Escrevo-te pelas barras de uma rima.<br />A tua língua...<br />A tua língua é o mais fascinante isco no mar, irresistível, para peixes incautos como, eu que ao verem tal isco ao sabor das correntes que não são vistas, vai sôfrego tentar beber a doce saliva que ontem provei, só para ser surpreendido por um peixe enorme e carnívoro, oculto sobre o fundo arenoso, com o artefacto enganador ondulante, ironicamente alguns milímetros acima da doce boca.<br /><br />Escrever é um minete. Eu gosto de fazer, tu gostas de receber.<br />No entanto estamos os dois à sombra, no Sol do anonimato.<br /><br />Nós, na tua cama, mascamos folhas de louro, fazemos duas coroas com o que sobra, coroamo-nos como rei e rainha de uma timocracia de paixão.<br /><br />Na praia perto de tua casa apeteceu-me mergulhar na água. Tirei as minhas roupas, e contei-te que os antigos gregos faziam a lavoura desnudos copulavam com a terra em charquinhos de pequeno esperma, e com as mulheres sobre a terra aberta ainda quente, em orgias de mosto e fertilidade.<br /><br />Desejei erguer um templo assim, mas somente me deixaste projectar a sombra de uma forca.<br />O ocaso levou-te para longe de mim, e a sombra do infinito veio fazer-me frio de novo.<br /><br /><br /><br />Tempo e tédio, eis o eterno.<br />O movimento amoroso nas nossas vidas é uma cópula.<br />Uma cópula é um movimento mecânico de contraste entre dois órgãos de dois corpos diferentes. Um reclama em gritos de uníssono o outro. Pede-lhe a falta para voltar a gritar pelo outro desesperadamente.<br />Assim com as paixões, que madrastas são ondas hertzianas tudo absolutizando à sua passagem.<br />Precisamos da falta do nosso amor para o desejar ainda com mais força e lágrimas nos olhos de o termos repelido, só porque o quisemos sentir longe para o sentir ainda mais perto.<br /><br /><br /><br />Nenhum juiz daria a justificação de um divórcio com base no tédio que a mulher causa no marido.<br />O Sol deita-se em tons de mel.<br />A força motriz não é a criação, a criação é a resposta à força motriz que é o aborrecimento.<br />É como o fluxo e refluxo das marés, inolvidável, rítmico, quase eterno.<br />O pêndulo das nossas vidas é lembrado na hora da nossa morte, apenas porque os ponteiros são os nossos braços de infante querendo colo, e as horas, os nossos amores.<br /><br />O homem não é um animal social, a não ser que seja um animal de caça, necrófago e canibal. Todos os humanos são aborrecidos, aborrecem-se a eles e aos outros.<br /><br />Os que a si próprios se aborrecem, divertem os outros.<br />Entreter o outro é a mais aguda forma de me aborrecer a mim, onde só posso acabar por morrer, passivamente, por fastio ou dar um tiro nos cornos só por curiosidade.<br /><br />Só, na minha secretária, é fácil com o teu silêncio pedir letras. Mas elas saem-me da carne, e se eram tónico antes do toque da tua carne, agora são cílios que laceram a minha, com a lâmina da distância.<br /><br />Apostola do entusiasmo vazio navega pela vida com uma interjeição nos lábios, faz de missão ser entusiástica e alegre onde quer que esteja especialmente para que os outros vejam, está presente em todo o lado e disso faz questão. O aborrecimento sustém-se do nada que liga a existência e as vidas. O sentimento de tontura é o mesmo que quando olhamos da borda de uma varanda muito alta, e o abismo parece chamar-nos para si.<br />Cansamo-nos de viver em chão argiloso e mudamo-nos para chão arenoso. Cansamo-nos do campo, vamos para a cidade. Cansamo-nos da Pátria vamos para o estrangeiro.<br /><br />Fartamo-nos de uma mulher, dedicamos doravante amor a todas, sozinhos no nosso peito. Magoamo-nos com um homem, queimamos o chão tenro e pulsante de irrigar sangue, para que mais nenhum lá subsista.<br /><br /><br />Passei o dia a tentar vir à superfície. Mergulhei tão fundo na toca do coelho que agora para saber onde é o cima ou o baixo, tenho de chorar para ver para onde corre a lágrima.<br />Lágrima de alegria porque já morei na tua boca.<br />Se nada faz sentido, é porque ainda ando a tentar apanhar o equilíbrio e a perceber o porquê do fascínio.<br />Como o sabor acre de uma garrafa de velho líquido de malte.<br /><br />Viúva profissional - parte III<br /><br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/avwxZX_pYXU&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/avwxZX_pYXU&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Em papel espalhei letras em orgias<br />Encostadas, juntas, separadas por vírgulas, traços<br />Travessões<br /><br />Transe de quem mal dorme<br />Por escrever sempre o mesmo<br />Um caminho para o teu nome<br /><br />Agora por folhas de papel ancião<br />Continua a tinta a jorrar<br />Porque não é por se ter cantado a canção<br />Que uma música se deixa de assobiar.<br /><br />O teu corpo é outro papel onde escrevo as cartas de amor para ti.<br /><br /><br /><br />Viúva profissional - parte IV<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/1q-k-uN73Gk&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/1q-k-uN73Gk&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br /><br />Pêndulo.<br />É verdade, de verdade às vezes apetece-me chorar.<br />Dir-se-à «Que frescura...», pois que a vida é assim e um homem não chora.<br />O problema é quando começamos a ser tão rebeldes, que a própria variação permitida como aceitável para o que a vida poderia ser deixa de ser suficiente, um pouco como dois amantes que já nem sabem o que descobrir um do outro.<br />A ideia de que as coisas poderiam ser bastante diferentes, arde nos toros de que isso resolveria os sofrimentos que passámos nesta vida...será isso uma espécie de renúncia?<br />Claro. Só o rebelde renuncia.<br /><br />E no fim, e no fim de contas, é só em solitude que nos encontramos.<br />Beijando o nosso reflexo no espelho que ninguém encontramos que nos ature e adore a não ser por não ter mais nada por que viver.<br /><br />E tudos os sonhinhos, ilusõesinhas, os pormenores acabam por ser espinhos pequenos e pedras em sapatos, que nos lembram o quão balançados estivemos para qualquer lado.<br />Com essa entrega sentimo-nos ludibriados.<br />É isso que no fim levamos daqui, um sentimento de termos sido enganados só porque gostávamos que as coisas tivessem sido diferentes. Dói, mas é a parte que não renuncia à felicidade, ainda que amargue.<br />A torre mais alta dela, que não permite dar o coração ao seu mancebo adiado, é aquela em que já tem a desconfiança entranhada. Sem esperança deambula na expectativa, mas nunca no sonho, de encontrar um homem a quem amar, mas no entanto acreditando no amor.<br /><br />Só a falta de força justifica o cálculo.<br /><br /><object width="425" height="355"><param name="movie" value="http://www.youtube.com/v/cGxOUezyCms&hl=pt-br"></param><param name="wmode" value="transparent"></param><embed src="http://www.youtube.com/v/cGxOUezyCms&hl=pt-br" type="application/x-shockwave-flash" wmode="transparent" width="425" height="355"></embed></object><br /><br />JCNF<blockquote></blockquote>Unknownnoreply@blogger.com0