20110813

Dérviche




Susana, és um ser perdido em ti próprio sonhando que se perde em outros.
Os beijos que de mim saíram levavam o código postal do carinho mais profundo.
Desconfiados do número da porta ainda assim.

Nunca saberemos embora saibas porque pensas saber à boca cheia que conheces o Jogo, presa nos teus conceitos e certezas baseadas na tua interpretação das tuas experiências.
No fundo és como as sombras que tomam emprestada a sua existência de algo que lhes tapa a luz, e assim és mais rica em mim que nos dias em que acordas e te sentes tu.

Nas falsidades de ambos jogando o monopólio como crianças testa a testa nos testámos lábios nos lábios olhos nos olhos, fingindo não fingir o olhar com que nos olhávamos.

Jogando Uno em carruagens de comboio até à Covilhã.
Onde me custou a representação de corno bravo enquanto te carregava como saco de batatas inerte e vomitante, pelo ombro pela cidade abaixo. Achei deliciosas todas as tuas diabruras noite dentro, sem saber contudo como reagir.
Pensava apenas, que excelente caso de natureza humana muito além das minhas barreiras de protecção e separadores centrais. Nessa noite através de ti tive o encontro amoroso mais íntimo comigo próprio.

No meio dos teus olhos ébrios ainda te computando e analisando meu comportamento.
A mais genuína memória de ti, um hino.

Continua a descansar em paz, Susana Pascoal.

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